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Carlos Gomes Júnior vai representar a Guiné-Bissau na cimeira da CPLP

14 de junho de 2012

Em entrevista exclusiva à DW África durante visita a São Tomé e Príncipe, primeiro-ministro deposto da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Júnior, afirmou que ele é o "chefe de governo legitimamente eleito".

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Carlos Gomes Junior, primeiro-ministro deposto da Guiné-Bissau
Carlos Gomes Júnior, primeiro-ministro deposto da Guiné-BissauFoto: picture-alliance/dpa

Carlos Gomes Júnior teve encontros com os mais altos dirigentes de S. Tomé e Príncipe, nomeadamente: o Presidente da República, Manuel Pinto da Costa e o primeiro-ministro, Patrice Trovoada. Em entrevista exclusiva à DW África, Carlos Gomes Júnior falou sobre a representatividade do seu país ao nível internacional e apelou a uma maior união entre os africanos.

DW África: Aproxima-se a cimeira da CPLP, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, que será realizada a 20 de julho. Quem vai representar a Guiné-Bissau?

Carlos Gomes Júnior (CGJ): Naturalmente, o governo legítimo da Guiné-Bissau.

DW África: Nesse caso o senhor?

CGJ: Naturalmente, porque eu sou o primeiro-ministro e o chefe de governo legitimamente eleito.

DW África: Enviou uma carta ao secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-Moon, pedindo a instalação de uma comissão internacional sobre o golpe de Estado de 12 de abril. Que consequências teve essa iniciativa?

Carlos Gomes Júnior, primeiro-ministro deposto guineense, durante a primeira volta das eleições presidenciais (18.03.12)
Carlos Gomes Júnior, primeiro-ministro guineense deposto, durante a primeira volta das eleições presidenciais (18.03.12)Foto: AP

CGJ: Na nossa estada em Nova Iorque, concretamente no Conselho de Segurança, solicitamos a criação de uma comissão internacional da qual fariam parte todos os parceiros de cooperação da Guiné-Bissau, para analisar a situação vigente no país. Tem de ser analisada com uma certa celeridade. E nós temos um programa de governação. Termina em novembro o nosso mandato e gostaríamos, efetivamente, de concretizar todos os compromissos que temos com a comunidade internacional. Portanto, penso que haverá todo o interesse, de toda a comunidade, que se resolva o mais rapidamente possível a situação na Guiné-Bissau.

DW África: Acredita na reposição da legitimidade democrática na Guiné-Bissau?

CGJ: Naturalmente. Essa tem sido a posição das Nações Unidas. E ainda hoje (14.06) recebemos a notícia de que o Parlamento Europeu, através da proposta que tinha sido apresentada pelos parlamentares, nomeadamente pelo senhor deputado Diogo Feio e pela deputada Ana Gomes, aprovou, por larga maioria, [uma resolução] em que se exige o retorno à legalidade constitucional.

DW África: Como é que vê o papel da CEDEAO, a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental, neste processo?
CGJ: Entendemos que houve meia dúzia de países que utilizou o nome da CEDEAO para conseguir os seus intentos, os seus projetos pessoais. A maioria dos países daquela organização sub-regional está contra essa posição da CEDEAO. A nossa independência foi conquistada com muito sacrifício do nosso povo, ao longo de 11 anos de guerra. E não nos sujeitamos a que um ministro da Nigéria dê posse ao Presidente da República da Guiné-Bissau. Isso é um insulto, não só para a Guiné-Bissau, mas para a África.

DW África: Tem feito um périplo por vários países africanos. Tem como objetivo conseguir o apoio de vários Estados junto da ONU para tentar encontrar uma solução para a Guiné-Bissau?

Reunião da CEDEAO sobre a crise na Guiné-Bissau, a 26 de abril de 2012
Reunião da CEDEAO sobre a crise na Guiné-Bissau, a 26 de abril de 2012Foto: Reuters
Serifo Nhamadjo, primeiro-ministro interino na Guiné-Bissau, nomeado pela CEDEAO
Serifo Nhamadjo, primeiro-ministro interino na Guiné-Bissau, nomeado pela CEDEAOFoto: picture-alliance/abaca

CGJ: Eu penso que a África tem de falar a uma só voz. Nós temos organismos próprios, temos parceiros e devemos passar uma mensagem de unidade entre os africanos, de defesa dos interesses do nosso povo. Não podemos pensar que meia dúzia de dirigentes, que está ligada ao narco-tráfico e ao crime organizado, venha desestabilizar e que faça uma propaganda com uma má imagem nossa. Eu penso que há dirigentes africanos sérios e que vamos continuar a lutar na base das nossas organizações como a CEDEAO, a União Africana e a CPLP. A luta há-de continuar.

Autora: Edlena Barros (S. Tomé)
Edição: Glória Sousa / António Rocha

14.06.12 Ent.Exclusiva-C.Gomesz-DW - MP3-Mono

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