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Cabo Verde em crise económica

12 de outubro de 2011

Com uma economia aberta dependente do exterior, particularmente do espaço europeu, Cabo Verde está a sentir os efeitos da crise financeira internacional. A análise é do antigo Governador do Banco Central, Olavo Correia.

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Também em Cabo Verde se sente a criseFoto: picture-alliance/dpa

Olavo Correia, antigo Governador do Banco de Cabo Verde, hoje presidente da Associação Cabo-verdiana de Promotores Imobiliários Turísticos (PROMITUR) e a ministra das Finanças, Cristina Duarte, concordam num aspeto: a crise tem tido impacto em Cabo Verde desde 2008. No entanto, a ministra Cristina Duarte advoga que apesar de estar a ser afetada pela crise internacional, a economia cabo-verdiana não está em crise. "Não estamos em crise, porque tomamos as medidas certas, no momento certo e nas doses certas".

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O país continua a apostar na sua principal fonte de rendimento: o turismo. na imagem: Stand de Cabo Verde na Feira Internacional de Turismo em Berlim (2011)Foto: DW/Krieger

Onde se sente a crise

Olavo Correia contrapõe este argumento afirmando que "a nível macro-económico não houve uma compreensão automática" da crise por parte do governo caboverdiano. Olavo Correia enumera alguns aspetos que, a seu ver, mostram que Cabo Verde está em crise: "Em primeiro lugar tem havido uma redução muito forte do investimento direto estrangeiro".

Até mesmo a procura de imóveis no mercado imobiliário turístico, que tinha tido um grande impacto na dinâmica do crescimento económico do país, está "estagnada, o que tem consequências a nível do emprego". Olavo Correia acrescenta ainda que o acesso ao financiamento a empresas é "cada vez mais difícil e mais restrito", tal como "o acesso ao governo tem sido cada vez mais dificultado."

Restrições orçamentais

Olavo Correia avisa que Cabo Verde vai viver nos próximos três anos grandes restrições orçamentais. De acordo com o antigo governador do Banco Central, o país fez recentemente uma estimativa r"eduzindo a perspetiva de crescimento económico para valores na ordem dos 5%, quando tinha uma perspetiva anterior na ordem dos 6%".

Cristina Duarte reconhece que durante o primeiro semestre de 2011 houve uma "diminuição em cerca de 27% do investimento direto estrangeiro", fluxo importante a nível "da nossa balança de pagamentos."

Instrumento de combate à crise

A ministra das Finanças coloca as suas esperanças no Orçamento do Estado de 2012 como uma luz ao fundo do túnel. "O primeiro objetivo é que [o orçamento] continue a ser o instrumento mais importante de combate à crise internacional", afirma.

No entanto, Cristina Duarte apela à compreensão dos cabo-verdianos dizendo: "Estamos num período de contenção de despesas. Eu acho que as famílias cabo-verdianas têm de compreender isto."

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"Os cabo-verdianos têm de compreender" que o país está num período de contenção de despesasFoto: DW-TV

Autor: Nélio dos Santos (Cidade da Praia)

Edição: Carla Fernandes/Marta Barroso