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Antigos trabalhadores de Angola na ex-RDA reivindicam maior compensação

Cristiane Vieira Teixeira / Berlim8 de maio de 2014

Dezenas de angolanos que trabalhavam na extinta República Democrática Alemã, RDA, saíram às ruas de Berlim, capital da Alemanha, para protestar contra o seu tratamento pelo Governo de Angola.

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Foto: DW/C. Vieira Teixeira

Insatisfeitos com as compensações pagas pelo Governo Angolano, os angolanos dirigiram-se, na quinta-feira, 8 de maio, à porta da Embaixada daquele país, para pedir novos valores. A manifestação partiu do Alexanderplatz, no centro da capital alemã, de onde seguiu até à embaixada de Angola.

Os angolanos rejeitam um acordo assinado, em fevereiro de 2011, entre o ministério angolano da Administração Pública, Emprego e Segurança Social (MAPESS) e os representantes dos ex-trabalhadores em Luanda. Segundo o documento, cada um deles teria a receber o correspondente a 12.480 dólares, para além de uma reforma no valor mensal de 450 dólares, a partir dos 50 anos de idade. A associação Angogermany, que representa os ex-trabalhadores na diáspora, seria dissolvida.

Exigências de 205.931 dólares por pessoa

Demonstration Angolaner in Berlin
Angolanos em Berlim reivindicam pagamentos mais elevados a Luanda pelo tempo em que trabalharam na extinta RDAFoto: DW/C. Vieira Teixeira

Muitos dos ex-trabalhadores já receberam o pagamento. Mas Miguel Cabango, coordenador da associação Angogermany, diz que os ex-trabalhadores não reconhecem a dissolução da associação, e explica o ponto da discórdia: “É verdade que assinámos esse papel do dinheiro que levantámos. Mas consultámos especialistas e chegámos à conclusão que não são os 12.000 (dólares) que vão trazer uma solução definitiva. Porque a solução definitiva está no processo que foi entregue na Assembleia Nacional”.

De acordo com Cabango, no novo dossier os ex-trabalhadores exigem o pagamento de 205.931 dólares por pessoa. A soma baseia-se no salário mensal que auferiam na ex-RDA, que era nas palavras de Cabango “entre cinco a sete mil marcos da antiga RDA”. A conversão para dólares, diz o responsável, dá a soma de “3.500 ou 3.800. Pode-se dizer que era um salário alto, mas foram acordos que foram feitos entre dois países. Tendo em conta que as famílias foram abandonadas num país estrangeiro, então, esta seria uma compensação”.

Muitos angolanos já receberam o pagamento

Demonstration Angolaner in Berlin Miguel Cabango
Miguel Cabango, coordenador da associação, Angogermany, rejeita o acordo previamente firmadoFoto: DW/C. Vieira Teixeira

As negociações entre os ex-trabalhadores angolanos na antiga RDA e o Governo Angolano em torno do pagamento das compensações tiveram início em 2004. David André era, na altura, o presidente da Angogermany, que tinha registo de 327 ex-trabalhadores na diáspora. André garante que 282 de entre eles receberam os 12.480 dólares. Diz ainda estar “satisfeito” com o acordo “porque fui pessoalmente discutir”. E acrescenta: “No princípio nós pensávamos em receber tudo de uma vez. Por isso chegámos aquele valor tão elevado. Mas depois o Governo esclareceu o motivo porque deveríamos receber os 12.480 dólares cada um, o que também o nosso advogado defendeu, para que tivéssemos uma reforma, como compensação do tempo que nós perdemos”.

David André não concorda com as manifestações por novos pagamentos: “Apelo aos meus colegas que já receberam os seus valores que se preocupem em se inscrever no sistema de segurança social em Angola. Porque o tempo que foi definido para a inscrição já está a terminar, e depois terão dificuldade em encontrar uma oportunidade para se inscreverem.”

Reivindicações indignam autoridades angolanas

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Em resposta às manifestações, a Embaixada de Angola em Berlim divulgou uma nota em que considera “irresponsável a atitude dos promotores dessas manifestações, porquanto nas reuniões realizadas com a Angogermany, a única colectividade reconhecida tanto pelo Estado alemão como pelo angolano, ficou claro que o Governo angolano honrou com o seu compromisso quanto às compensações a atribuir a esses trabalhadores”. Ainda segundo o documento, a embaixada de Angola na Alemanha repudia “a atitude de abandonar o processo encetado com o consenso de todos”, qualifica as manifestações como “propaganda enganosa” e diz que os mentores das mesmas “deverão ser responsabilizados”.