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Angola e os efeitos da revolução no Egito

16 de fevereiro de 2011

Com a queda de vários regimes árabes e africanos, devido a longos mandatos de governantes, violação dos direitos humanos e pobreza, pregunta-se agora se Angola vai seguir o exemplo da Tunísia e do Egito.

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José Eduardo dos Santos, presidente de AngolaFoto: picture-alliance/ dpa

Com um contexto diferente, mas quase os mesmos anos no poder (31 anos) que certos presidentes agora criticados, a situação angolana mostra-se sensível para o MPLA - Movimento Popular de Libertação de Angola -, partido no poder. Agora, vozes da política e da sociedade civil em Angola procuram comparar a situação da queda de regimes totalitários no norte de África, com a realidade no país.

O secretário para a informação do MPLA, Rui Falcão, foi claro ao afirmar que tem "dúvidas que isso seja possível". Falcão, considera que, apesar das muitas insuficiências, a democracia em Angola está a consolidar-se.  

Mas a jovem jurista Mihaela Weba, não tem dúvidas que a imagem do presidente angolano não está imaculada porque "quem fica 30 anos no poder num sistema que se diz democrático é ditador", diz.

Bürgerkrieg Angola 1993
Guerra civil em Angola (1993); Soldados do regime recuperaram a cidade do Dondo ocupada pela UnitaFoto: dpa

José Eduardo dos Santos nunca foi eleito. O actual presidente angolano chegou apenas a disputar com o falecido Jonas Savimbi uma eleição directa em 1992, mas logo depois o país voltou a entrar em guerra e nunca mais houve eleições presidenciais.

O presidente do Observatório Económico e Social de Angola, Fernando Pacheco, diz que há um certo fatalismo na análise da realidade angolana. Ele recusa-se a "descarregar a responsabilidade de tudo o que acontece de mal no país sobre o partido que sustenta o poder." Enquanto Rui Falcão, o porta-voz do partido que governa Angola, afirma que José Eduardo dos Santos é quem "garante a estabilidade no país".

Mas por outro lado, Justino Pinto de Andrade, professor universitário e analista político, considera que os "ventos de mudança" que vêm do norte de África podem atingir também outras áreas do continente mas "os efeitos não têm de ser imediatos."

Manifestações pacíficas, algumas espontâneas, têm sido impedidas pela polícia nacional em todo o país. A cultura do medo e os traumas de guerra, que terminou há nove anos, são apontados como aspectos que impedem os angolanos de exercer uma maior pressão sobre o governo.

Autor: Manuel Vieira (Luanda)
Revisão: Carla Fernandes/ António Rocha

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