1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Aministia Internacional preocupada com a Síria

15 de dezembro de 2011

Para a organização não-governamental, Amnistia Internacional (AI), a "Primavera Árabe" é um encorajamento para a luta pelos direitos humanos. Mas o balanço é misto, sobretudo devido à situação na Síria.

https://p.dw.com/p/13SVy
PK von Amnesty International zum Tag der Menschenrechte 2011: von links nach rechts Ruth Jüttner (Amnesty-Expertin für Nordafrika, den Nahen und Mittleren Osten), Wolfgang Grenz (Generalsekretär von AI) und Ferdinand Muggenthaler (Pressesprecher von AI); Dezember 2011; Copyright: DW/Bettina Marx
O secretário-geral da Amnistia Internacional, Grenz (ao centro), e a especialista, Ruth Jüttner, fizeram um balanço da Primavera ÁrabeFoto: DW

Wolfgang Grenz, diretor-geral da Amnistia Internacional na Alemanha, afirma que ainda é cedo para avaliar os resultados das transformações. Os desenvolvimentos variam muito de país para país, acrescenta, salientando no entanto, que os manifestantes da Tunísia à Síria têm uma causa comum: o respeito dos direitos humanos: "A advogada e ativista dos direitos humanos síria, Razan Zeitouneh, descreveu de modo certeiro aquilo que os manifestantes pretendem: viver com dignidade, e não ser tratados como súbditos”. Grenz lembra ser esse o ideal no qual se baseia a Declaração dos Direitos do Homem, que começa por afirmar que “a dignidade humana é inalienável".

Como a confirmar a falta de liberdade que se vive na Síria, a entrega oficial dos prémios Sakharov, em 14 de dezembro de 2011, com o quais o Parlamento Europeu distinguiu sobretudo ativistas do mundo árabe, ficou marcada pela ausência de dois dos cinco laureados: precisamente a advogada síria Razan Zeitouneh, referida por Grenz, e o caricaturista sírio Ali Farzat. Ambos foram impedidos de se deslocarem a Estrasburgo devido à situação que se vive no país, onde a contestação popular ao regime do Presidente Bashar al-Assad tem sido reprimida com grande violência, que já resultou em cerca de 5.000 mortos.

Logo Sacharow-Preis (für geistige Freiheit) 2011
O Prémio Sakharov 2011 distingiu cinco activistas da Primavera Árabe

Tortura nas prisões sírias é comum

Além de Zeitouneh e Farzat, o Sakharov 2011 foi ainda para o tunisino Mohamed Bouazizi - que recebeu o prémio a título póstumo -, a ativista egípcia Asmaa Mahfouz e o dissidente líbio Ahmed al-Zubair Ahmed al-Sanusi.

No balanço anual da situação dos direitos do homem que recentemente fez em Berlim, a AI alemã critica severamente o regime sírio. O secretário-geral, Grenz, avançou que a organização documentou a morte de 3300 civis, entre o quais 200 crianças. Mas, defende, é provável que o número seja mais elevado. A tortura nas prisões é comum, e os médicos que tentam ajudar e acudir aos manifestantes feridos são ameaçados. A Amnistia exige das Nações Unidas que encarregue o Tribunal Penal Internacional de abrir um inquérito contra o Presidente Bashar al Assad e o seu governo.

This image from amateur video made available by the Ugarit News group on Monday, Dec. 12, 2011, purports to show security forces in Daraa, Syria. (Foto:Ugarit News Group via APTN/AP/dapd) THE ASSOCIATED PRESS CANNOT INDEPENDENTLY VERIFY THE CONTENT, DATE, LOCATION OR AUTHENTICITY OF THIS MATERIAL. TV OUT
As Nações Unidas falam de 5000 opositores sírios mortos pelas forças de segurançaFoto: dapd

Imunidade oferecida ao presidente iemenita criticável

Por seu lado, a especialista da AI em assuntos do Médio Oriente, Ruth Jüttner, referiu à situação no Iémen, que considerou pouco clara. Neste país, o Presidente Ali Abdullah Saleh aceitou recentemente um compromisso apresentado pelo Conselho de Cooperação do Golfo, que prevê que abandone o cargo em fevereiro. Mas, diz a especialista: “a nossa crítica a este acordo é a alegada promessa feita a Saleh e restantes governantes de que gozarão de imunidade e não terão que responder por eventuais violações dos direitos humanos”. Trata-se de um “erro enorme”, diz a especialista, salientando que a experiência noutros países demonstra que se não for esclarecido o passado autocrático, a reconciliação e a construção de um estado onde se respeitem os direitos humanos “são muito mais difíceis".

A AI criticou igualmente o Governo alemão, considerando que, no passado, a sua política de direitos humanos no exterior, sobretudo nos países árabes, careceu de credibilidade. Durante muitos anos, a Alemanha forneceu armas a regimes autoritários. No quadro da luta antiterrorista, Berlim entregou prisioneiros à Síria e ao Egito, apesar de saber que estes seriam provavelmente torturados e submetidos a julgamentos injustos. O governo alemão só muito tarde saudou a revolução árabe, sem, no entanto, alterar a sua política, diz a AI.

In this photo released by the Syrian official news agency SANA, Syrian President Bashar Assad waves to his supporters after he attended the prayer of Eid Al Adha, at the al-Nour Mosque in the northern town of Raqqa, Syria, on Sunday, Nov. 6, 2011. Syrians in the restive region of Homs performed special prayers for a major Muslim holiday to the sound of explosions and gunfire as government troops pushed forward their assault on the area, killing at least several people Sunday, residents and activists said. (AP Photo/SANA) EDITORIAL USE ONLY
O Presidente sírio, Bashar al AssadFoto: AP

Berlim acusado de planear exportação de armas para a Arábia Sudita

Tudo indica, inclusive, que Berlim se prepara para exportar mais veículos armados para a Arábia Saudita. Por isso, a Amnistia Internacional exige que o respeito dos direitos humanos passe a ser uma condição para a exportação de armas. Nas palavras de Grenz: “É importante que os processos se tornem mais transparentes. Ou seja, quando uma exportação for autorizada, o Governo tem que explicar em que medida foi tido em consideração o critério dos direitos humanos".

Apesar do balanço misto, a Amnistia Internacional considera o movimento árabe de protestos um encorajamento, do qual resulta também um compromisso. Os ativistas sentem-se encorajados porque a reivindicação pelo respeito dos direitos do homem atravessou todas as camadas da sociedade. E consideram ser o seu dever continuar a apoiar aqueles que lutam pelos seus direitos.

ARCHIV: Ein Kampfpanzer vom Typ Leopard 2 faehrt bei Munster auf dem Truppenuebungsplatz Bergen bei einer Gefechtsvorfuehrung durch einen Wassergraben (Foto vom 06.09.10). Der geplante Verkauf von deutschen Panzern an Saudi-Arabien stoesst bei der Opposition sowie ausserhalb des Parlaments auf scharfe Ablehnung. (zu dapd-Text) Foto: David Hecker/dapd
A Amnistia Internacional condena a exportação de material bélico alemão para países autocráticosFoto: dapd

Autora: Bettina Marx
Edição: Cristina Krippahl/António Rocha