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Prestação de serviços é futuro do mercado de trabalho alemão

Karin Kails (av)25 de dezembro de 2005

As manchetes foram extremamente negativas para o mercado de trabalho, em 2005. Porém isso pode ser apenas o sinal de uma nova estruturação: para longe da indústria, em direção à prestação de serviços.

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Grandes montadoras cortaram 27 mil empregosFoto: AP

Os empresários alemães cortaram milhares de postos de trabalho em 2005. Sozinhas, as três grandes montadoras Opel, Volkswagen e Mercedes pretendem reduzir de forma duradoura seus quadros em 27 mil vagas.

É possivel, contudo, esses números não signifiquem uma irrefreável tendência descendente, mas sim uma mera restruturação do mercado de trabalho a longo prazo.

Tradição industrial

A Alemanha se distancia de sua tradicional alta taxa de ocupação no setor industrial, diagnostica Martin Werding, especialista em mercado de trabalho do Instituto de Pesquisas Econômicas (IFO). O processo é mais acelerado do que em outros países, pois muitas firmas alemãs estão paralelamente transferindo sua produção para o exterior.

Segundo um estudo do Instituto de Pesquisas sobre Mercado de Trabalho e Profissões (IAB), até 2020 o país haverá perdido um milhão de vagas de trabalho, a maior parte dos quais, na área de processamento. A proporção dos empregados neste setor cairá de 20% da população ativa, em 2000, para pouco mais de 15%, em 2020.

Defasagem na prestação de serviços

Ainda segundo este modelo, enquanto a agricultura e a indústria perdem peso, crescem as possibilidades no ramo de prestação de serviços. "Sobretudo os serviços ligados à indústria ou voltados para firmas deverão se revelar segmentos dinâmicos", afirma Gerd Zika, um dos autores do estudo.

Ainda segundo este, em 2000 as prestações de serviços para empresas e similares representavam pouco mais de um terço dos postos de trabalho, em 2020 elas ocuparão 45%. Entretanto, na opinião de Werding, na Alemanha ainda há pouquíssimos empregos nessa área, em comparação com outros países.

São dois os motivos dessa defasagem. Por um lado, o país era tradicionalmente especializado na produção industrial; por outro começou relativamente tarde com a restruturação. A Inglaterra, por exemplo, já vinha apostando há anos na prestação de serviços para a área financeira.

Seguro-desemprego desestimula baixos assalariados

Na opinião do perito em questões do mercado de trabalho, a prestação de serviços pode ser a chave para reduzir as quotas de desemprego. Isso se aplica sobretudo à mão-de-obra pouco qualificada, como é o caso da maioria dos desempregados.

"Porém o setor de rendimentos baixos vem sendo bloqueado em sua expansão", ressalta Martin Werding. Entre as causas estão as formas tradicionais de seguridade social: o seguro-desemprego relativamente alto acaba funcionando como um salário mínimo, influenciando não apenas o segmento de baixos salários, como os demais.

Trabalho de casa para as autoridades

A longo prazo, contudo, poderiam ser criados numerosos postos de trabalho nas áreas de ensino, ciência, cultura e saúde, continua o perito do IFO. Entre outros fatores, o desenvolvimento demográfico oferece perspectivas nesse sentido.

Pois, à medida em que a taxa de pessoas idosas aumentar, crescerá a necessidade acompanhamento médico. No momento, contudo, o trabalho de enfermeiras e acompanhantes é mal pago, apesar de muito necessário e exigente. Isso atrai indiretamente mão-de-obra estrangeira e favorece a economia informal.

Para Martin Werding, este é apenas um dos exemplos de quanto "trabalho de casa" os legisladores ainda têm pela frente, até que se complete a transição para os novos mercados de trabalho, tornando a Alemanha mais atraente do ponto trabalhista e econômico.