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Presidente angolano ausente na cimeira EUA-África

Nelson Sul d'Angola (Benguela) / Lusa4 de agosto de 2014

Obama convidou 50 líderes africanos a viajarem até Washington para discutir estratégias de cooperação, mas José Eduardo dos Santos rejeitou o convite. Angola faz-se representar por vice-Presidente e chefe da diplomacia.

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Foto: Reuters

Dezenas de líderes africanos participam a partir desta segunda-feira (04.08), em Washington, a convite do Presidente norte-americano, Barack Obama, numa cimeira convocada para reforçar a influência dos Estados Unidos em África, perante as investidas económicas da China e União Europeia.

O Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, será o único Chefe de Estado dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) ausente na cimeira EUA-África. O país estará representado em Washington pelo vice-Presidente, Manuel Vicente, e o ministro das Relações Exteriores, Georges Chikoti.

Oficialmente, não são conhecidas as razões por detrás da ausência do Presidente angolano, mas o economista Filomeno Vieira Lopes aventa já duas hipóteses: a possibilidade de José Eduardo dos Santos temer ser confrontado com questões relacionadas com violação de direitos humanos no seu país.

"Os Estados Unidos têm sido um país muito crítico em matéria de direitos humanos", explica o analista, acrescentando que este pode ser "um ponto de fricção", uma vez que, "nesta cimeira, é certo que Brack Obama vai falar sobre esta situação e pode não criar um quadro muito confortável para o Presidente angolano".

Outro motivo apontado por Vieira Liopes seria a recusa de Barack Obama em receber oficialmente o Presidente angolano num encontro exclusivo e bilateral.

"Alvitra-se também que José Eduardo dos Santos gostaria de ter um momento mais privilegiado com o presidente norte-americano, mas a agenda de Obama não o permitiria," diz Filomeno Vieira Lopes.

George Chikoti
Georges Chikoti, chefe da diplomacia angolanaFoto: AP

Questionado sobre se a ausência do Presidente angolano dará uma má imagem ao país, Filomeno Vieira Lopes, que é também secretário-geral do partido Bloco Democrático, responde que o que mais o preocupa "são as relações do Governo com o seu próprio povo".

"Com certeza que o Bloco Democrático também não aprecia muito que Angola tenha um protagonismo internacional muito acima daquilo que faz internamente", critica.

Um erro diplomático?

Por sua vez, o consultor social e coordenador da Organização Humanitária Internacional (OHI), João Misselo da Silva, considera "um erro político e diplomático" a ausência de José Eduardo dos Santos na cimeira EUA-África.

O analista João Misselo da Silva lembra que a presença de José Eduardo dos Santos na cimeira EUA-África se revestia de grande importância diplomática, uma vez que o Presidente angolano teria em Washington a soberana oportunidade de apresentar a sua visão sobre o rumo do desenvolvimento económico, político e militar para a estabilidade de África, já que Angola, detém, atualmente, a presidência dos países africanos da região dos Grandes Lagos, e do Fórum dos PALOP, para além de ser candidata a membro não permanente do conselho de segurança da ONU.

Angola - Vize-Präsident Manuel Vicente
Vice-Presidente angolano, Manuel Vicente, representa seu país na cimeira em Washington, nos Estados UnidosFoto: Getty Images

Nas palavras do coordenador da OHI, "esta seria uma oportunidade de o Governo angolano estar próximo dos líderes africanos e, em conjunto, poderem determinar aquelas que poderiam ser políticas externas em relação aos acordos bilaterais que mantêm com os países ocidentais, incluindo os próprios EUA".

Cooperação, economia e actualidade na agenda do encontro

Os cerca de 50 chefes de Estado e de Governo africanos vão abordar novas estratégias de cooperação com a administração Obama, num encontro aguardado com bastante expectativa, por ser o primeiro do género entre a maior potência mundial e os países do continente africano.

A cimeira, sob o lema "Investir na próxima geração", termina na quarta-feira (6.08) e, até lá, além das ameaças que pesam sobre o continente africano -- os ataques do movimento radical islamista Boko Haram na Nigéria, a guerra civil no Sudão do Sul ou as ofensivas dos rebeldes 'shebab' somalis no Quénia -, a agenda do encontro poderá vir a ser dominada pela epidemia do vírus ébola. Apesar destas questões, a cimeira deverá também ter uma forte componente económica, com um programa centrado nas oportunidades de um continente onde 60% da população tem menos de 35 anos e com perspetivas de crescimento superiores ao resto do mundo (5,4% este ano e 5,8% para 2015, segundo o Fundo Monetário Internacional).

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