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Presidente alemão apela para maior engajamento internacional

Naomi Conrad / Johannes Beck23 de fevereiro de 2014

Em entrevista exclusiva à DW, o Presidente alemão, Joachim Gauck, pede para que a Alemanha seja mais ativa na prevenção e resolução de crises internacionais – em último caso com recurso a armas.

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Joachim Gauck em entrevista à Dagmar Engel da DWFoto: Bundespresseamt/Jesco Denzel

A Alemanha tem que ter maior consciência da sua responsabilidade internacional, disse Joachim Gauck em entrevista exclusiva que concedeu à DW na sua residência oficial em Berlim, o Palácio Bellevue.

Gauck lembrou os tempos em que pessoalmente não quis ser identificado como alemão, devido aos crimes de guerra que a Alemanha cometeu durante a Segunda Guerra Mundial.

Mas a Alemanha mudou e é hoje um país responsável, enfatizou Gauck: "A Alemanha atual não tem nada a ver com a Alemanha entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial."

Segundo Gauck, já não há défices em relação à democracia em comparação com outros países europeus. Pelo contrário, o Estado de Direito, a paz social e a democracia alemães são considerados modelos no estrangeiro, afirma o Presidente.

Por causa destas mudanças, a Alemanha teve de assumir maior responsabilidade no Mundo. No caso do conflito entre o Governo e a oposição na Ucrânia, a Alemanha como o maior país da Europa não pode ficar numa posição passiva, segundo Gauck. Ele pede para que a Alemanha assuma com outros países europeus o papel de moderador nesta crise.

Bundespräsident Joachim Gauck mit Aung San Su Kyi 10.02.2014
A liberdade é uma constante no discurso de Gauck. Na foto um encontro com a nobel de paz Aung San Suu Kyi da Birmânia/MianmarFoto: picture-alliance/dpa

Prevenção de crises

A prevenção de crises – principalmente no caso de conflitos étnicos – é um meio importante das relações internacionais, afirmou Gauck. A Alemanha tem de focar também as crises internacionais em outras partes do mundo, não só no leste da Europa como na Ucrânia, mas também na região do Mediterrâneo.

O papel da Alemanha nestas regiões do Mundo também poderia ser de mediador. Ser um país responsável a nível internacional também poderia significar maior engajamento da cooperacão alemã para prevenir mudanças climáticas ou para aumentar o uso de energias renováveis, opiniou o décimo primeiro Presidente da Alemanha que está em funções desde março de 2012.

Gauck não excluí o uso de armas

Em último caso, a responsabilidade internacional também pode significar o envio de soldados alemães, disse Joachim Gauck: "Esta Alemanha adulta, que é um garante para a estabilidade e a democracia, não se pode esconder!"

O uso de armas não é positivo, sublinhou Gauck. "Mas às vezes é pior quando os bons escondem as suas armas e os maus continuem a usar as suas armas." Na Bósnia ou no Ruanda ficou evidente para Gauck quais são as consequências da não-intervenção militar internacional. Intervir militarmente não significa demonstrar a potência militar alemã, mas sim solidariedade internacional, disse o Presidente da Alemanha na sua entrevista exclusiva à DW.

Nos últimos meses, o debate sobre um maior engajamento militar da Alemanha no estrangeiro intensificou-se devido a participação de soldados alemães nas intervenções francesas no Mali e na República Centro-Africana.

Migração em debate

Em relação à discussão sobre a imigração na Alemanha, Gauck acha que não há razões para ter medo da imigração. Antes pelo contrário, Gauck vê muitas razões pelas quais os alemães deveriam ficar contentes com o fluxo migratório ao seu país. Na prespetiva do Presidente da Alemanha, os novos cidadãos enriquecem a cultura do país e tornam o sistema de segurança social alemão mais sustentável, pois são mais jovens do que a população da Alemanha.

Gauck DW Interview 21.02.2014
Entrevista de Gauck à DW no Palácio Bellevue em BerlimFoto: Bundespresseamt/Jesco Denzel