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Migração e Desenvolvimento

21 de novembro de 2007

Estudo apresentado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), nesta semana, revela que política de migração e de desenvolvimento nem sempre estão em harmonia.

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Migração de mão-de-obra especializada pode ser bom para todos, afirma OCDEFoto: picture-alliance/dpa

Segundo estudo apresentado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) nesta semana, em Berlim, a migração pode se tornar um importante fator de combate à pobreza nos países em desenvolvimento.

Para tal, é necessário que a imigração seja observada a partir de outro ponto de vista e seja harmonizada, adequadamente, com a política de desenvolvimento. Segundo os especialistas da OCDE, este ainda não é o caso.

Migração traz vantagens

Die Entwicklung in Afrika steht noch aus
Emigrados garantem sustento de suas famíliasFoto: dpa

Um dos autores do estudo, o economista Johannes Jütting, do Centro de Desenvolvimento da OCDE em Paris, explica que a imigração é, freqüentemente, discutida sob o aspecto político e de segurança, ou seja, sob o aspecto das possíveis desvantagens que ela nos traz. Jütting afirma, no entanto, que a migração pode prestar uma contribuição eficiente para reduzir a pobreza nos países em desenvolvimento

Muitos daqueles que deixam seus países para trabalhar no estrangeiro enviam boa parte de seus ganhos para seu país de origem. Segundo a OCDE, esta cifra chega a 200 bilhões de dólares anuais, mais que o dobro da ajuda ao desenvolvimento prestada pelos países que fazem parte da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico.

Principalmente trabalhadores menos qualificados, que assumem empregos simples nos país desenvolvidos, apóiam financeiramente os familiares que não emigraram. Boa parte desta ajuda é utilizada na compra de bens de consumo.

Mão-de-obra qualificada

Observando pelo ângulo da política de desenvolvimento, esta talvez não seja a melhor maneira de se aplicar este dinheiro, explica Dennis Drechsler, analista político da OCDE. Drechsler ressalta, todavia, que tal ajuda garante a sobrevivência de uma família.

No entanto, para que as pessoas nos países emergentes e em desenvolvimento apliquem estrategicamente este dinheiro, por exemplo, na saúde ou na educação, é preciso que sejam criados incentivos, afirma o analista. Ele cita o caso do México, onde, para cada peso aplicado de forma sensata, o Estado contribui com três pesos adicionais.

"Nosso ideal é uma situação onde todos ganhem", afirma Drechsler, ou seja, em que os países industrializados possam cobrir sua deficiência de mão-de-obra qualificada através da imigração e que os países emigratórios também lucrem com o retorno desta mão-de-obra.

Ideal ou ilusão?

Para que este ideal se torne realidade, é necessário um retorno da mão-de-obra qualificada à sua pátria, o que nem sempre é de seu interesse, concordam os autores do estudo, afirmando que, atualmente, os migrantes não têm alternativa.

Integrationsgipfel in Berlin, Integration, Migranten
Imigrantes são necessáriosFoto: AP

Existiriam poucas possibilidades de uma migração temporária para o estrangeiro. Como exceção, Johannes Jütting menciona o exemplo dos trabalhadores caribenhos nos EUA, aos quais é permitida, justamente, esta possibilidade. Eles passam alguns meses trabalhando nos Estados Unidos e voltam aos seus países, sabendo que poderão retornar, mais tarde, novamente aos EUA, sem a obrigatoriedade de fixar residência no país.

Os especialistas da OCDE são de opinião de que ofertas flexíveis, como o "blue card" para atrair mão-de-obra especializada à Europa, estão no caminho certo. No final, todos saem lucrando, a pátria dos migrantes e os países que os receberam, que precisam contrabalancear sua falta de mão-de-obra através da imigração. (cd/ca)