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Política agrícola

Anke Hagedorn (rw)23 de abril de 2008

UE anuncia ajuda milionária a países pobres durante debate sobre a crise mundial de alimentos no Parlamento Europeu. Surtem efeito adaptações na política agrícola do bloco para produção de alimentos.

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UE espera safra maior de grãos em 2008Foto: AP

Já se foi definitivamente o tempo dos alimentos baratos, advertiu nesta terça-feira (22/04) o comissário europeu para o Desenvolvimento e Ajuda Humanitária, Louis Michel. A escalada dos preços só poderá ser contida se forem tomadas medidas rápidas por toda a comunidade internacional, salientou o comissário numa sessão do Parlamento Europeu sobre a crise do preço dos alimentos.

A título de ajuda de emergência, a Comissão Européia prometeu aos países mais pobres uma ajuda de 117 milhões de euros para alimentos. Michel ressaltou, no entanto, serem importantes medidas de longo prazo para fazer frente à crise. Para isso, citou a expansão da agricultura nos países em desenvolvimento.

Durante o debate, foram apontadas falhas na política agrícola da União Européia. Durante décadas, Bruxelas garantiu a estabilidade de preços, comprou excedentes de produção, subsidiou exportações e acumulou enormes reservas.

Isto, no entanto, acabou. Fazem parte do passado as "montanhas de manteiga" e os "lagos de leite", que refletiam os absurdos da política agrícola européia. As reservas da União Européia para instabilidades de mercado foram drasticamente reduzidas. Em 2007, por exemplo, os estoques de manteiga e leite em pó foram completamente gastos. Isto havia acontecido pela última vez em 1968.

A questão dos biocombustíveis

Verdes e entidades ambientalistas voltaram a criticar a meta definida pela UE em 2007, segundo a qual até 2020 um décimo dos combustíveis fósseis consumidos no bloco deve ser substituído por biocombustíveis. Em resposta, Joseph Daul, presidente do Partido Popular Europeu, lembrou que o cultivo de combustíveis vegetais perfaz apenas 2% da produção agrícola na Europa.

Para que atinja a meta prevista até 2020, o bloco de 27 países precisa cultivar apenas 17% de sua área agrícola, lembrou. Daul salientou ainda que esta porcentagem pode ser diminuída substancialmente através do uso de resíduos, como palha ou lodo de esgoto.

Para acelerar a produção de cereais na UE, os ministros da Agricultura haviam decidido em 2007 suspender a obrigatoriedade de deixar de cultivar áreas agrícolas (esta medida havia sido introduzida há 15 anos para evitar a superprodução). Os produtores puderam voltar a plantar todos os seus campos, com o que se espera uma safra de cereais de ao menos 10 milhões de toneladas a mais em 2008.

Isto no entanto não foi suficiente para o Reino Unido, que há vários anos reivindica uma reforma e a liberalização da política agrícola européia. O deputado Graham Watson, líder do Grupo Liberal, exigiu o fim do "protecionismo agrícola e das restrições à exportação". Segundo ele, somente mudanças na política agrícola da União Européia ajudarão a encontrar uma solução para a crise, e não a desistência de utilizar mais combustíveis.