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Polícia impede marcha na Beira contra assassinato de Cistac

Arcénio Sebastião (Beira)6 de março de 2015

A polícia proibiu esta quinta-feira uma manifestação, na cidade da Beira, contra o assassinato do constitucionalista moçambicano de origem francesa Gilles Cistac. Para sábado está agendada uma grande marcha em Maputo.

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Centro da cidade da BeiraFoto: Gerald Henzinger

Organizada por docentes e estudantes de direito da Universidade Católica de Moçambique e do Instituto Superior de Ciências e Tecnologia Alberto Chipande (ISCTAC), a marcha pacífica na Beira pretendia repudiar o assassinato de Gilles Cistac.

O constitucionalista foi morto a tiro na manhã de terça-feira (03.03) por desconhecidos à saída de um café no centro de Maputo. Foi transportado ainda com vida para o Hospital Central de Maputo, onde acabou por morrer.

Gilles Cistac in Maputo erschossen
Gilles Cistac foi morto a tiro na terça-feira (03.03)Foto: A Verdade

Gilles Cistac tinha defendido recentemente que, segundo a Constituição da República, a pretensão da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), o principal partido da oposição, de criar regiões autónomas no país tinha pés para andar.

Na manhã de quinta-feira, a Polícia da Beira mobilizou uma unidade de intervenção rápida com vista impedir a realização da marcha.

A DW África tentou, sem sucesso, obter uma reacção da polícia. Mas fonte daquela corporação indicou que a marcha foi interrompida pelo facto de a cidade da Beira estar a viver "um ambiente estranho", depois de um empresário de ascendência asiática ter sido baleado na quarta-feira (04.03).

Condições de segurança

"Obtivemos um despacho favorável à nossa marcha e imediatamente juntámos ao despacho do presidente do Conselho Municipal o mesmo documento que enviámos ao comando da Polícia da República de Moçambique (PRM)", adianta Paulo Sousa, diretor da Faculdade de Ciências Jurídicas e Criminais do Instituto Superior de Ciências e Tecnologia Alberto Chipande (ISCTAC).

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Porém, na quarta-feira, ao final do dia, "já com as condições logísticas criadas para a marcha pacífica, o comando da PRM disse que a cidade da Beira não estava em condições de albergar uma marcha do género porque estava tudo ainda muito fresco" e a população poderia usar a marcha para "intentos ilegais", conta o responsável do ISCTAC.

Depois do assassinato de Gilles Cistac, garante Paulo Sousa, os juristas não se deixam ameaçar. "Quando vemos circunstâncias de ilegalidade e de violação de direitos fundamentais somos os primeiros a querer desenvolver isso no sentido científico e académico. Não temos receio de nada porque não estamos a fazer nada de errado."

Manifestações de repúdio ao assassinato do constitucionalista estão a ser programadas para outras cidades moçambicanas. Está prevista para este sábado (07.03), em Maputo, uma marcha que deverá partir da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), onde Cistac era docente, e que terminará na Avenida Eduardo Mondlane, local onde o constitucionalista foi assassinado por quatro indivíduos ainda a monte.

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