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Petróleo tem de beneficiar mais angolanos, defende relatório

Regina Cazzamatta / Lusa30 de janeiro de 2014

Em breve, o petróleo fluirá ainda mais em Angola. A Sonangol anunciou o leilão de 10 concessões no "onshore" angolano. Mas há muito a fazer para que as verbas beneficiem toda a população, alertam analistas.

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Foto: MARTIN BUREAU/AFP/Getty Images

Os dez blocos que serão leiloados pela petrolífera angolana Sonangol correspondem a mais da metade das reservas de petróleo já conhecidas no país, anunciou o diretor de Exploração, Severino Cardoso.

"Estes blocos que estamos a licitar, sete na bacia do rio Kwanza e três na bacia do Baixo Congo, apresentam um grande potencial, uma média de 700 milhões de barris cada um", disse Cardoso à agência de notícias Lusa.

As licitações devem ocorrer antes do final do ano e a exploração deve começar em 2015. "Depois de os blocos serem licitados e de as companhia petrolíferas começarem a fazer os estudos geológicos e geofísicos com maior detalhe, os recursos existentes podem aumentar", afirmou o diretor de Exploração. Ou seja, ainda é possível que haja um aumento nas estimativas de ganhos.

Nem todos beneficiam do petróleo

Hauptsitz der Firma Sonangol in Luanda in Angola
Petrolífera Sonangol vai leiloar 10 blocos em zonas terrestres, analistas pedem para ter em conta interesses da populaçãoFoto: AP

Angola está entre os maiores produtores de petróleo da África subsaariana, perdendo apenas para a Nigéria. No entanto, as receitas provenientes do recurso natural não trazem benefícios para a população. Segundo um relatório da Economist Intelligence Unit, é preciso fazer muito mais para que as riquezas do petróleo se traduzam numa melhoria de vida para todos os angolanos.

O "grande problema" é a gestão das riquezas, diz Francisco Filomeno Lopes, secretário-geral do partido da oposição Bloco Democrático. Os benefícios do petróleo vão parar apenas aos bolsos de algumas pessoas, afirma: "Muitas vezes, o Estado, interferindo em relação à companhia nacional, faz com que grandes importâncias acabem depois por beneficiar um certo capital privado, ligado a pessoas do aparelho de Estado."

Filomeno Lopes lembra que as receitas não são aplicadas conscientemente para o desenvolvimento da sociedade.

"A questão está na forma de repartição destes dinheiro", refere. "Hoje em dia, uma grande parte do Orçamento Geral do Estado ainda vai para questões de defesa e segurança. Incentiva a economia, mas beneficiando [apenas] certos investidores privados nacionais. Portanto, não há um grande retorno para a sociedade."

O político angolano defende que é preciso mais dinheiro para a saúde, educação, infraestruturas e saneamento básico, "para termos as condições mínimas para que a sociedade possa viver melhor."

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Transparência

A transparência na gestão desses fundos é outro problema levantado pelo integrante do Bloco Democrático. "Até agora, as companhias não têm declarado as receitas pagas ao Estado angolano", afirma. "Isso é uma coisa absolutamente normal, mas que coloca a questão de se esconder as receitas."

O petróleo no país representa 97 por cento das exportações e 80 por cento da receita fiscal, mas a indústria petrolífera emprega somente 1 por cento da população. Segundo o Banco Mundial, cerca de 70 por cento dos angolanos vive com menos de dois dólares por dia.

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