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Pedida “vontade política” da Guiné-Bissau na luta contra a droga

Braima Darame (Bissau)21 de agosto de 2013

A Comissão de Combate às Drogas na África Ocidental está preocupada com o aumento do consumo de droga na Guiné-Bissau, considerada placa giratória de estupefacientes da América Latina para a Europa e América do Norte.

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O antigo Presidente da Nigéria Olusegun Obasanjo e tropas da CEDEAO em BissauFoto: Braima Darame

Liderada pelo antigo Presidente da Nigéria Olusegun Obasanjo, uma delegação da missão terminou esta terça-feira (20.08) a sua visita de três dias ao país. No balanço desta primeira deslocação à Guiné-Bissau, a Comissão sobre o Impacto do Tráfico de Drogas na Governação, Segurança e no Desenvolvimento da África Ocidental considerou que, nos últimos anos, o transbordo de narcóticos da América Latina através da África Ocidental, nomeadamente da Guiné-Bissau, para a Europa e América de Norte aumentou significativamente.

Grupos de crime organizado estão a operar em solo guineense para garantir a passagem segura de carregamentos de droga pela região e o consumo local destas drogas é já uma realidade no território guineense, adiantou Christine Kafondo, ativista do Burkina Faso em defesa de causas relacionadas com a saúde pública.

Kommission für Drogenbekämpfung in Westafrika
A Comissão de Combate às Drogas na África Ocidental é formada por personalidades do mundo da política, sociedade civil, saúde, segurança e área judicialFoto: Braima Darame

“Depois dos diferentes testemunhos e pontos de vista que nos foram avançados, podemos concluir unanimemente que existe um problema de droga aqui na Guiné-Bissau”, revelou a ativista.

A missão não apresentou números relativamente ao uso de estupefacientes no país, mas conclui “que existem desafios reais, nomeadamente a fragilidade das infraestruturas e das instituições”, disse Christine Kafondo. A delegação internacional pediu ainda “que o país demonstre determinação e vontade política para lutar contra este flagelo".

Recomendações de Obasanjo

A Comissão de Combate às Drogas na África Ocidental é formada por um grupo de personalidades provenientes do mundo da política, da sociedade civil, da saúde, segurança e da área judicial. Em conferência de imprensa em Bissau, o antigo chefe de Estado nigeriano apontou cinco recomendações para as autoridades guineenses seguirem, uma vez que os problemas foram diagnosticados no país.

Pedida "vontade política" da Guiné-Bissau na luta contra a droga

“Este é um problema conhecido pelo Estado e pelos membros do gabinete. E, como dizem os médicos, o diagnóstico já foi feito, o que quer dizer que estamos prontos para chegar a uma solução, para começar o tratamento. E a solução passa exatamente pela vontade política”, sublinhou Obasanjo.

A comissão instou ainda as autoridades do país para redobrarem esforços no sentido de combater firmemente o tráfico de droga que mina o desenvolvimento e desestabiliza por completo um país frágil como a Guiné-Bissau.

Recomendou ainda que o país receba assistência especial da comunidade internacional e que promova estratégias de combate à droga de âmbito regional, com outros países da África Ocidental.

Problema envolve políticos e militares

Observadores relataram à comissão que se reuniu com as forças vivas do país que o problema da Guiné-Bissau é extremamente preocupante ao ponto de várias figuras políticas e militares estarem envolvidos no tráfico de drogas.

Olusegun Obasanjo
A solução para o problema da droga na Guiné-Bissau passa pela "vontade política”, sublinhou Olusegun ObasanjoFoto: Braima Darame

Em abril passado, uma brigada de combate ao tráfico de droga dos Estados Unidos capturou o antigo chefe da marinha guineense Bubo Na Tchuto, acusando-o de tráfico de drogas. Washington manifestou também a intenção de deter o atual chefe das Forças Armadas da Guiné-Bissau, António Indjai, que rejeita todas as acusações.

A Comissão de Combate às Drogas na África Ocidental ainda está a analisar os problemas do tráfico e da dependência, a fim de entregar um relatório oficial e recomendações políticas abrangentes no final deste ano.

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