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Países asiáticos interessados em gás moçambicano

Nuno de Noronha23 de abril de 2014

A exploração de gás natural poderá representar 20% do PIB moçambicano já em 2020. O mercado asiático parece ser um dos mais interessados nas grandes reservas por explorar. Mas Moçambique terá de melhorar infraestruturas.

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À procura do gás no norte de MoçambiqueFoto: ENI East

As análises mais otimistas apontam para que 2018 seja o ano em que Moçambique comece a exportar gás natural em maior escala, já que só nessa altura deverão estar concluídas as infraestruturas necessárias à produção e escoamento do produto.

Será preciso um "grande esforço investimento", explica Nuno André Coelho, analista e economista no Banco Português de Investimento (BPI). "Ainda é preciso colmatar muitas necessidades básicas de infraestruturas, que se somam às necessidades de infraestruturas decorrentes desses projetos".

Não é só o setor privado que deve investir, diz Nuno André Coelho. Só com a ajuda do Estado moçambicano se poderá "suprimir aquelas necessidades básicas sem as quais o setor privado nunca poderá intervir" – estradas, ferrovias, postos elétricos, mas também escolas e hospitais.

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É preciso melhorar as estradas para atrair investidores (troço entre Palma e Mocímboa da Praia, em Cabo Delgado)Foto: DW/Estácio Valoi

Grandes reservas de gás

Moçambique tem reservas provadas de gás localizadas na bacia de Moçambique (nos campos de Pande, Buzi, Temane e Inhassoro), equivalentes a 4.5 biliões de pés cúbicos, que estão em parte a ser exploradas pela Sasol.

Mas, em 2010, uma nova avaliação encontrou enormes reservas de gás localizadas offshore na bacia do Rovuma, junto à fronteira com a Tanzânia. A consultora ICF International, numa avaliação de 2013 requerida pelo Banco Mundial, estimou que existam cerca de 276 biliões de pés cúbicos de reservas de gás natural descobertas e não descobertas, essencialmente localizadas nesta região offshore.

Nuno André Coelho não tem dúvidas de que a matéria-prima descoberta tenha, no médio prazo, um papel preponderante no Produto Interno Bruto do país: poderá “contribuir para cerca de 20 por cento do PIB nacional”, diz o analista, que cita estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI).

"Ou seja, parte de uma situação em que vale 'zero' ou 'quase zero' para 20 por cento do PIB", afirma. "Se olharmos para as mesmas projeções do FMI que dizem que metade das prestações de Moçambique em 2023 será de gás natural, então vê-se aqui o enorme potencial do gás natural."

O economista diz ainda que, tendo em conta que as reservas de gás descobertas em Moçambique são das maiores a nível mundial, se o país “garantir a criação de todo o envolvente empresarial que possibilite a exploração eficiente das reservas, é bem possível que chegue ao 'TOP 10'."

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Navio-plataforma à procura de gás na bacia do Rovuma em 2012Foto: ENI East

Países asiáticos muito interessados

A China posiciona-se como um dos futuros grandes mercados para o gás natural moçambicano, com as suas petrolíferas estatais a assumirem participações nos consórcios responsáveis pela exploração.

Depois da maior petrolífera chinesa, a Sinopec, ter adquirido 20 por cento numa concessão na bacia do Rovuma, a China National Offshore Oil Corporation (CNOOC) parece ser a principal interessada na compra de uma parcela na mesma concessão, operada pelo grupo italiano ENI, de acordo com a imprensa especializada.

As empresas "estão a começar a perceber que as reservas são das maiores a nível mundial", diz o economista Nuno André Coelho.

Por outro lado, as reservas de gás natural de Moçambique apresentam-se como uma vantagem para as companhias de países como a Índia, Japão, Tailândia e Coreia do Sul por estas terem já adquirido interesses diretos, como participações, nos consórcios internacionais constituídos para a produção.

"Acabam por ser principalmente os países asiáticos, a China, o Japão, a Coreia do Sul, as grandes economias emergentes, que estão a querer explorar o gás natural em Moçambique", afirma o analista do BPI.

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Nuno André Coelho ressalva, no entanto, que se vê também "um investimento muito grande das britânicas BP e Shell e da italiana ENI – são empresas que já têm uma parte na exploração naquela região e que vão aproveitar para explorar ainda mais."

Quanto aos países que pretendem comprar Gás Natural Liquefeito e aqueles com os quais já estão em curso algumas negociações, pouco se sabe.

Resta dizer que até lá, Moçambique terá de fazer um esforço de investimento que poderá, a curto prazo, aumentar a dívida pública e provocar um problema de sustentabilidade.

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