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Parlamento alemão poderá ter primeiro deputado negro

Christoph Richter (sv)19 de setembro de 2013

Karamba Diaby é candidato social-democrata na cidade de Halle. Natural do Senegal, mudou-se para a antiga Alemanha Oriental para estudar.

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Foto: picture-alliance/dpa

Descontraído e extrovertido, Karamba Diaby, de 52 anos, costuma conversar com todo mundo. Em plena campanha eleitoral, tenta convencer os eleitores de sua região a enviá-lo ao Parlamento. Ele bate à porta dos eleitores, fala com porteiros, cumprimenta desconhecidos pela rua. E chama sua estratégia de "campanha eleitoral na sala de visitas" – uma forma de buscar contato direto com o eleitor.

Diaby tem boas chances de chegar ao Bundestag. O candidato social-democrata defende temas como educação, integração, salário mínimo e melhoras na situação social dos alemães do Leste, que desde a queda do Muro sofrem com as mudanças de estrutura, o declínio da indústria local e a perda de postos de emprego na região. Muitos se sentem "os perdedores" da reunificação alemã.

Experiência pessoal

É exatamente esse o eleitor que Diaby quer atingir, resgatando, para isso, sua própria experiência pessoal. "Minha sogra trabalhou dirigindo gruas. Depois da reunificação, a empresa fechou. Ela era uma mulher forte, criou dois filhos sozinha. E disse: não vou ficar em casa. Depois disso, fez uma nova formação profissional como assistente de pessoas com necessidades especiais. E mudou-se, com mais de 50 anos, de Merseburg para Oberfranken. Aos 57 anos, ela disse: 'não aguento mais'. Estava cansada e esgotada. Aos 59 anos, morreu", relata o candidato.

Enquanto outros políticos correm de um lado para outro em seus carrões, Diaby anda de bicicleta. E sua bicicleta é da marca Diamant – uma fabricação da época da Alemanha Oriental, mais precisamente produzida no estado da Saxônia. Outra razão para as pessoas se identificarem e sentirem-se próximas dele.

Tür zu Tür Wahlkampf mit Karamba Diaby
Karamba Diaby de bicicleta: contato com o eleitorFoto: Christoph Richter

Seus admiradores elogiam sua postura nada arrogante e simpática. Pode-se confiar nele, diz Stefan Will, um amigo, colega e apoiador. E ainda, segundo Will, "Diaby ouve em vez de dar conselhos".

Histórico de migração

Diaby é o candidato de uma cidade com um percentual baixo de migrantes (em torno de apenas 4%) e onde volta e meia ecoam escândalos envolvendo racismo. Mas Diaby nem quer ouvir falar nisso e ignora quando lhe dizem que ele deveria tomar cuidado nas ruas da cidade.

Ele deixou o Senegal em 1986 para estudar Química na então Alemanha Oriental. "É claro que naquela época eu não falava alemão. Nenhuma palavra exceto BMW e Bundesliga. E essas eram palavras que não gostavam muito de ouvir na RDA. E também toda a organização da vida no socialismo era muito diferente daquela no Senegal. Essas eram as coisas com as quais eu não estava habituado", relata.

Depois da queda do Muro, Diaby acabou permanecendo na Alemanha. Em 2001, recebeu um passaporte alemão. No triângulo entre as cidades Bitterfeld, Halle e Leipzig, consideradas no passado a região mais poluída da Europa, ele escreveu seu doutorado sobre chão contaminado de poluentes em jardins de infância de Halle.

O que o deixa hoje apreensivo é a inércia e a passividade das pessoas. "As pessoas precisam pensar, refletir e não ficar só criticando. O cidadão tem também que estar consciente de que é preciso fazer algo para que as coisas mudem", conclui o candidato.