1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Barack Obama faz valer sua palavra

Michael Knigge (md)21 de novembro de 2014

Anunciar reforma da imigração é passo certo para o presidente dos EUA. Ele não pode depender da benevolência da oposição para cumprir suas principais promessas eleitorais, opina Michael Knigge, da redação inglesa da DW.

https://p.dw.com/p/1Dr8a

Na reta final de seu segundo mandato, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, completa agora sua mudança de personagem definitiva: de mediador à procura do consenso, a dirigente que impõe suas decisões presidenciais. Depois da eleição em 2008, Obama ainda acreditava que poderia agir como uma espécie de árbitro suprapartidário, sondando os conflitos entre os dois campos políticos do país e transformando-os em soluções aceitáveis para todos.

Deutsche Welle Michael Knigge
Michael Knigge, da redação inglesa da DWFoto: DW/P. Henriksen

A partir do bloqueio republicano total a sua reforma da saúde, o presidente notou que disposição de ceder é algo que não faz parte do vocabulário básico da maioria dos republicanos no Congresso. O mais tardar após a reeleição, Obama e seus assessores chegaram finalmente à conclusão de que é impossível uma cooperação política com os republicanos.

Após a amarga derrota nas eleições de meio de mandato, poucas semanas atrás – a qual dará aos republicanos o controle total do Congresso, a partir de janeiro –, o presidente não precisa mais levar potenciais eleitores em consideração. Ele não tem mais nenhuma eleição a enfrentar. Por isso, sua meta agora é implementar suas principais promessas de campanha, antes do término do mandato – ou, pelo menos, tentar –, se necessário de forma solitária. Pois, com razão, ele desistiu de contar com a colaboração dos republicanos.

A reforma das leis de imigração é um desses temas centrais. O candidato Obama havia realmente admitido na campanha eleitoral de 2008 não poder prometer uma nova legislação nos primeiros 100 dias do mandato, mas garantia que ela sairia dentro do primeiro ano. Seis anos mais tarde e após uma fracassada tentativa de acordo com os republicanos, ele por fim se empenha em cumprir sua promessa. O presidente democrata simplesmente não tem alternativa: ele tem que agir, em nome de sua credibilidade pessoal, de seu legado político e da elegibilidade de seu partido.

Mas não só por isso. Uma reforma por Executive Ordernão é uma panaceia universal, nem significa o fim por decreto do debate sobre a imigração. Mas é um passo na direção certa, finalmente oferecendo uma perspectiva duradoura nos EUA, a terra dos emigrantes, a milhões de pessoas, a maioria proveniente de México, que vivem e trabalham há anos sem visto de residência no país.

Duas outras questões centrais que Obama precisa enfrentar antes do fim do mandato, são a proteção do clima e o fechamento da prisão de Guantánamo. Ambos são temas internamente explosivos e tecnicamente difíceis de implementar para o governo – talvez o motivo por quê, após algumas tentativas frustradas, Obama tenha deixado para voltar a abordá-los no fim do seu mandato.

No que se refere à proteção climática, Obama assegurara, em alto e bom tom, durante a campanha eleitoral, que sob seu governo os Estados Unidos voltariam a assumir a liderança global na área. Quanto a Guantánamo, prometera o fechamento da prisão ainda no primeiro ano de seu mandato –como fizera no caso da imigração.

É sabido que nenhuma das duas coisas aconteceu, e Barack Obama não tem muito tempo para mudar esse fato. Assim como no tocante à reforma da imigração, ele vai encontrar feroz oposição dos republicanos. Mas, também aqui, não pode se dar ao luxo de nada fazer nessas duas questões. Assim sendo, novas incursões solitárias vão estar na pauta do dia do dirigente democrata.