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Veto de Rússia e China a sanções contra Síria

19 de julho de 2012

Aliados de Assad impedem pela terceira vez que governo sírio seja punido pela repressão violenta contra rebeldes. Missão da ONU deve encerrar seus trabalhos, enquanto violência aumenta no país.

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The United Nations Security Council meets at the United Nations in New York to discuss the ongoing violence in Syria April 21, 2012. The U.N. Security Council unanimously adopted a resolution on Saturday that authorizes an initial deployment of up to 300 unarmed military observers to Syria for three months to monitor a fragile week-old ceasefire in a 13-month old conflict. REUTERS/Allison Joyce (UNITED STATES - Tags: POLITICS)
Foto: Reuters

A Rússia e a China vetaram nesta quinta-feira (19/07) a resolução do Conselho de Segurança da ONU no sentido de aumentar as ameaças de sanções contra o presidente da Síria, Bashar al Assad, caso suas tropas continuem empregando armas pesadas nos embates com os grupos rebeldes.

Esta foi a terceira vez em nove meses que os dois países – dos cinco com poder de veto – impedem a aprovação de ações internacionais mais duras contra a aliada Síria, apesar do apoio de 11 dos 15 membros da comissão. África do Sul e Paquistão se abstiveram de votar.

O embaixador britânico na ONU, Mark Lyall Grant, ressaltou a decepção dos países da Comissão com o veto. "Lamentamos profundamente que este colegiado hoje não tenha desempenhado o papel para o qual foi criado", disse Grant. A resolução havia sido apresentada pelo Reino Unido e recebeu apoio imediato dos EUA, da França, da Alemanha e de Portugal.

"Nossa resolução era uma chance, talvez a última, de acabar com esse círculo vicioso de violência na Síria", declarou o embaixador alemão, Peter Wittig. "Está claro que a Rússia apenas quer dar mais tempo para o regime sírio esmagar a oposição", acusou o embaixador francês na ONU, Gérard Araud.

China e Rússia também foram duramente criticadas pela organização de direitos humanos Human Rights Watch. "Seu indiferente descaso pela violência, evidente a partir de seus vetos, é inadequado para um membro permanente do Conselho de Segurança e pode fazer com que o grêmio se torne irrelevante em outros episódios."

Fugitivos sírios atravessam a fronteira libanesa
Fugitivos sírios atravessam a fronteira libanesaFoto: picture-alliance/dpa

Intervenção militar

Os russos afirmam que os líderes ocidentais tentam justificar, com a resolução, uma intervenção militar na Síria. Segundo o embaixador russo Vitaly Tchurkin, a resolução busca "abrir caminho para a pressão de sanções e seguir com um envolvimento militar externo em questões domésticas sírias". Já o embaixador chinês, Li Baodong, disse que os países ocidentais têm sido "arrogantes e rígidos" nas negociações da resolução.

A resolução permitiria ao Conselho autorizar sanções econômicas e diplomáticas e também intervenções militares.

O porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, confirmou que com o "fracasso" do Conselho, a missão dos observadores da ONU na Síria deve encerrar seus trabalhos nesta sexta-feira, quando chegam ao fim os 90 dias planejados inicialmente. À proposta de sanções havia sido somado um pedido para renovar por mais 45 dias a missão de paz. As atividades dos quase 300 observadores estavam suspensas desde o dia 16 de junho,devido ao agravamento da violência no país.

Agora, em meio a crescentes questionamentos sobre o papel desempenhado pelo Conselho de Segurança da ONU no caso, os Estados Unidos querem buscar apoio junto a outros parceiros fora do Conselho, para confrontar Assad. Mais de 17 mil pessoas já morreram desde o início dos conflitos armados entre tropas leais a Assad e rebeldes, há 16 meses.

Crescente violência

Nesta quinta-feira, canais de televisão mostraram imagens de Assad durante a posse do novo ministro de Defesa do país, Fahad Iassim Feraj, que substitui Daud Raiyha, morto no atentado da quarta-feira. Foi a primeira aparição pública do presidente sírio após o atentado suicida na sede do comando de segurança do país, em Damasco, que vitimou pelo menos três integrantes do regime Assad. Após o episódio, a repressão do governo contra os rebeldes se intensificou.

Segundo forças de segurança libanesas, cerca de 20 mil sírios cruzaram a fronteira do país com o Líbano nas últimas 24 horas, tentando escapar da violência. Desde o início dos conflitos, o número de refugiados sírios no Líbano aumenta em cerca de 5 mil por dia.

Bashar al Assad (e.) e seu novo ministro da Defesa, Fahad Iassim Feraj
Bashar al Assad (e.) e seu novo ministro da Defesa, Fahad Iassim FerajFoto: picture-alliance/dpa

Nesta quinta-feira, os rebeldes afirmaram ter ocupado a região de cruzamento da fronteira com a Turquia e tomaram os prédios da alfândega e da imigração no norte da fronteira, além da principal via. Segundo autoridades iraquianas, eles também estariam com o controle da fronteira da Síria com o Iraque. Em Damasco, os rebeldes também atacaram o principal distrito policial.

"O regime está em seus últimos dias", declarou o chefe do Conselho Nacional Sírio, Abdel Basset Sayda, durante encontro com o ministro italiano do Exterior, Giulio Terzi. Ainda assim, Sayda afirmou que o veto no Conselho de Segurança pode ter "consequências desastrosas".

MSB/rtr,dpa,afp,dapd
Revisão: Augusto Valente