1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Sucesso da Alibaba fortalece mercado de ações

Miriam Braun, de Nova York (pv)22 de setembro de 2014

Gigante chinês tem oferta pública inicial sensacional: alta de 36% no primeiro dia de negócios, elevando o valor de mercado para mais 200 bilhões de dólares. Bom para a empresa, o fundador e o comércio global de ações.

https://p.dw.com/p/1DH42
Jack Ma, fundador da Alibaba, celebra no primeiro dia de negociações uma alta de 36% sobre o preço inicialFoto: picture alliance/AP Photo/M. Lennihan

Apertados lado a lado, corretores e empresários chineses dividiam o espaço central da Bolsa de Valores de Nova York (Nyse). Aquela era para ser a maior entrada de uma empresa no mercado de ações em 222 anos de história da Nyse. Depois de meses de preparativos, as ações da Alibaba, gigante chinês na área de tecnologia da informação, seriam negociadas pela primeira vez – e isso era realmente importante para todos os presentes, incluindo os operadores da Bolsa de Nova York, que carregavam a responsabilidade de uma operação bem-sucedida.

Pontualmente às 9h30, clientes da Alibaba – e não o fundador Jack Ma – tocaram os sinos de abertura, bem ao lema do empresário chinês: "Quando meus clientes e investidores estão felizes, eu também estou". Mas a multidão presente não podia prever que ainda ficaria lá por um bom tempo, num clima de tensão: computadores e responsáveis em Wall Street demoraram mais de duas horas e meia para ajustar a demanda à oferta.

Finalmente, três minutos depois do meio-dia, saiu o primeiro trade: as ações deveriam ser negociadas por 92,70 dólares nos primeiros milissegundos. Em seguida, o valor não parou de subir, devagar mas de forma constante, em direção a marca de 100 dólares. Até o fechamento do pregão, o papel pairou nos quase 94 dólares, aumento de 36% em relação ao valor de emissão – um início perfeito.

O próprio Jack Ma não presenciou mais esse momento histórico. Meia hora antes, o presidente da Alibaba deixara o prédio da Nyse acenando e com um sorriso maroto no rosto. Dentro da bolsa, brincou-se: "Provavelmente ele vai ainda tirar uma foto com o touro de bronze", o ímã turístico perto de Wall Street. "O que recebemos hoje não foi dinheiro", disse Jack Ma, mais tarde, em entrevista ao canal de notícias americano CNBC. "Nós recebemos a confiança dos investidores", explicou.

New York Börsengang Alibaba 19.9.2014
Investidores chienses e Jack Ma (centro) festejam a abertura oficial do capital da empresaFoto: picture-alliance/dpa/Justin Lane

Lançamento foi simulado três vezes

De fato, os primeiros minutos de uma oferta pública inicial de ações podem ser cruciais. Quando o Facebook entrou na Bolsa, há dois anos, um desastre técnico no lançamentorepercutiu no desenvolvimento das ações nas semanas seguintes. Apesar de elas terem duplicado seu valor desde então, sofrem até hoje com uma imagem negativa. Assim como a Nasdaq, que executou a entrada do Facebook no mercado de ações.

Também por isso, a Nyse queria realizar o lançamento com perfeição. "Nós vamos enfrentar a situação com confiança, mas não com excesso de confiança", disse o presidente da bolsa, Tom Farley. Segundo relatos, o lançamento das ações da Alibaba foi simulado três vezes no final de semana anterior. "A Nyse claramente tem o caso Facebook na memória", disse o analista David Weiss à revista Businessweek. "Eles vão ser extremamente cautelosos", concluiu. As duas horas e meia de espera deveriam valer a pena.

Agora é fato: a entrada da Alibaba no mercado de ações foi um sucesso para Farley, que assumiu a chefia da Nyse apenas quatro meses atrás. As negociações das ações da Alibaba trarão milhões de dólares em taxas à Bolsa de Nova York. E ainda mais importante: são um golpe duro na concorrente Nasdaq. As duas bolsas de valores competem ferozmente por IPOs (oferta pública inicial, em inglês) de grandes empresas do ramo da tecnologia, que, além de um grande volume de negócios, também geram muita atenção.

Nesse contexto, os pontos negativos das ações da Alibaba foram inicialmente postas em segundo plano. Como, por exemplo, o forte poder de decisão que Jack Ma detém devido à estrutura interna da empresa. "No Facebook também é Mark Zuckerberg quem detém o controle acionário", compara o especialista Jon Najarian. "E a Google até mesmo dividiu as ações em duas classes, para reforçar os direitos dos fundadores", acrescenta. Nem por isso essas empresas são investimentos ruins.

Bom para o mercado de ações

Depois do frenesi na oferta inicial, é difícil achar alguém que acredite que as ações da Alibaba possam cair nas próximas semanas. "A ascensão dessa empresa é uma história de sucesso tipicamente americana", disse o apresentador Jim Cramer, da CNBC. O ex-professor de inglês Jack Ma fundou a empresa há 15 anos, num apartamento de quarto e sala, e hoje ela supostamente vale 200 bilhões de dólares. "Mas, infelizmente", lamenta Cramer, "não se trata de uma empresa americana".

Para o Wall Street Journal, a oferta inicial da Alibaba foi uma boa propaganda para o mercado de ações. "É bom quando se pode exibir um calendário cheio de grandes IPOs", disse o estrategista-chefe do First American Trust, Jerry Braakman, ao jornal. A enorme demanda por ações da Alibaba é um indicador positivo num momento em que os argumentos para investir no mercado de capitais já são fortes. O diário lembra o aumento de mais de 8% no índice S&P500 no ano passado. Voltou a ser in investir na Bolsa de Valores. E, graças à Alibaba, o volume de IPOs deste ano já superou o de 2013, gerando 69 bilhões de dólares.

O recorde é de 2000, quando foram gerados 105 bilhões de dólares – a maior parte com o lançamento de ações de empresas de tecnologia. Em seguida, veio o colapso histórico conhecido como "bolha da internet". Porém, desta vez, os especialistas em Wall Street não acreditam numa repetição da história. Mas, também para os fracassos, o fundador da Alibaba tem um lema: "Nunca desista. Se hoje é um dia difícil, amanhã vai ser pior. Mas, depois de amanhã, o sol vai brilhar novamente."