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O sofrimento das vítimas das cheias no norte de Moçambique

Manuel David (Lichinga)23 de março de 2015

Mais de cinco mil pessoas, vítimas das cheias no distrito de Cuamba, na região sul da província do Niassa, necessitam de alimentos e água potável. A DW África foi conhecer os problemas vividos por famílias reassentadas.

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Cheias do início do ano deixaram muitas famílias sem casaFoto: DW/M. Mueia

O Governo do Niassa criou dois centros para acolhimento das famílias afetadas pelas enxurradas no distrito de Cuamba. Para além dos oito óbitos registados devido às cheias naquele ponto da província, centenas de casas e infraestruturas públicas ficaram completamente destruídas.

A DW África visitou as 334 famílias reassentadas nos dois centros localizados nos bairros de Njacto e João. Alojadas em tendas provisórias, as famílias falam do "autêntico sofrimento" por que passam atualmente, agravado pela escassez de alimentos e de água potável para atender algumas necessidades básicas.

Escassez de alimentos

Valeria António, vítima das cheias e reassentada no centro de acolhimento Njacto afirma que as autoridades têm enviado para os centros de acolhimento produtos alimentares, mas estes não chegam para todos. "Cada pessoa recebe um saco de farinha de cinco quilos e um quilo de feijão. Isso não basta", sublinha.

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Natália João, outra reassentada no centro de acolhimento de João, avança que às vezes as famílias reassentadas chegam a esperar mais de duas semanas para a distribuição dos produtos alimentares.

Essa demora faz com que muitas famílias fiquem sem alimentos suficiente para todos os seus membros. "Nem farinha temos. Disseram-nos que iam trazer hoje, mas ainda não trouxeram", conta.

Bartolomeu Mataque, líder comunitário do bairro Njacto, sustenta que o Governo não tem observado as medidas de distribuição dos produtos alimentares no seio das famílias. E também há reclamações por parte "daqueles que já tinham pouca comida reclamam", acrescenta.

Mais solidariedade

Ciente do drama das cheias e das contribuições de solidariedade que têm chegado aos centros para apoiar as famílias reassentadas que perderam praticamente tudo, o governador do Niassa, Arlindo Chilundo, disse que a província necessita de mais de dois milhões de euros para a reposição dos prejuízos materiais provocados pelas cheias.

Mosambik Überschwemmungen
Muitas famílias desalojadas pelas cheias continuam a viver em tendasFoto: DW/M. Mueia

O governador apela, por isso, a "mais solidariedade" não só de empresas, como também de todos os moçambicanos. "A solidariedade de moçambicanos para moçambicanos é de extrema valia porque mostra a união entre nós. Temos que procurar acudir e trazer o pouco que temos para que os outros também tenham um pouco".

Às famílias vítimas das cheias no distrito de Cuamba já foram distribuídos terrenos em zonas seguras para a construção das suas casas.