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O que faz correr o líder da oposição em Moçambique?

30 de dezembro de 2011

Após um encontro com o Chefe de Estado, o líder da oposição moçambicana, Dhlakama, desconvocou manifestações e deixou de ameaçar mobilizar os seus ex-combatentes. O que está por trás desta mudança de postura?

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Mosambiks Oppositionschef Dhlakama wiedergewählt Caption ARCHIV - Afonso Dhlakama (Archivfoto vom 19.11.2008), Vorsitzender von Mosambiks größter und ältester Oppositionspartei Resistencia Nacional de Mocambique (Renamo), ist für fünf weitere Jahre im Amt bestätigt worden. Der am Mittwoch (22.07.2009) in der Nampula-Provinz zu Ende gegangene Renamo-Parteitag bestimmte Dhlakama nach Rundfunkangaben zudem zum Kandidaten für die Präsidentschaftswahl am 28. Oktober in dem südostafrikanischen Land. Foto: PEDRO SA DA BENDEIRA +++(c) dpa - Bildfunk+++ Schlagworte Personen, Politik, Mosambik, Parteien,
Segundo os analistas, Afonso Dhlakama luta por aumentar a influência política da RenamoFoto: dpa

Os objetivos da Renamo eram, entre outros, tirar a Frelimo do poder e eliminar a influência do partido governamental nas instituições do Estado. De notar que a Renamo recorre com frequência a discursos de retorno à guerra, quando não está satisfeita com a atuação do governo, embora o facto seja negado pelo porta-voz do partido, Fernando Mazanga: “O que a Renamo está a dizer é que se a Frelimo usar, como tem vindo a usar, a força das armas, a Renamo vai responder pela mesma medida”. Mazanga realça que é “habitual” o governo enviar tropas para dispersar manifestações do povo: “O que estamos a dizer é que nós estamos preparados para defender o povo, para defender os manifestantes”.

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Moçambique é governado pela Frelimo desde a independência, em 1975Foto: APTN

Num gesto invulgar, o Presidente de Moçambique, Armando Guebuza deslocou-se, a 8 de dezembro, ao novo bastião de Afonso Dhlakama, a cidade de Nampula, para um diálogo à porta fechada, cujo objetivo aparente era reduzir a tensão criada pelas ameaças da Renamo. Os assuntos discutidos no encontro não foram divulgados. Mas esta semana, Dhlakama fez um périplo pela região centro do país, onde ainda tem fortes apoios, que se pautou por discursos mais pacíficos.

Dhlakama à espera de contrapartidas

Para o cientista político moçambicano Jaime Macuane, a Renamo espera do atual presidente moçambicano algo positivo, tal como lhe foi dado anteriormente pelo ex-presidente, Joaquim Chissano. Isto porque o líder da Renamo se sente vítima de uma marginalização, como ele próprio já deu várias vezes a entender: “Desde que Guebuza assumiu a presidência não tinha tido um encontro com Dhlakama, como era hábito de Joaquim Chissano”.

Mozambique President Armando Emilio Guebuza talks on Tuesday May 3, 2011 in the Cape Town Convention Center. More than 900 participants from 60 countries will participate in the 21. World Economic Forum on Africa in Cape Town 04.05-06.05.2011. The WEF is taking place under the theme From Vision to Action - Africa`s next Chapter. Foto: Ralf Hirschberger
O Presidente de Moçambique, Armando Emilio GuebuzaFoto: Picture-Alliance/ZB

A análise de Jaime Macuane assenta como uma luva nos argumentos da Renamo apresentados pelo seu porta-voz Fernando Mazanga: “Há um acordo, assinado em Roma, que pacificou este país”. O acordo sublinha, previa uma integração dos combatentes da Renamo no exército de Moçambique: “Só que esse acordo não chegou a ser cumprido. Foi cumprido inicialmente quando o Presidente da República era o senhor Joaquim Chissano”. Mas, acrescenta, com a subida ao poder de Guebuza foi suspenso o processo.

A inquietação de uma ala da Renamo

Depois do encontro com Armando Guebuza, Dhlakama fez uma viagem esta semana pelas províncias centrais de Tete e Manica, onde tem milhares de militares desmobilizados e apoiantes. O líder da oposição anunciou na terça-feira (27.12), o adiamento das manifestações, sem falar em datas concretas. De acordo com o jornal moçambicano online "O País", o líder da Renamo justificou nesta quinta-feira, em conferência de imprensa, que o motivo do adiamento é que os desmobilizados chegaram a pedir armas do tipo bazuca para “arrebentar” o país, convictos de que Dhlakama estava a perder tempo com negociações com a Frelimo.

Ainda de acordo com "O País", o líder da Renamo, concluiu que a forma como a revolução deve ser conduzida ainda não foi percebida pelos seus ex-combatentes. Estas mudanças comportamentais da Renamo merecem a seguinte avaliação de Jaime Macuane: “Parece-me que há aqui uma certa exigência de coerência na sua postura, como líder que sempre vai fazer pressão. Não se pode esperar que de um momento para o outro ele abandone completamente essa idéia de fazer a pressão que ele sempre disse que faria”, por causa de um encontro do qual se desconhece os temas debatidos. Tanto mais, diz o analista, que uma ala da Renamo não escondeu o seu desacordo com este encontro. Não obstante, Afonso Dhlakama, anunciou para este sábado (31.12) um novo encontro com o Presidente Guebuza.

Der fotografierte Politiker heißt Joachim Chissano (Mosambik). Besuch in Köln. Ehemaliger Präsident von Mosambik. Die Fotos wurden heute (17.03.) von Cristina Krippahl (Afrika / portugiesisch) in Köln gemacht. Hiermit erteile ich Ihnen die Nutzungsrechte zur Publikation der Bilder unter Angabe des Herausgebers (OFW e.V. 2011). Julius Jacoby Unternehmenskommunikation OFW e.V. (Organisationsforum Wirtschaftskongress) Organisator des größten von Studenten organisierten Wirtschaftskongresses der Welt
As relações entre Dhlakama e o antecessor de Guebuza, Joaquim Chissano, eram mais cordiaisFoto: OFW

Autora: Nádia Issufo
Edição: Cristina Krippahl/António Rocha