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Número de mortes por malária em África caiu para metade

Rui Martins (Genebra)10 de dezembro de 2014

Caiu para metade o número de mortes por paludismo no continente africano nos últimos 13 anos, anunciou a OMS. A África lusófona também registou uma baixa de 50% do número de mortos. Mas nem tudo são boas notícias.

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Foto: picture-alliance/dpa

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou esta terça-feira (09.12) um relatório que mostra uma importante diminuição de casos de malária no mundo, nomeadamente no continente africano, embora em certos países não estejam a ser feitos os trabalhos preventivos.

Em 2013, o paludismo afetou 198 milhões de pessoas e provocou a morte de 584 mil pessoas e 453 mil crianças menores de cinco anos. No mundo, 3,2 mil milhões de pessoas em 97 países estão expostas ao mosquito que transmite o paludismo.

Na análise estatística do controlo da malária no mundo há que ter em conta que, nesse mesmo período, a população africana aumentou 43%. A situação de controlo da malária ocorre em todo mundo, com ligeiras exceções, e decorre de diversas medidas preventivas adotadas com seriedade nos países afetados, como o uso intensivo de redes mosquiteiras e pulverização com insecticidas.

Números animadores nos PALOP

A África lusófona também registou uma baixa de 50% do número de mortos. Existe mesmo um país com uma situação de excelência no combate à malária e onde não foi registada nenhuma morte por paludismo nestes últimos dois anos. Trata-se de Cabo Verde, que, no total, teve menos de dez casos nestes últimos 13 anos.

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Entre 2000 e 2013, Angola registou 7.300 vítimas da doença, Moçambique outras 2.941, Guiné-Bissau 418 e São Tomé e Príncipe apenas 11. Ainda entre os países de língua portuguesa, Timor-Leste teve unicamente três casos mortais. E do outro lado do Atlântico, o Brasil registou 41 casos de morte por malária.

Francelina Romão, da missão diplomática de Moçambique em Genebra, sublinha que “está a correr muito bem a distribuição de redes mosquiteiras”. Aponta também como ponto positivo a disponibilidade de testes rápidos para o diagnóstico da malária nas unidades sanitárias. “O doente quando chega faz o teste e sabe-se muito rapidamente se tem ou não malária. Portanto, o tratamento é atempado”, explica.

Segundo Francelina Romão, existe também uma grande capacitação e reforço dos laboratórios, bem como medicamentos para o tratamento. “O que não está a correr muito bem é na área do meio ambiente. Ainda temos muitos criadores de mosquitos”, lamenta.

Faltam redes mosquiteiras

Porém, nem todos os países registaram uma importante diminuição. Ainda em África, a República Democrática do Congo registou um número recorde de mortes, 30.918, o mais elevado em todo o mundo.

Na África Subsaariana, um terço das famílias sujeitas à transmissão da malária também não dispõe ainda de redes mosquiteiras impregnadas com inseticida, sublinha o diretor do programa mundial da OMS contra a malária, Pedro Alonso.

Além disso, diminuíram as pulverizações dentro das casas e começam a fazer-se sentir a resistência aos inseticidas, como já ocorre na Ásia e em 49 países com poucos efeitos da artemisinina sobre os parasitas.

Segundo Pedro Alonso, também é lento o tratamento preventivo para as mulheres grávidas e para crianças e recém-nascidos. Embora os fundos destinados ao combate à malária tenham triplicado, estão bem aquém do necessário, diz o diretor do programa mundial.

Kampf gegen Malaria in Burkina Faso
Na África Subsaariana, um terço das famílias ainda não dispõe de redes mosquiteirasFoto: Cécilia Conan

Pedro Alonso também reconhece que a malária é uma doença negligenciada por fazer parte das doenças dos países pobres. “Algumas das doenças que afetam um grande número de pessoas em países pobres não constituem incentivo para os laboratórios investirem nos remédios de combate a essas doenças.”, afirma.

Ainda assim, acrescenta, “nos últimos anos houve avanços porque a filantropia e as próprias indústrias criaram fórmulas inovadoras com a participação de verbas públicas e privadas que geram incentivos. E não só a malária como outras doenças beneficiam dessa inovação.”

Segundo o especialista Pascal Ringwald, da equipa da OMS, o ébola tem diminuído a preocupação e o combate à malária por parte dos governos, laboratórios e organizações de ajuda.

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