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Novo presidente da Indonésia assume prometendo reformas

Roxana Isabel Duerr (md)20 de outubro de 2014

De origem humilde, Joko Widodo terá como primeiro desafio baixar déficit estatal, para financiar as prometidas reformas de infraestrutura, saúde e educação. Combate a corrupção e burocracia também são prioridades.

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Foto: Reuters

Três meses após ser eleito, Joko Widodo, conhecido popularmente como "Jokowi", tomou posse nesta segunda-feira (20/10) como o sétimo presidente da Indonésia. O novo governo do país de maior população muçulmana do mundo deverá enfrentar enormes desafios, e todas as esperanças são depositadas em seu novo chefe de Estado.

A cerimônia de posse teve a presença do secretário de Estado americano, John Kerry, assim como do primeiro-ministro da Austrália,Tony Abbott, e seu colega malaio, Nayib Razak. Milhares de seguidores do novo presidente o acompanharam até o palácio presidencial depois da cerimônia, celebrada diante do Parlamento.

Em seu discurso de posse, ele falou de "grandes tarefas" para conseguir tornar o país econômica e politicamente independente. Jokowi foi declarado vencedor semanas depois da eleição de julho. Seu adversário Prabowo Subianto tentou sem sucesso impugnar os resultados. Nas últimas semanas, entretanto, o empresário e ex-tenente-general pediu a seu partido e seus seguidores que apoiem o novo presidente.

"Um de nós"

Ex-prefeito da cidade de Solo e ex-governador de Jacarta, Widodo é considerado um político próximo do povo e um reformista pragmático. É também o primeiro presidente que não vem da elite política, econômica ou militar da Indonésia. O cientista florestal de 53 anos de origem humilde é considerado um exemplo para milhões de indonésios.

Indonesien Neuer Präsident Joko Widodo 20.10.2014
Joko Widodo (dir.) e se antecessor, Bambang Yudhoyono, pouco antes da posseFoto: Bay Ismoyo/AFP/Getty Images

"Tenho a impressão que 'Jokowi' é um de nós, por isso ele tem o meu total apoio", diz Darwin Kollo, cuja casa está toda decorada com cartazes do políticoi. O carpinteiro vive na ilha indonésia oriental de Sumba, uma das áreas mais pobres da Indonésia. "O amor por móveis de madeira me une a 'Jokowi'", diz Kollo, soltando uma simpática risada. "No fim das contas, porém, a política também pode mudar as pessoas e sobre isso nós, eleitores, infelizmente não temos mais influência", acrescenta, em tom menos eufórico.

"Jokowi" não é um teórico e quer manter sua fama de homem de ação. Isto fica particularmente claro durante uma entrevista. Em vez de longas explanações, prefere respostas curtas e concisas. "Vamos reformar nossa burocracia, para que seja transparente e eficiente. Da mesma forma, queremos simplificar os longos processos de aprovação, o que beficiará as empresas", disse, ao ser questionado pela DW sobre suas primeiras providências no cargo.

O novo governo do país emergente se defronta agora com enormes desafios: reforma do orçamento estatal, redução da burocracia, combate à corrupção, modernização da infraestrutura e uma reforma fundamental dos sistemas de saúde e da educação são apenas alguns dos grandes canteiros de obras.

Joko Widodo quer, acima de tudo, fortalecer a agência de combate à corrupção e estimular o mercado interno. Ele também planeja renovar a infraestrutura, especialmente estradas, portos e ferrovias. "A expansão da infraestrutura deve ser implementada imediatamente. Se nosso orçamento não cobre isso, então vamos convidar os investidores, para atrair investimentos diretos no país."

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Posto em Jacarta: combustíveis no país são os mais baratos da ÁsiaFoto: R. Isabel Duerr

Primeiros testes

Uma das promessas de campanha de Jokowi foi educação e saúde gratuitas para a população pobre. "Educação e saúde são fundamentais, por isso vou garantir que todos os cidadãos recebam bons serviços nessas áreas", promete o presidente durante entrevista. No entanto, financiar esse grande plano de reforma é algo que o atual déficit orçamentário da Indonésia não permite.

Como primeira reforma da área da política econômica, logo após assumir "Jokowi" planeja reduzir os gigantescos subsídios à gasolina. "Temos, de fato, um problema com nossos buracos no orçamento do Estado. Por isso, o melhor caminho é cortar os subsídios para os combustíveis. Acho que, se fizermos isso, nossa economia vai ficar muito melhor no futuro."

Na Indonésia, onde a gasolina é altamente subsidiada há mais de 20 anos, o preço de um litro está atualmente muito abaixo do valor no mercado internacional. Para o cambaleante orçamento estatal, o corte em subsídios aos combustíveis seria uma bênção.

Mas o povo indonésio, que é o maior beneficiário dos mais baixos preços do combustível na Ásia, deverá receber a medida com protestos. Por várias vezes, os antecessores de "Jokowi" já fracassaram na tentativa de aumentar o preço da gasolina. Esta medida crucial, mas impopular, será o primeiro teste do novo presidente.

A proposta de redução dos subsídios aos combustíveis também coloca o novo governo indonésio diante de um dilema. Os 18 milhões de pessoas que já vivem na miséria vão sentir de forma desproporcional os efeitos negativos do encarecimento. Ao mesmo tempo, Joko Widodo não tem outra escolha para financiar seus ambiciosos planos de reforma na área de infraestrutura, saúde e educação, assim como para garantir mais justiça social no país, a longo prazo.