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Museu Hombroich: cultura em harmonia com a natureza

Sabine Oelze (sv)5 de maio de 2013

Desfrutar da paisagem e observar obras de arte: a Ilha de Museus Hombroich, localizada perto de Düsseldorf, possibilita ao visitante as duas coisas. Fundado há 30 anos, o local é mais que mero espaço de exposições.

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Foto: Stiftung Insel Hombroich/Fotograf / Tomas Riehle, Bergisch Gladbach

Animais compõem a paisagem e há água por todos os lados. Várias pontes ligam os caminhos que cruzam um conjunto de prados tão originalmente selvagens quanto detalhadamente planejados. De ambos os lados, há prédios geometricamente edificados: são os pavilhões nos quais a arte é exposta. E o visitante tem que se orientar sozinho, já que não há placas indicativas.

Especialistas em arte apontam o Museu Hombroich como um dos dez mais singulares do mundo. Trata-se, de fato, de um lugar peculiar e experimental. O corretor de imóveis e colecionador de arte Karl-Heinrich Müller, morto em 2007, foi quem teve a ideia genial de expor obras de arte em meio à natureza.

Passeio em meio à arte

30 Jahre Kulturraum Hombroich mit Museumsinsel und Raketenstation
Natureza atrai público a HombroichFoto: DW/S. Oelze

Baseado nesta crença e inspirado no pintor francês Paul Cézanne, Müller quis criar possibilidades de contemplar a arte de forma diferente. Para isso, ele comprou um terreno de 72 hectares, a fim de expor ali sua coleção de obras de arte – em meio à paisagem natural e em diálogo com o ambiente. Müller conseguiu entusiasmar artistas, escultores e políticos com sua ideia. Erwin Heerich, na verdade professor de Escultura em Düsseldorf, construiu uma série de dez pavilhões para a ilha.

São obras autônomas, uma espécie de esculturas penetráveis, que abrigam obras de arte de mais de dois milênios e de origens culturais diversas: de tesouros da Antiguidade, passando por objetos peculiares ligados a etnias específicas, até pinturas do Modernismo clássico e obras contemporâneas.

Um dos pavilhões, de nome Portaria, permanece vazio. As janelas altíssimas do prédio de tijolos aparentes deixam entrar a luz do dia, permitindo um olhar livre e direto para a natureza. Em outro pavilhão, há obras dos Khmers, grupo étnico majoritário do Camboja, ao lado de quadros de Gotthard Graubner, Hans Arp e Jean Fautrier.

30 Jahre Kulturraum Hombroich mit Museumsinsel und Raketenstation
Casa de Gotthard Graubner em HombroichFoto: DW/S. Oelze

As obras ficam expostas a uma altura mais baixa do que do que em museus tradicionais. Não há placas com indicação sobre a autoria das obras, quanto menos explicações sobre elas. Gotthard Graubner, pintor e ex-professor de Artes, é o responsável pela apresentação das obras expostas: o artista, hoje com 83 anos, era amigo próximo do colecionador Müller. Há 15 anos, ele passou a morar numa casa com um amplo ateliê construída especialmente para ele dentro da ilha de museus.

A intenção de Graubner é abrir os olhos dos visitantes para a arte. "Muitas pessoas passam ao largo de obras de arte, não sendo capazes de decifrar sua linguagem visual", diz ele. Para o artista, a mediação da arte deveria se concentrar em abrir os olhos das pessoas. É essa a razão pela qual ele optou por pendurar os quadros a uma altura menor. "Quem baixa o olhar, torna-se mais pensativo", explica.

A intensidade com a qual Graubner reflete acerca da apresentação da arte é transferida para o visitante, que não se interessa, por sua vez, apenas por arte, mas também se abre à beleza da natureza, já que o ar puro inspira o espírito.

Arte no lugar de mísseis

O colecionador Karl-Heinz Müller era um mecenas que não oferecia aos artistas apenas recursos suficientes, mas também um lar e um lugar para trabalhar. Hoje, 11 artistas de diversas áreas vivem no espaço do Museu Hombroich, que não inclui somente a ilha, mas também dois outros locais.

30 Jahre Kulturraum Hombroich mit Museumsinsel und Raketenstation
Um dos dez pavilhões do complexoFoto: Stiftung Insel Hombroich/Fotograf / Tomas Riehle, Bergisch Gladbach

Müller, por sua vez, não se interessava apenas por artes plásticas, mas também por literatura e música. Em 1994, ele comprou uma antiga base da Otan, localizada a poucas centenas de metros da Ilha Hombroich. Trata-se de um lugar carregado de história: durante 23 anos, estiveram estacionados ali mísseis Cruise, bem como mísseis Pershing e de defesa aérea.

Depois do fim da Segunda Guerra, o terreno ficou abandonado. Karl-Heinz Müller era fascinado pela área militar, com todos os seus saguões, diques, torres de vigilância e bunkers – espaços que ele mandou transformar em locais para exposição. Uma torre alta de vigilância foi transformada em Arquivo do Espólio do poeta Thomas Kling, que viveu ali até morrer, há oito anos.

Reinício

Ulrike Rose, diretora artística e comercial do Museu desde outubro de 2011, planeja abrir mais, e gradualmente, o espaço ao público. O terceiro ponto do Museu é composto pelos prédios do escultor dinamarquês Per Kirkeby. Eles lembram capelas e são conhecidos como "o campo de Kirkeby". Nos fins de semana, são abertos ao público com exposições de obras de arte contemporânea. Além disso, diz Rose, "a área dos mísseis de Hombroich quer se desenvolver mais no sentido de ser um laboratório".

30 Jahre Kulturraum Hombroich mit Museumsinsel und Raketenstation
Torre de vigilância da antiga base de mísseisFoto: Stiftung Insel Hombroich/Fotograf / Tomas Riehle, Bergisch Gladbach

Os artistas que vivem no local oferecem oficinas, palestras e simpósios. A longo prazo, tanto a biblioteca quanto o arquivo deverão ser abertos ao público. Em meados de 2012, uma série de designers, performers e especialistas em literatura se reuniram na ilha para um programa internacional de estudos durante 14 dias.

No local, há espaço para o passado, o presente e o futuro interagirem. "O maior interesse dos participantes do evento era pela história da base de mísseis e pela sua transformação de lugar de uso militar em local voltado para a arte", finaliza Rose.