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Mulheres guineenses partem à conquista da política

Fátima Tchumá Camará (Bissau)28 de julho de 2014

O novo Governo guineense tem cinco ministras à frente de áreas-chave como a Defesa e Segurança, Justiça ou Educação. Ainda assim, os homens continuam a deter a grande maioria das pastas governamentais.

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Eleitora guineense durante as presidenciais de 2014 na Guiné-BissauFoto: DW/M. Pessoa

As grandes questões de atualidade na Guiné-Bissau giram à volta da reforma nos setores da Defesa e da Justiça, Saúde e saneamento das Finanças Públicas e do combate à pobreza generalizada – pelouros que têm as mulheres como principais responsáveis.

Silvina Tavares, vice-presidente da Plataforma Política das Mulheres (PPM) guineenses, elogia o facto de a presença feminina estar a ser reforçada na governação do país, mas entende que ainda há um longo caminho a percorrer até se atingir a plena igualdade.

"Porque, no Parlamento, temos 102 homens contra 14 mulheres", diz Silvina Tavares. Na composição do Governo, o cenário é idêntico: há onze ministros e 14 secretários de Estado (homens) e apenas seis mulheres - cinco ministras e uma secretária de Estado.

Odete Costa Semedo, Bildungsministerin von Guinea-Bissau
Odete Semedo, ministra da Educação guineenseFoto: DW/F. Tchuma Camara

"Isso para nós é o início", assegura a responsável da PPM.

"Há que completar o círculo da democracia com as eleições autárquicas. Estamos a pensar em preparar mulheres para integrarem esse processo. Depois, temos também de estar preparados para, aquando da constituição das direções-gerais, colocar mulheres. Porque temos mulheres capazes."

Luta por valorização da mulher começa a dar frutos

Odete Semedo, nova ministra da Educação Nacional diz, por seu turno, que finalmente começa a surtir efeito o trabalho das organizações da sociedade civil e das Nações Unidas no processo de valorização da mulher guineense.

"Várias mulheres foram formadas para que conheçam e se apropriem daquilo que elas sabem e podem fazer. Isso está a dar os seus resultados, no domínio da política, para terem uma melhor performance ao nível da sua participação", afirma a ministra. "Estamos a ver também que a sensibilização que várias redes de mulheres fizeram junto das várias autoridades surtiu efeito. Não ao nível de alguns partidos políticos, mas estamos a fazer o caminho."

Investigadora no Instituto Nacional de Pesquisas, Odete Semedo, também poetisa e escritora, realça o facto de as mulheres chamadas para o Governo terem grandes responsabilidades por se ocuparem das áreas sociais.

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"Às vezes, as pessoas dizem que a área social é a área mais fácil. Mas não. São áreas mais complicadas", diz. "Nós que estamos neste Governo vamos dar um exemplo de boa prática, de saber-fazer, que eu acho que nós temos."

O analfabetismo, a pobreza, as questões socioculturais, mas também o conformismo têm impedido a participação feminina nas tomadas de decisões, num país onde as mulheres representam cerca de 55 por cento da população.

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