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Moçambicanos calmos à espera dos resultados eleitorais

Nuno de Noronha17 de outubro de 2014

Ainda sem os resultados definitivos das eleições, Moçambique aguarda com expectativa a publicação das contagens paralelas. O clima baixou de tom, sobretudo porque o futuro político do país é cada vez mais evidente.

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Foto: Arcénio Sebastião

Moçambique foi a votos na quarta-feira (15.10) para eleger um novo Presidente, um novo Governo e novos executivos provinciais. A Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), o partido no poder, segue na frente com esmagadora maioria.

No entanto, a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) também sai vencedora destas eleições enquanto organização política.

O clima que se vive em Moçambique é pacífico. Os resultados vão sendo divulgados a conta-gotas, à medida que a contagem de votos é apurada nas assembleias dos 11 círculos eleitorais de todo o país.

Tensão diminui

A tensão que se vivia no norte e no sul do país dissipou-se, sobretudo porque o futuro do país é cada vez mais nítido, considera Fernando Lima, jornalista e diretor do semanário moçambicano Savana. “Antes das eleições havia muito mais tensão do que neste momento. Se os resultados fossem muito próximos uns dos outros, essa tensão certamente seria muito pior”, afirma o jornalista.

Fernando Lima
Fernando Lima, jornalista e diretor do semanário moçambicano SavanaFoto: DW

“Como os resultados projetados da vitória da FRELIMO e do seu candidato, Filipe Nyusi, têm uma grande amplitude – uma diferença de quase 30% em relação ao segundo candidato mais votado – é muito difícil, a não ser que surjam novas evidências de uma fraude maciça, o que duvido que possa vir a surgir”, explica Fernando Lima, acrescentando que isso “também teve o condão de baixar o potencial de tensão”.

A RENAMO anunciou na quinta-feira (16.10) que não reconhece os resultados das eleições gerais que apontam para uma vitória esmagadora de Filipe Nyusi, da FRELIMO, com cerca de 60% dos votos na corrida à presidência.

Em segundo lugar, surge o candidato da RENAMO, o principal partido da oposição. Afonso Dhlakama galvaniza 30% da contagem. Por último, o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) emerge com 11% dos votos para Daviz Simango.

Dhlakama também sai vencedor

Fernando Lima considera que, apesar da derrota da RENAMO, Afonso Dhlakama, o líder do movimento, sai vencedor do sufrágio. “Depois de uma votação muito significativa na RENAMO e no próprio candidato do partido”, sublinha o jornalista, “a RENAMO só pode estar satisfeita com os resultados alcançados”.

Wahlen Mosambik 15.10.2014 Afonso Dhlakama
Afonso Dhlakama após a votação na Escola Secundária da Polana, em MaputoFoto: DW/A. Cascais

Segundo o analista, “a RENAMO estava um pouco à deriva enquanto partido e enquanto organização política” e nestas eleições “Afonso Dhlakama foi claramente o herói destas eleições” e “um dos vencedores” do sufrágio.

Fernando Lima sublinha ainda que Dhlakama foi “um líder de campanha que onde esteve arrastou multidões e que, de algum, galvanizou também o voto da RENAMO”.

Está prevista para este sábado (18.10), em Maputo, uma conferência de imprensa da RENAMO, onde Dhlakama veiculará a posição formal do partido face aos resultados.

O diretor do semanário moçambicano Savana não prevê, no entanto, mexidas na cúpula do partido. “Se não fosse Afonso Dhlakama, a RENAMO teria resultados desastrosos. A RENAMO ainda se tornou mais dependente do seu líder e não o contrário”, afirma.

Votos “motivados pelo medo”

Para Josefina Guedes, jornalista da Rádio Nova Paz, emissora parceira da DW África, Dhlakama não tem motivos nem autoridade para rejeitar os resultados eleitorais em Moçambique.

“Ele não podia reagir de forma tão agressiva. Teve muita popularidade nas urnas nas regiões mais recônditas onde a população não se recenseou. Portanto, ele não provocar um conflito”, defende.

Esta jornalista de Quelimane, na província da Zambézia, refere, no entanto, a possibilidade de muitos eleitores em Moçambique terem votado motivados pelo medo. “A maioria diz ter votado por medo do conflito que houve em Muxugué e até por receio de que se não votassem em Afonso Dhlakama pudesse haver outro conflito”, defende.

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