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Mortos e desaparecidos no Mediterrâneo chegam a 950

18 de abril de 2015

Dados da ONU revelam que número de imigrantes ilegais que não completaram a travessia entre África e Europa neste ano é dez vezes maior do que no mesmo período do ano passado. Itália pede ajuda à UE e aos EUA.

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Symbolbild Flüchtlingskatastrophe Mittelmeer
Foto: imago/Anan Sesa

Chega a 950 o número de imigrantes mortos ou desaparecidos neste ano que tentam cruzar o Mar Mediterrâneo para desembarcar na Europa, segundo informação divulgada nesta sexta-feira (17/04) pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).

Com o aumento das temperaturas neste mês, cresce também a quantidade de imigrantes ilegais que se arriscam no mar rumo ao continente europeu, assim como o número de mortos nestas viagens. Em apenas uma semana – entre os dias 10 e 16 de abril – a Itália, um dos principais destinos, registrou mais de 11 mil desembarques em sua costa.

De acordo com a Organização Internacional para Migrações (OIM), apesar de o índice de imigrantes que chegam à Europa até agora estar bem próximo ao registrado no mesmo período do ano anterior, a estimativa de mortes é praticamente dez vezes maior. Apenas no fim de semana passado, 400 pessoas morreram após o naufrágio de um barco que transportava cerca de 550.

Em todo o ano passado, 3,4 mil pessoas perderam a vida no Mediterrâneo ao enfrentar o mar em embarcações precárias, fugindo da violência e da pobreza extrema em seus países de origem.

Queimaduras pelo corpo

Nesta sexta-feira, 301 imigrantes chegaram a Pozzalo, no sudeste da Sicília. Um deles foi preso por suspeita de envolvimento num esquema de tráfico de pessoas.

Outros 70 foram resgatados e levados à ilha de Lampedusa – 20 tinham queimaduras graves sofridas após a explosão de um gás de cozinha ainda na Líbia. Eles foram forçados a entrar na embarcação sem tratamento médico. Entre as vítimas estava um bebê de seis meses e uma mulher, que morreu no caminho.

Segundo a porta-voz da Acnur na Itália, Barbara Molinario, a explosão ocorreu em um local administrado por traficantes de pessoas na Líbia. Dezenas morreram. Os sobreviventes ficaram confinados por alguns dias, até que foram colocados em barcos lançados ao mar, contou Molinario.

"Isto é inaceitável. Trabalhos de busca e resgate precisam ser muito mais exaustivos e contar com o respaldo da União Europeia e dos Estados-membros. Esta é uma emergência humanitária que envolve todos nós", afirmou Federico Soda, coordenador das operações de emergência da OIM.

US-Präsident Obama empfängt italienischen Premier Renzi
Renzi e Obama: cooperação na luta contra o terrorismo na Líbia, que estimula a emigração no país africanoFoto: J. Watson/AFP/Getty Images

Apelo por ajuda europeia e americana

Em Roma, o ministro italiano do Exterior, Paolo Gentiloni, fez um apelo por mais apoio do bloco europeu. "A UE é o maior poder econômico de nossos tempos e não é possível que ela destine apenas 3 milhões de euros por mês a emergências migratórias", criticou.

Gentiloni referiu-se ao custo da operação Triton, uma missão de patrulha costeira coordenada pela União Europeia considerada muito tímida, deixando o maior peso do resgate de migrantes naufragados no Mediterrâneo nas costas da guarda costeira e da Marinha italiana.

Durante encontro nesta sexta-feira em Washington com o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, prometeu uma maior cooperação na luta contra o terrorismo na Líbia, que desestabiliza o país africano e intensifica a crise migratória. Obama destacou que os esforços para combater terroristas, porém, devem ser combinados com uma solução política, coordenada com outros parceiros.


MSB/dpa/ap