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Missão internacional na Guiné-Bissau sem resultados concretos

21 de dezembro de 2012

A missão conjunta da comunidade internacional concluiu, sexta-feira (21.12), a visita de avaliação à Guiné-Bissau, qualificando-a de “extremamente importante”. As Forças Armadas esperam que o clima de tensão alivie.

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Bissau
BissauFoto: Creative Commons/Teseum

No término da vista, que decorreu entre 16 e 21 de dezembro, o chefe da missão não adiantou quaisquer resultados concretos. Ghassim Wan, diretor do departamento de paz e segurança da União Africana (UA), considerou a presença internacional como “extremamente importante”, sem referir os passos que se seguem.

Ghassim Wan afirma que o país "está confrontado com desafios enormes, mas também é claro que a Guiné-Bissau precisa de apoio de todos os parceiros que possam ajudar a superar esses desafios”. “Pensamos que esta visita vai ajudar-nos a reiterar o nosso compromisso de apoio à Guiné-Bissau”, acrescentou.

A missão internacional levou à Guiné-Bissau representantes da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), União Africana (UA), União Europeia (UE) e Organização das Nações Unidas (ONU). Agora o chefe da missão está empenhado em “conciliar as visões” das várias organizações.

Governo de transição quer eleições em 2013

No terreno, a missão da comunidade internacional reuniu-se com as autoridades civis e militares guineenses, nomeadamente, com o Presidente da República, governo de transição, Mesa da Assembleia Nacional Popular, partidos políticos, líderes religiosos, sociedade civil e chefias militares.

Esteve em análise o ponto da situação na Guiné-Bissau, em particular o processo de transição em curso, a realização das próximas eleições gerais, as reformas nos sectores da defesa e segurança e o tráfico de droga que, segundo as Nações Unidas, tem vindo a aumentar desde o golpe militar de 12 de abril deste ano.

Uma das principais prioridades do governo de transição é a realização de eleições gerais em 2013, no entanto, não dispõe de meios financeiros, conforme informou à delegação internacional.

As autoridades deverão, portanto, contactar os doadores internacionais, o que já é habitual, pois a Guiné-Bissau nunca organizou eleições apenas com os recursos internos.

“Estamos prontos” para reforma na defesa e segurança

Quanto à reforma do sector de Defesa e Segurança, o chefe da missão conjunta considera-a “muito importante para a estabilização a longo prazo da Guiné-Bissau”. Ghassim Wan avalia ainda como positivo o fato de ter tido a possibilidade de “ver e falar com outros responsáveis para melhor ter uma perspetiva global dessa questão e, assim, poder saber o que os parceiros poderão fazer nesse domínio”.

Das chefias militares, a delegação ouviu garantias da submissão ao poder político e aceitação da reforma no sector: “as Forças Armadas da Guiné estão submissas ao poder político e quanto à questão da reforma, nós estamos prontos para que seja uma realidade”, disse o porta-voz do Estado-maior General das Forças Armadas, Daba Na Walna.

Daba Na Walna acrescentou: “estamos agora na dependência do poder político. Se se conseguirem meios financeiros para que a reforma seja uma realidade, os militares não se opõem”.

A missão deverá trazer frutos

O porta-voz do Estado-maior General das Forças Armadas deseja que a visita da missão internacional “tenha contribuído, de algum modo, para desanuviar a tensão que ainda persiste mas que tende a normalizar-se”. “Acho que dialogando nós nos entendemos. Acredito piamente que este encontro nos traga frutos”, rematou Daba Na Walna.

Também Ghassim Wan deseja esses frutos. O chefe da missão espera que, depois da visita ao país, a comunidade internacional esteja munida das ferramentas necessárias e una esforços para harmonizar posições de forma a ajudar a Guiné-Bissau a sair da crise em que se encontra após o golpe de estado de 12 de abril.

A missão foi informada que o próximo ano de 2013 poderá ser difícil para o país em termos económicos. Segundo dados do governo guineense, o crescimento económico do país terá que ser revisto em baixa, devendo situar-se entre 2,2 ou 2,3% e não nos 4,5%, inicialmente previstos no início do ano. A revisão em baixa deve-se à instabilidade e à quebra da exportação da castanha de caju, o principal produto de exportação do país.

Autor: Braima Darame (Bissau)
Edição: Glória Sousa / António Rocha

Missão internacional na Guiné-Bissau sem resultados concretos

Daba Na Walna, porta-voz do Estado-maior General das Forças Armadas
Daba Na Walna, porta-voz do Estado-maior General das Forças ArmadasFoto: picture-alliance/dpa
Militares guineenses garantem estar aptos para a reforma do sector de defesa e segurança
Militares guineenses garantem estar aptos para a reforma do sector de defesa e segurançaFoto: Reuters
Soldados da CEDEAO em Bissau
Soldados da CEDEAO em BissauFoto: AFP/Getty Images
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