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Militares guineenses aceitam condições da CEDEAO e libertam dirigentes

27 de abril de 2012

Segundo agências, Carlos Gomes Júnior e Raimundo Pereira já chegaram a Abidjan, depois de presidentes dos Estados da África Ocidental darem ultimato ao Comando Militar autor de golpe na Guiné-Bissau.

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From (L to R) Senegal's President Macky Sall, Guinea's President Alpha Conde and Togo's President Faure Gnassingbe attend an Economic Community of West African States (ECOWAS) meeting to discuss the Mali crisis and Guinea-Bissau's coup in Abidjan April 26, 2012. REUTERS/Luc Gnago (IVORY COAST - Tags: POLITICS)
Abidjan ECOWAS Treffen Macky Sall Alpha Conde Faure GnassingbeFoto: Reuters

Soldados na Guiné-Bissau terão libertado o presidente interino, Raimundo Pereira, e o ex-primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, detidos pelos militares desde o golpe de Estado que estes protagonizaram no último dia 12.04.

A agência noticiosa Lusa cita um familiar do ex-chefe de governo da Guiné-Bissau a relatar a libertação, que teria sito igualmente relatada por fontes militares à agência.

Já segundo a agência noticiosa Reuters, tanto Carlos Gomes Júnior quanto Raimundo Pereira já terão chegado à Costa do Marfim, na noite desta sexta-feira (27.04). A agência também cita o ministro da Integração Africana da Costa do Marfim, Adama Bictogo, como fonte.

A Lusa diz que os dois antigos dirigentes da Guiné-Bissau partiram no mesmo
avião que levou os elementos do Comando Militar que participaram quinta-feira (26.04) numa cimeira extraordinária da CEDEAO em Abidjan. Mais cedo, o porta-voz do Comando Militar, Daba Na Walna, não confirmou a libertação.

Raimundo Pereira e Carlos Gomes Júnior foram libertados um dia depois que a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) anunciou o envio de tropas à Guiné-Bissau, ameaçando o país de sanções contra soldados que resistissem às condições do órgão para o retorno ao poder civil.

Ouça também as emissões deste fim-de-semana com as últimas notícias sobre a Guiné-Bissau (links abaixo).

Festa entre a população

De acordo com a agência noticiosa Lusa, após divulgação da notícia esta sexta-feira (27.04), dezenas de pessoas concentraram-se em Bissau na sede do PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde), no poder até dia 12, a festejar a "libertação" do primeiro-ministro e do presidente interino.

A cimeira extraordinária da CEDEAO em Abidjan decidiu enviar, nos próximos dias, um contingente de até 600 soldados para a Guiné-Bissau para garantir a transição do poder militar aos civis. O Comando Militar aceitou as condições da CEDEAO nesta sexta-feira (27.04).

O contingente militar com destino à Guiné-Bissau terá entre os objetivos a missão de assistir à estabilização do processo de transição de governo, preparar a reforma do setor da defesa e segurança e facilitar a retirada da Missão de Assistência Técnica e Militar de Angola na Guiné-Bissau (Missang). A Nigéria, o Togo, a Costa do Marfim e o Senegal colocarão os militares à disposição do contingente a ser enviado pela CEDEAO.

Os responsáveis da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental tinham garantido que se o Comando Militar não se submeter às exigências da organização sub-regional serão impostas sanções "com efeito imediato" : sanções diplomáticas, econômicas e financeiras, sem excluir processos no Tribunal Penal Internacional (TPI).

Guiné-Bissau: um assunto coletivo

No próximo domingo, será a vez do grupo de contato oeste-africano reunir-se para avaliar a situação na Guiné-Bissau. O encontro está marcado para acontecer em Banjul, capital da Gâmbia e terá participação dos chefes da diplomacia de Cabo-Verde, Nigéria, Benin, Togo, Senegal, Gana e do país anfitrião.

Além deste encontro, Dacar, no Senegal, sediará dia 03.05 uma cimeira para reunir os chefes de Estado da sub-região. O intuito também é abordar a situação na Guiné-Bissau.

Esta sexta-feira, a Frente Nacional Anti-golpe (FRENAGOLPE) que reúne partidos políticos e associações contra o golpe de Estado perpetrado no dia 12 de abril, se mostrou satisfeita com o anúncio do envio de militares da África Ocidental para a Guiné-Bissau.

Entretanto, o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas da Guiné-Bissau, António Indjai, que ainda não tinha aparecido publicamente desde o golpe militar, participou esta sexta-feira numa reunião entre o Comando Militar e os chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas da Nigéria, do Senegal e da Costa do Marfim, no aeroporto internacional de Bissau. Desconhece-se por enquanto o resultado do encontro.

Atualizado em 29.04

Autora: Bettina Riffel/Renate Krieger (Lusa/Reuters/AFP)
Edição: António Rocha/Madalena Sampaio