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Merkel defende mudanças em tratados e fortalecimento da UE

18 de dezembro de 2013

No primeiro discurso após assumir terceiro mandato e na véspera de cúpula da UE, chanceler federal alemã pede que países em crise se esforcem para cumprir as reformas prometidas e permitam ajustes nos acordos do bloco.

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Foto: picture alliance/AP Photo

A chanceler federal alemã, Angela Merkel, pediu nesta quarta-feira (18/12) que os países em crise da União Europeia (UE) se esforcem mais para cumprir as reformas estruturais prometidas e abram a porta para modificações nos tratados europeus.

"A credibilidade da Europa foi muitas vezes abalada por compromissos e resoluções não cumpridas", ressaltou, em seu primeiro discurso no Bundestag, a câmara baixa do Parlamento alemão, um dia após assumir seu terceiro mandato e na véspera de uma reunião de cúpula da União Europeia.

Merkel defendeu uma evolução dos tratados europeus para aprofundar a integração europeia. "Desde o Tratado de Lisboa, temos uma situação na Europa em que todos dizem 'podemos desenvolver tudo, mas não podemos mudar os tratados'. Penso que dessa maneira não podemos construir uma Europa que verdadeiramente funcione."

Ela argumentou que o futuro do bloco depende de alterações nos tratados da UE. "Quem quer mais Europa, também deve estar preparado para redistribuir determinadas competências", avisou. "Há na Europa uma situação em que a Alemanha é muitas vezes acusada de resistir a certos desenvolvimentos. Isso não é verdade. Fazemos parte dos que dizem que deve haver uma evolução dos tratados."

A líder alemã viaja nesta quarta para Paris, para preparar com o presidente francês, François Hollande, a cúpula europeia, agendada para quinta e sexta-feira em Bruxelas. A França é um dos países que se opõem a alterações nos tratados que definem a arquitetura institucional da União Europeia.

Acordos vinculativos

Continuando a linha que seguiu durante a crise do euro, Merkel defendeu também que os membros da UE firmem acordos vinculativos com a Comissão Europeia para aplicar as reformas necessárias. Ela propôs que os países que não os cumprirem sofram consequências na distribuição de fundos estruturais comunitários.

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Hollande: presidente francês se opõe a alterações nos tratados europeusFoto: Reuters/France Televisions

A chanceler federal reconheceu que a crise da dívida europeia ainda não acabou, mas que ela pode ser superada de forma permanente, e defendeu que a Europa avançou muito no caminho para a estabilidade e o crescimento. Segundo a política alemã, Irlanda e Espanha já podem colher os frutos de seus esforços e abrir mão de programas europeus de assistência, enquanto Portugal, Chipre e Grécia fizeram "progressos significativos".

Merkel sublinhou ser importante continuar combatendo as causas da crise, que seriam o endividamento excessivo de alguns países, deficits na competitividade, desequilíbrios e econômicos e distorções graves no setor financeiro. Ela pediu, ainda, que sejam sanados "defeitos de construção da união econômica e monetária".

Ucrânia

A cúpula da UE provavelmente discutirá também a situação da Ucrânia. Merkel salientou que a oferta de associação ao bloco, feita à ex-república soviética, continua de pé, mesmo após a promessa de empréstimo bilionário de Moscou. Ela ressaltou, porém, que a Ucrânia deve garantir aquilo que a UE espera de todo país: garantias razoáveis para o direito de manifestação e o respeito pelas regras básicas da democracia.

A chanceler federal afirmou que sua nova coalizão de governo tem como tarefa principal incentivar uma integração mais profunda da UE. "O governo da grande coalizão quer que a Alemanha, como um dos membros fundadores da UE, continue desempenhando um papel de responsabilidade e de incentivo à integração."

No debate que se seguiu ao discurso, a líder da bancada parlamentar do partido A Esquerda, Sahra Wagenknecht, acusou Merkel e sua coalizão de governo de implementar uma política europeia a favor dos mercados financeiros e contra os menos favorecidos. Já a líder do Partido Verde, Katrin Göring-Eckardt, pediu que a Alemanha paute sua política europeia pela luta em prol da democracia e dos direitos humanos.

MD/afp/lusa/dpa/rtr