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Medicinas tradicional e convencional em braço de ferro na Zambézia

Marcelino Mueia (Quelimane)21 de agosto de 2014

Em Moçambique médicos tradicionais afirmam que se sentem desprezados pelo governo. afirmaram que exemplo disso esta o aumento de partos a cesariana que deviam ser evitados nas maternidades dos hospitais públicos.

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Mulheres discutem sobre gravidez precoce em Nampula, MoçambiqueFoto: DW/N. Carvalho

Os praticantes da medicina tradicional na Zambézia condenam o aumento de partos à cesariana.

Segundo descrevem membros da Associação de Médicos Tradicionais de Moçambique (AMETRAMO), estes partos poderiam ser evitados com a participação dos médicos tradicionais no processo de tratamento das parturientes.

Cacilda da Conceição, médica tradicional na província central da Zambézia, pede inclusão da AMETRAMO na assistência de partos nas maternidades como forma de melhorar a saúde materna: "O Governo deve dar-nos prioridade de entrar no hospital, na maternidade, para identificarmos quem precisa ou não de ficar no hospital e quem deve ir para a sala de operações."

A médica tradicional revela que "agora todos os bebés nascem por cesariana e isso é um problema para nós, médicos tradicionais."

Madalena Félix, outra medica tradicional, acusa o Governo de limitar a liberdade de expressão da sua associação.

Madalena Felix, Heilerin aus Quelimane, Mosambik
Madalena Félix, médica tradicionalFoto: M. Mueia

Madalena Felix é da opinião que os partos difíceis nos hospitais públicos poderiam primeiro ser encaminhados para observação de uma médica tradicional antes de serem submetidos à cirurgia.

Segundo ela "há nascimentos por cesariana mas que não deveriam ser [feitos com este método ]. Através de partos difíceis - em que uma pessoa não concebia e, para conceber, seria preciso que ela passasse pelos curandeiros para lhe darem medicamentos, então sabe-se que estes partos são dificeis."

Medicina tradicional incapaz?

Maria Rosa Jacinto, supervisora do Programa de Saúde da Mulher e criança na direção de saúde na Zambézia, disse que os partos não podem ser submetidos ao tratamento tradicional tal como solicitam os médicos.

A supervisora nega, justificando que "a parteira tradicional não tem esta capacidade. Mesmo que ela consiga saber que o bebe não vai passar, não tem como ajudar o bebé a passar."

Maria Rosa Jacinto
Maria Rosa Jacinto, funcionária do serviço provincial de saúde na ZambéziaFoto: M. Mueia

No final, uma solução bem sucedida é o que Maria José Jacinto defende: "para nós, se não passa por baixo passa por cima através de uma cesariana."

Nos primeiros seis meses deste ano, foram feitos nos centros de saúde da província da Zambézia 2.750 partos, o que representa um aumento de 4 por cento em comparação com igual período do ano passado.

Entretanto há complicações que preocupam as autoridades de saúde locais. "Nós temos muitas mulheres que estão a ter esta complicação de ruptura uterina", conta Maria José Jacinto.

Os números e danos são apresentados pela profissional de saúde. "No primeiro semestre, tivemos 68 óbitos maternos dos quais discutimos 30 processos e desses 15 eram casos de ruptura uterina. É muito preocupante, a mulher perder o seu útero", explica

Reconhecimento da medicina tradicional

O médico especialista em cirurgia no hospital provincial de Quelimane, Aldo Marchazine, considera indispensável o uso da medicina tradicional para a saúde humana, mas depende das circunstâncias em que se encontram os pacientes.

Rohstoffprojekte in Afrika Kohleabbau in Mosambik
Alberto Vaquina, primeiro ministro de MoçambiqueFoto: Marta Barroso

Marchaziane destaca que "a medicina tradicional tem grande importância nas exigências de saúde da população. Ha de ser um tratamento que trate de tudo, de toda a sua realidade." O médico destaca a importância de um intercâmbio: "mas quanto mais os conhecimentos de nós para eles e deles para nós circularem, estaremos todos enriquecidos."

Recentemente o primeiro-ministro de Moçambique Alberto Vaquina esteve reunido em Quelimane com parceiros que apoiam o setor de saúde a reduzir novas infeções do Sida em Moçambique.

Vaquina elogiou o contributo de médicos tradicionais neste processo. "Continuar a trabalhar para vermos como nos reforçamos uns aos outros. Os serviços de saúde formais, como podem usar melhor a capacidade da medicina tradicional, não apenas referindo a casos, mas também a algumas questões cuja solução provavelmente encontra mais faciliddae se for abordado por alguém da medicina tradicional", disse.

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