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Mantega afirma que crise internacional afeta crescimento do PIB brasileiro

31 de agosto de 2012

Economia cresce apenas 0,4% no segundo trimestre, com notável queda das exportações. Ministro da Fazenda admite que medidas de estímulo ao setor produtivo ainda não surtiram efeito.

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Foto: Reuters

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta sexta-feira (31/08) não acreditar que haverá uma melhora na crise internacional nos próximos meses. Segundo Mantega, a "crise crônica" está prejudicando as exportações brasileiras e também a de outros países emergentes, como a China e a Índia.

"Não vejo nenhuma luz no fim do túnel, os problemas não estão sendo adequadamente equacionados", avaliou o ministro em entrevista coletiva concedida a veículos internacionais de imprensa para comentar os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), também nesta sexta-feira, sobre o PIB brasileiro no segundo trimestre deste ano.

Os números revelam que entre maio e julho deste ano, o PIB teve uma expansão apenas de 0,4% em comparação com os três primeiros meses do ano, alcançando 1,1 trilhão de reais. Com relação ao mesmo período de 2011, o crescimento foi de 0,5%. Ainda de acordo com o IBGE, nos últimos 12 meses – entre agosto de 2011 e julho de 2012 – o PIB brasileiro cresceu 1,2% em relação ao período anterior.

Para o ministro, os dados foram "fortemente influenciados pelo agravamento da crise externa". As exportações brasileiras sofreram uma queda de 3,9% e a indústria teve um desempenho negativo de 2,5%. Já a agropecuária cresceu 4,9% neste mesmo período e os serviços também tiveram resultado positivo em 0,7%.

"Este resultado do segundo trimestre reflete, por um lado, a influência negativa da economia mundial. E, por outro, indica que as várias medidas de estímulo ainda não estão fazendo efeito plenamente na economia brasileira", avaliou o ministro.

Setor produtivo

Nos últimos meses o governo vem anunciando uma série de medidas com o objetivo de estimular o setor produtivo, reduzindo os custos com mão de obra, os custos de capital e aumentando a competitividade do produção brasileira no mercado internacional. Entre elas estão a desoneração da folha de pagamentos de 20 setores produtivos, a concessão da construção de rodovias e ferrovias e a diminuição da taxa básica de juros. Na quarta-feira passada, o Banco Central anunciou uma redução de 0,5% na Selic, a nona consecutiva.

O ministro afirmou que a atual redução de tributos para estimular investimentos e consumo chegará, até o fim do ano, a 20 bilhões de dólares, e destacou que o corte deverá ser ampliado para o restante da economia brasileira em médio e longo prazo.

Especialistas acreditam que as ações de estímulo ainda devem levar um certo tempo para impactarem nas exportações e, consequentemente, num maior crescimento do PIB, como pretende o governo brasileiro. Eles esperam um maior impacto na aceleração da economia para o ano que vem.

Vendas da indústria automobilística estão batendo recordes no Brasil
Vendas da indústria automobilística estão batendo recordes no BrasilFoto: AFP/GettyImages

Câmbio favorável

Mantega também ressaltou que a desvalorização do real, mais intensificada nos últimos quatro meses, ainda não surtiu efeitos. Mas, otimista, disse que o câmbio favorável aos produtos brasileiros no mercado externo "já começa a animar" a indústria.

"Esse crescimento de 0,4% no segundo trimestre já ficou para trás porque neste terceiro trimestre já há fortes indicadores de recuperação de vários setores da economia", afirmou o ministro. Sem fazer uma previsão exata para o PIB em 2012, Mantega garantiu apenas que os índices de crescimento do segundo semestre estarão bem acima de 2% anualizados.

"Estamos olhando para frente e trabalhando com uma aceleração no terceiro e quarto trimestres. Deveremos terminar o ano, no último trimestre, com uma taxa de crescimento em torno de 4%." Ontem o governo anunciou uma revisão para baixo na expectativa de aumento do PIB em 2013, dos anteriores 5,5% para 4,5%.

Demanda interna

De acordo com os dados do IBGE, entre os componentes da demanda interna, o consumo das famílias teve um crescimento de 0,6% no segundo trimestre do ano, em comparação com os primeiros três meses. Em relação ao mesmo período de 2011, o aumento foi de 2,4% – a 35ª variação positiva consecutiva nessa base de comparação. Contribuíram para esse aumento o crescimento da massa salarial e do crédito.

Para Mantega, os números mostram que a demanda interna continua "sadia". Ele ressaltou que nos últimos três meses as vendas da indústria automobilística estão batendo recordes. Produtos da chama "linha branca" (geladeiras, fogões, tanquinhos e máquinas de lavar) e materiais de construção também estão retomando o crescimento.

Autora: Mariana Santos
Revisão: Carlos Albuquerque