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Literatura lusófona: diversidade e identidades no Festival Berlinda

16 de novembro de 2012

No último mês passaram pelo Festival Berlinda artistas, músicos, escritores e cineastas do contexto lusófono. Na quarta-feira (14.11) realizou-se um debate sobre a situação da literatura lusófona no contexto global.

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***Achtung: Nur zur mit Berlinda Festival abgesprochenen Berichterstattung verwenden!*** Marta Lança, Expertin von CPLP, Luiz Ruffato, brazilianischer Schriftsteller, und Michael Kegler, der Übersetzer. Copyright: Inês Thomas Alemida/Berlinda Festival November, 2012, Berlin
Berlinda Festival 2012Foto: Berlinda Festival/Inês Thomas Alemida

Lusofonia. A mesma língua e as mesmas identidades culturais. A cada dia que passa, o termo ganha mais destaque. Mas qual seria a identidade lusófona?

Uma pergunta à qual a jornalista portuguesa e editora do blog de cultura contemporânea africana "Buala", Marta Lança, lançou no debate em Berlim e responde com cautela: "Oficialmente há duzentos e tal milhões de falantes, mas isso não corresponde a uma identidade que as pessoas reivindiquem para si."

Segundo Lança, isso constitui um discurso político, económico e até cultural, pois algumas pessoas sentem isso como uma identidade, mas ela lembra que "dentro desses países há tantas outras identidades, como as línguas e influências. Não podemos reduzir a identidade lusófona como se fosse a matriz principal desses povos."

Falamos em especial de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Moçambique. Falamos do espaço que a literatura de língua portuguesa conquistou no mundo e que ainda é muito limitado.

Difícil penetração nos mercados
A jornalista portuguesa explica que esta é uma literautura muito explorada por académicos portugueses e brasileiros, mas pouco conhecida e traduzida fora do espaço de língua portuguesa.

O debate sobre a situação da Literatura lusófona conteceu na embaixada brasileira em Berlim
O debate sobre a situação da Literatura lusófona conteceu na embaixada brasileira em BerlimFoto: Berlinda Festival/Inês Thomas Alemida

Por causa disso este tipo de Literatura "é duplamente periférica no caso dos PALOP, Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, porque tudo o que tem a ver com a Literatura Africana é conotado com o exótico e com um nicho de mercado muito específico", conclui Marta Lança.

Soma-se a isto, a responsabilidade comum que os autores herdaram de registar a história recente de seus países.

Segundo Marta Lança, isso acabou por limitar o alcance das obras, mas, por outro lado, permitiu conquistar o público: "Sinto que há uma expetativa que acaba por ser redutora para esses autores."

Ela defende que há uma obrigação de haver um lado documental. Isso claro que não interessa toda a gente, sem dúvida que foi uma fase também para penetrarem no mercado editorial europeu teve de ser por aí.

O preço da fama

José Eduardo Agualusa, um dos escritores lusófonos com mais projeção. Ele é angolano
José Eduardo Agualusa, um dos escritores lusófonos com mais projeção. Ele é angolanoFoto: picture-alliance/dpa

Marta lembra, entretanto, o preço que se paga por uma maior exposição: "Nós entramos sempre pela porta do exótico. E depois se conquistando o espaço já se pode escrever sobre outras realidades e ter um estatuto mais universal como qualquer outro autor."

E qual é a aparência do futuro da Literatura lusófona produzida em África?

Para a jornalista portuguesa, Marta Lança, os revézes sócio-económicos da atualidade tiram o foco do período colonial e dão o tom do que vem por aí: "Por exemplo, há toda uma história pré-colonial que seria interessante dar a conhecer, e também o que aconteceu nesses trinta anos pós as independências. Começa a haver um interesse."

Por Berlim, que acolheu o evento, passaram grandes nomes da cultura de língua portuguesa como Agualusa, Aline Frasão, Ondjaki, e Pedro Pimenta, que apresentaram os seus mais recentes trabalhos ao público da capital alemã.

Autora: Cristiane Vieira (Berlim)
Edição: Nádia Issufo/António Rocha

Literatura lusófona: diversidade e identidades no Festival Berlinda