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Jovens organizam manifestação em memória de massacre

Nelson Sul D'Angola (Benguela)26 de maio de 2015

Um grupo de jovens está a organizar uma manifestação em Benguela em memória dos massacres de 27 de maio de 1977, mas o Governo da província angolana já proibiu a sua realização.

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Os jovens ativistas promotores da manifestaçãoFoto: DW/N. Sul D'Angola

Um grupo de jovens pertencentes ao denominado Movimento Revolucionário agendou para esta quarta-feira (27.05) a realização de uma manifestação em Benguela, em memória dos massacres de 27 de Maio de 1977.

A data relembra a matança de cerca de 30 mil pessoas em consequência da repressão das autoridades angolanas, que teriam inviabilizado uma alegada tentativa de golpe de Estado, dirigida pelo então Ministro do Interior, Nito Alves, contra o regime do então primeiro Presidente da República Popular de Angola, António Agostinho Neto.

O massacre ocorreu há 38 anos e concretizou-se no assassinato, sem qualquer julgamento, de vozes discordantes do regime de Agostinho Neto.

Os jovens promotores da manifestação alegam que as práticas do 27 de maio continuam enraizadas no atual regime de José Eduardo dos Santos.

“Nós não vamos só honrar a memória dos nossos concidadãos que morreram no dia 27 de maio, como vamos honrar também a memória dos nossos concidadãos e irmãos patriotas como Alves Kamulingue, Isaías Cassule e Hilbert Ganga, e tantos outros que têm clandestinamente sido mortos pelo regime ditatorial”, diz Eduardo Ngumbe, um dos promotores da manifestação.

Governo proíbe mas ativistas não recuam

As autoridades da província de Benguela já foram notificadas e proibiram a realização da manifestação, por, alegadamente, entenderem que a mesma tem como objetivo homenagear um ato que visou pôr em causa a segurança do Estado.

No entanto, e apesar da recusa das autoridades, os jovens ativistas dizem que não pretendem recuar e denunciam alegadas ameaças de morte por parte das autoridades governamentais.

“Recebemos [ameaças] do diretor do Gabinete do Governador, e recebemos do Sr. Mota, do comando policial, e de tantos outros que ligam clandestinamente. Numa reunião que tivemos com o Sr. Mota ele até chegou a perguntar-nos se estávamos preparados para repetir o dia 27 de maio, tipo fazer uma segunda edição”, conta Ngumbe.

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Apesar de ter proibido a manifestação, o Governo de Benguela, em conjunto com as autoridades policiais, tem procurado dialogar com os jovens manifestantes, mas estes alegam não estarem disponíveis para tal, uma vez que o Governo os quer “corromper”, segundo afirma Eduardo Ngumbe.

“Nós temos exemplos claros de jovens que foram aliciados, e eles também querem fazer isso connosco: aliciar-nos, para parecer que ninguém está descontente e que está tudo bem”, diz o ativista.

O massacre de 27 de maio de 1977 ainda é um tabu na sociedade angolana e um tema bastante sensível para o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido no poder desde a independência do país em 1975. Estes jovens pretendem chamar a atenção da sociedade sobre o acontecimento, para que se acabem as perseguições e os assassinatos políticos no país.

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