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Jovens angolanos fazem novo protesto no sábado

Cristina Krippahl15 de agosto de 2014

Desta vez a manifestação parte de um musseque, revelam os organizadores à DW África. Trata-se de apresentar reivindicações muito concretas destinadas a melhorar as condições de vida da população no Belas.

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Protesto em Luanda a 23 de novembro de 2013Foto: Getty Images/Afp/Estelle Maussion

Um dos organizadores é António Catuienze, que diz esperar ter a adesão de muitos residentes locais na manifestação de sábado (16/08): "Como ativistas conhecemos bem os problemas do município", razão pela qual convocaram a manifestação "para as 10 horas da manhã na Rotunda do Camama".

Trata-se de avançar com duas reivindicações muito concretas, acrescenta Catuienze. Primeiro, resolver os problemas com a água potável, e segundo, obter electricidade: "O caso da energia para nós é essencial, uma vez que sem energia o musseque é um inferno, por causa da bandidagem e dos assaltos".

Também Mbanza Hamza, rapper e apoiante do chamado Movimento dos Jovens Revolucionários, vai participar nesta ação.

"A intenção é muito mais profunda ao levarem agora as manifestações para os musseques", diz Mbanza Hamza. "O objetivo é atingir diretamente as pessoas, mostrar-lhes a sua realidade e fazê-las refletir. Porque uma coisa que queremos muito, que está acima da alternância dos poderes estabelecidos em Angola, é a transformação das mentalidades."

A Outro jovem que vai estar presente é Manuel Nito Alves, que na quinta-feira (14.08) foi ilibado por um tribunal angolano do crime de difamação e injúria do Presidente José Eduardo dos Santos. O ativista foi detido no ano passado por mandar imprimir camisolas com palavras injuriosas contra o chefe de Estado, embora nessa altura tivesse apenas 17 anos. Apesar das provações pelas quais passou, o jovem não baixa os braços.

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"Não temo pela minha vida e não retiro nem um ponto das minhas declarações tendo em conta a minha convicção e os meus princípios ideológicos", diz Nito Alves. "Mais vale respeitar o povo do que fazer parte da classe dominante, concretamente do Governo de José Eduardo dos Santos e do seu MPLA."

Violência

Os jovens que planeiam participar na manifestação de amanhã não descartam a possibilidade de uma intervenção violenta por parte da polícia, uma vez que este comportamento das forças de segurança se vem tornando um hábito. Aliás, conta Nito Alves, também na quinta-feira, jovens que se manifestavam em seu apoio diante do tribunal foram detidos pela polícia no exercício dos seus direitos de cidadãos.

"Os jovens foram detidos, um foi mordido por um cão. Foram espancados durante a detenção", corrobora Mbanza Hamza. "Nas esquadras, [os detidos] negaram-se a prestar declarações à polícia para o registo e foram novamente espancados. Mesmo estando muito claro na nossa lei que, nessas circunstâncias, o detido tem o direito de ficar calado e prestar declarações só na presença do advogado."

Mbanza Hamza
Ativista angolano Mbanza HamzaFoto: privat

Por isso, se a violência vier não virá como uma surpresa, segundo os três ativistas. Tanto mais que estão cientes de que levar as manifestações para os musseques ainda é mais alarmante para as autoridades, diz o rapper Hamza. Porque se trata de ajudar a despertar as pessoas que mais sentem os efeitos da ditadura na pele. Mas não haverá o perigo da população se virar contra os manifestantes, caso tragam problemas para as suas zonas residenciais? Mbanza Hamza acha que não.

"Eles vêem as zungueiras serem agredidas. Muitas dessas pessoas são, elas próprias, zungueiras, andam nas ruas. E quando lá vamos dizer que protestamos como uma forma de ‘puxar as orelhas’ ao nosso Governo, para parar com essas atitudes, elas entendem com mais facilidade", afirma o jovem angolano. "Acho que elas ficam mais do nosso lado do que do lado da polícia. Porque sabem que as estamos a defender."

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