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Irã pretende derrubar restrições de acesso à internet, diz ministro

2 de março de 2014

Ali Janati, da pasta da Cultura, garante que governo quer liberar uso pleno da rede aos iranianos, mas medida esbarra no conservadorismo. Teerã também está de olho na expansão do comércio virtual.

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Foto: IRNA/Nmedia-Fotolia

O ministro da Cultura do Irã, Ali Janati, revelou neste domingo (02/03) que Teerã está trabalhando para remover restrições ao uso da internet, como parte do compromisso do novo governo de permitir mais liberdades à população. Atualmente, o país emprega um sistema de filtragem rigoroso, que restringe o acesso a websites considerados pelas autoridades como anti-Islã, imorais ou perniciosos às instituições islâmicas.

Apesar dos bloqueios impostos pelo governo, muitos iranianos usam sistemas antifiltro e acessam as páginas "proibidas". A visita a alguns sites, como o Facebook e o Twitter, por exemplo, não é tecnicamente ilegal. No entanto, para entrar neles, o usuário precisa utilizar uma rede virtual privada (VPN) – essa, sim, ilegal.

"Cerca de 4 milhões de iranianos têm conta no Facebook, e nós o temos aqui como bloqueado", declarou Janati à agência estatal de notícias Irna . "Não podemos restringir o avanço de tal tecnologia sob o pretexto de defender os valores islâmicos."

Entre os usuários do Facebook estão várias autoridades iranianas, como o ministro do Exterior Mohammad Javad Zarif, com mais de 850 mil seguidores.

Janati ressaltou, ainda, que 71% dos moradores de Teerã possuem satélites e assistem a canais estrangeiros, algo também ilegal no país. "Isso significa que milhões de pessoas na capital estão cometendo um crime todas as noites", comentou.

Ali Jannati Iran Kulturminister
Janati admite que 71% dos moradores de Teerã têm acesso ilegal à TV estrangeiraFoto: Yasser Al-Zayyat/AFP/Getty Images

Para Janati, as atuais restrições a mídias são muito semelhantes às regras impostas ao país logo após a Revolução de 1979, quando foram proibidos aparelhos de fax e aparelhos de vídeo. "Se olharmos para trás, veremos que muitas das medidas que tomamos após a revolução eram ridículas."

Tempo para implementação

O presidente do Irã, Hassan Rouhani, empossado em agosto último, assegurou aumentar as liberdades individuais dos cidadãos iranianos, atualmente restritas por uma série de regras estabelecidas pelos governos anteriores. Suas promessas de maior tolerância em questões sociais, culturais e midiáticas o ajudaram a bater os concorrentes mais conservadores nas eleições.

As propostas de Rouhani para mudança das políticas atualmente em vigor, no entanto, têm encontrado forte resistência entre integrantes da linha-dura. Assim, mesmo garantindo que o governo tenta remover as restrições à internet, o ministro Janati ressaltou que a decisão não poderá ser implementada a curto prazo.

Uma comissão de 13 membros determina quais conteúdos online podem ser acessados do Irã. Entre os sites atualmente proibidos estão Facebook, Twitter, YouTube e diversos blogs.

"Os seis ministros que fazem parte do comitê de filtragem já afirmaram claramente que não podemos continuar nos isolando do mundo", revelou Janati. "Contudo, esta é uma daquelas questões que levam tempo para ser solucionadas – mas ela será resolvida."

O anúncio deste domingo ocorre num momento em que o governo do Irã volta a se empenhar para aumentar a velocidade de navegação na internet, notoriamente lenta no país. A medida é parte dos esforços de Teerã para facilitar e estimular o comércio virtual.

MSB/afp/dpa