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Irã e potências fecham acordo prévio sobre programa nuclear

2 de abril de 2015

Entendimento sobre pontos centrais de um futuro acordo é alcançado após oito dias de negociações na Suíça. Ambos os lados se mostram satisfeitos com o resultado.

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Foto: Getty Images/AFP/F. Coffrini

Depois de oito dias de negociações, o Irã e seis potências mundiais (chamadas de P5+1) chegaram a um entendimento em pontos-chave do acordo sobre o controverso programa nuclear iraniano, comunicaram nesta quinta-feira (02/04) a chefe da política externa da União Europeia (UE), Federica Mogherini, e o ministro do Exterior da Irã, Mohammed Javad Zarif.

"Solução encontrada. Pronto para começar a elaborar [o texto] imediatamente", escreveu Zarif em sua conta no Twitter.

Em entrevista à imprensa em Lausanne, na Suíça, Mogherini limitou-se a dizer que o entendimento alcançado cria uma base para um acordo futuro sobre o programa nuclear, sem dar detalhes dos termos acertados nesta quinta-feira.

Zarif acrescentou que tanto os Estados Unidos como a União Europeia cessarão suas sanções econômicas relacionadas às negociações nucleares.

O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, comemorou o acerto. "Grande dia. UE, P5+1 e Irã agora têm parâmetros para resolver questões majoritárias no programa nuclear."

Também o presidente do Irã, Hassan Rohani, pronunciou-se sobre o desfecho e salientou que a elaboração do texto final começará imediatamente e deverá estar pronto até o fim de junho, prazo que as seis potências afirmam não querer adiar.

A chanceler federal alemã, Angela Merkel, também classificou o acordo prévio como um passo importante para o acordo final. "Com isso, um acordo que impossibilita ao Irã a posse de armas nucleares está mais perto do que nunca", disse Merkel, em Berlim. "Esta é uma grande conquista de todos os parceiros envolvidos nas negociações."

Se confirmado, o acordo pode ser um divisor de águas em 12 anos de negociações e desentendimentos entre o Ocidente e o Irã em relação ao controverso programa nuclear do país. As linhas gerais definidas nesta quinta-feira terão agora que ser detalhadas num acordo mais amplo, até 30 de junho.

Pontos centrais

Segundo um rascunho do acordo divulgado pelos Estados Unidos, o Irã reduzirá sua capacidade de enriquecimento de urânio, diminuindo o número de centrífugas de 19 mil para cerca de 6 mil. Teerã também concordou em não construir quaisquer novas instalações com o propósito de enriquecer urânio por 15 anos.

Neste mesmo período, o Irã se comprometeu a não enriquecer urânio acima de 3,67%, além de aceitar em reduzir o seu estoque atual de cerca de dez toneladas de urânio com baixo enriquecimento para 300 quilogramas. O governo da República Islâmica também concordou em não conduzir pesquisas e desenvolvimentos relacionados com enriquecimento de urânio até 2030.

Teerã só poderá enriquecer urânio na usina de Natanz, e apenas usando as centrífugas de primeira geração, 5060 IR-1, removendo em Natanz, e em todas as outras usinas, suas centrífugas mais modernas. Ou seja, todos os modelos, de IR-2 até IR-8, não poderão ser usados pelos próximos dez anos.

Também o reator de águas pesadas de Arak, com base num projeto acordado com o P5+1, será redesenhado e reconstruído para impossibilitar a produção de armas de plutônio. O núcleo original do reator será destruído ou removido do país.

O Irã também se comprometeu a submeter seu programa de enriquecimento de urânio a um amplo sistema de controle pelos próximos 20 anos. Os inspetores terão acesso às minas de urânio e à cadeia de fornecimento do programa nuclear iraniano, além de maiores informações sobre instalações declaradas e não declaradas pelo governo.

Em contrapartida, as sanções ocidentais deverão ser aos poucos levantadas, depois que inspetores terem verificado que o Irã adotou todos os compromissos. Se em algum momento o Irã não cumpri-los, as sanções voltam imediatamente.

O importante passo veio no oitavo dia da maratona de negociações realizadas na cidade suíça de Lausanne. O objetivo do acordo é impedir o Irã de adquirir capacidade para desenvolver uma bomba nuclear. A contrapartida seria o alívio das sanções que pesam sobre a República Islâmica.

PV/afp/rtr/dpa