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Investidores brasileiros descobrem a Alemanha

Kilian Schütze (md)1 de setembro de 2014

Número de empresas brasileiras que investem na Alemanha sobe 7% ao ano desde 2006, em busca de ampliar seu mercado e de aproveitar a eficiência alemã.

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Foto: picture-alliance/dpa

O cartaz de boas vindas é verde, azul e amarelo. E não dá para ignorar. Uma grande bandeira brasileira indica aos visitantes o caminho para a entrada principal da fabricante de máquinas-ferramentas Burkhardt + Weber (B + W), em Reutlingen, nos arredores de Stuttgart. A mensagem é clara: aqui, o Brasil faz negócios.

Há dois anos as Indústrias Romi, dos arredores de São Paulo, investiram cerca de 20 milhões de euros. O líder brasileiro na produção de máquinas-ferramentas e máquinas de processamento de plástico adquiriu não só ações da empresa, como comprou logo a B+W completa.

Uma empresa brasileira e uma de médio porte da região alemã da Suábia fazem, sem dúvida, uma parceria bastante incomum. Mas ela funciona. Em Reutlingen, os chefes e funcionários partilham uma opinião bem positiva sobre a nova companhia.

"A Romi é para nós um caso de muita sorte", elogia Andreas Mittermüller, diretor executivo da B+W. Desde 1888, a tradicional empresa, com 220 funcionários, produz máquinas-ferramentas complexas, compostas de agregados hidráulicos, eixos-árvore ou painéis de controle. A mais cara delas custa 3 milhões de euros.

Brasilianische Unternehmen haben Deutschland als Markt für Wachstum und Investitionen entdeckt
O nome da empresa brasileira Romi agora está também no saguão de produção da alemã B+wFoto: DW/K. Schütze

Desde a incorporação ao grupo brasileiro, não houve muitas mudanças no trabalho da B+W. "O proprietário tem, obviamente, a palavra final, mas estamos trabalhando em grande parte de forma independente. O monitoramento é feito por meio de relatórios mensais. Há muita confiança, e isso é ótimo", diz Mittermüller.

Sua empresa também tem muito a oferecer aos brasileiros: "Nós, alemães, temos as melhores máquinas-ferramentas no mundo, e essa tecnologia podemos compartilhar com a Romi." Mas a empresa brasileira usa a B + W também para promover sua expansão fora de casa.

Investidores corajosos

Não só para a Romi, mas para diversas empresas brasileiras, foram abertas perspectivas novas nos últimos anos. Por muito tempo, empresas brasileiras dispostas a crescer procuraram oportunidades de investimento especialmente em paisagens mais familiares, como América do Sul e EUA.

Mas devido ao boom econômico no Brasil, empresas e investidores brasileiros ganharam cada vez mais ganha força financeira, além de coragem. Velhas inibições foram reduzidas, e novos caminhos, trilhados. Assim, muitos passaram a ver a Alemanha não só apenas como um mercado de onde tradicionalmente flui capital para a América do Sul, mas também como um possível país de destino dos próprios investimentos.

Brasilianische Unternehmen haben Deutschland als Markt für Wachstum und Investitionen entdeckt
Firma alemã produz máquinas complexas desde 1888Foto: DW/K. Schütze

De acordo com a Germany Trade & Invest (GTAI), instituto estatal alemão de promoção do comércio externo, o número de empresas brasileiras que investem na Alemanha tem subido anualmente em quase 7% desde 2006. Hoje elas são mais de 60. A maioria delas compra participações em empresas alemãs. As aquisições completas são raras.

Questão de estratégia

Um exemplo especial da nova coragem brasileira é compra da siderúrgica Stahlwerks Thüringen (SWT) pela mineradora brasileira Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) no início no ano passado, pelo equivalente a quase 500 milhões de euros.

Os motivos de tais aquisições podem ser rapidamente identificados. Para as empresas brasileiras que apostam na Alemanha, o que importa é o "acesso a conhecimentos técnicos, a reputação e a eficiência da empresa" alemã, segundo um estudo conjunto da empresa de auditoria KPMG, do escritório de advocacia Taylor Wessing e do Commerzbank.

A Alemanha sempre teve no Brasil uma excelente reputação como centro de tecnologia e conhecimento. "Por isso, está havendo a conscientização de que a expansão na Europa não só melhora os negócios, como também possibilita trazer know-how para o próprio país", avalia Andreas Bilfinger, do GTAI.

Brasilianische Unternehmen haben Deutschland als Markt für Wachstum und Investitionen entdeckt
Atrás da placa da empresa, a nova sede administrativa construída graças à RomiFoto: DW/K. Schütze

Gestão à moda alemã

Vendo dessa forma, com a B+W, a Romi fez uma aquisição ideal. Não só porque as máquinas altamente avançadas de Reutlingen complementam bem a gama de produtos do Brasil. Os mais de 120 anos de experiência da B+W foram uma das razões pelas quais a fabricante de máquinas Romi optasse pela empresa alemã.

Desde a aquisição, a companhia brasileira envia frequentemente profissionais jovens de sua própria administração para um treino na subsidiária alemã. João Paulo Barbosa Inácio, atual trainee, chegou há apenas poucos dias com objetivos claros na bagagem.

"Eu quero saber como se trabalha aqui. Como os alemães pensam, qual é a mentalidade deles, como funciona uma empresa de engenharia alemã. Esse conhecimento, eu quero aplicar às nossas outras filiais na Europa", diz o brasileiro, de 32 anos.

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Trainee João Paulo Barbosa Inácio (centro) em ReutlingenFoto: DW/K. Schütze

João vai trabalhar três meses em Reutlingen, em seu escritório no último andar do novo prédio administrativo da B+W. O antigo proprietário, um grupo italiano, não aprovou uma expansão dos espaços para escritório que era necessária. Assim, a gestão ficou durante anos apertada em containeres de construção próximos aos pátios de produção.

Em 2012, chegou a Romi. E pouco depois foi construída a nova sede administrativa, ao custo de 5 milhões de euros. Os funcionários da B+W não poderiam imaginar um presente de aquisição mais bonito.