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IBM faz parceria com laboratório brasileiro para desenvolver chip cerebral

Kamila Rutkosky8 de dezembro de 2012

A empresa fará o encapsulamento de chips que serão implantados no cérebro. O chip é feito com um material inovador, que promete não causar reações adversas.

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ICMC Neurochips FuturandoFoto: ICMC

Um tema de ficção científica que está virando realidade. Como o Futurando mostrou nesta semana, pesquisadores já estão desenvolvendo chips que serão implantados no cérebro e permitirão que as pessoas armazenem livros e até mesmo um idioma sem esforço. O Brasil também está desenvolvendo pesquisas inovadoras na área e acaba de fechar mais uma parceria que vai melhorar ainda mais o projeto.

Um grupo de pesquisadores do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC), da USP São Carlos, está desenvolvendo um dispositivo sem fio que será implantado no cérebro, no córtex motor. O objetivo é enviar informações do córtex motor para fora do corpo, sem precisar de fios e sem reações adversas. Essa seria uma solução para que pessoas com deficiências possam controlar robôs com o pensamento e desenvolver atividades cotidianas.

O projeto está inovando na questão da compatibilidade com o organismo. Um novo material será usado pela primeira vez como um transdutor no cérebro, o carboneto de silício. Este material foi desenvolvido por Stephen Saddow, um pesquisador parceiro da Universidade do Sul da Flórida (USF), nos Estados Unidos.

De acordo com o pesquisador Mário Gazziro, professor do departamento de Computação da USP e pesquisador do projeto, já são feitas pesquisas com eletrodos no cérebro. No entanto, o material usado nestes eletrodos não tem grande durabilidade. Eles funcionam por um tempo e depois param de funcionar. "O material que o pesquisador Stephen Saddow criou não para de funcionar", comenta Gazziro. O pesquisador americano trabalha com este material há 15 anos.

"Diversas pesquisas já comprovaram a eficiência do carboneto de silício. É um material biocompatível a nível cerebral e que tem propriedades semicondutoras que nos permite fazer os chips", explica o pesquisador.

O projeto é chamado Interface Neural Implantável. "Atualmente, são utilizados três eletrodos, mas queremos utilizar 100. Eles serão implantados no córtex motor e vão enviar dados para um sensor que ficará perto da cabeça. Como não haverá fios, não haverá nenhum furo na caixa craniana", diz o pesquisador.

Parceria com a IBM

O pesquisador americano Stephen Saddow criou um novo material para os implantes
Pesquisador americano Stephen Saddow criou um novo material para os implantesFoto: ICMC

O projeto do chip e o design são feitos em São Paulo e a construção, na USF. O implante no cérebro é muito sensível e, para implantar o chip, é necessária uma cápsula especial, que envolva o dispositivo. "Até então, não existia no mundo um processo de encapsulamento totalmente esterilizado e biocompatível. Isso, a universidade não faz. Então precisamos de uma parceria", comenta Gazziro.

A parceria com a IBM foi negociada por há quase um ano. O centro de pesquisa da IBM entrou no projeto e agora o próximo passo é preparar o acordo de cooperação bilateral. A intenção é que em três anos a primeira versão do produto esteja pronta. Depois, acontecerão os testes e a validação clínica para que o chip seja utilizado em humanos. "Esse processo dura cerca de 10 anos", esclarece Gazziro.

Outras parcerias serão feitas no projeto, uma delas é com fabricantes de exoesqueletos. De acordo com o especialista, existem muitas pesquisas na área em todo o mundo. Muitas empresas utilizam os robôs no transporte de materiais pesados e para ajudar idosos. No entanto, esses exoesqueletos não têm interface no cérebro. Eles são guiados pelos músculos e nervos.

O implante e a bíblia

O implante de dispositivos no corpo não é novidade. Uma empresa americana lançou um projeto para que as pessoas pudessem usar um implante para substituir o cartão de crédito, mas ele não teve sucesso. Um famoso pastor americano associou o implante o demônio e escreveu um livro sobre o tema. As vendas caíram 40%, comentou Gazziro, e a empresa não conseguiu emplacar o produto.