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Há 125 anos era criado esperanto como língua universal

30 de novembro de 2012

No século passado motivos políticos dificultaram sua disseminação, mas agora, com a ajuda da internet, o esperanto está se tornando cada vez mais popular.

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Foto: picture-alliance /dpa/dpaweb

Ninguém sabe exatamente quantas pessoas falam o esperanto. As estimativas variam entre 500 mil e 2 milhões, em todo o mundo. Parte-se do princípio que a maioria delas viva na Europa: consta que só na Alemanha cerca de 100 mil falam a chamada "língua planejada".

O primeiro livro em esperanto foi publicado em 1887. O autor e criador da língua foi o médico e filólogo Ludwig Lazarus Zamenhof, de Bialystok, cidade na época localizada em território russo e hoje pertencente à Polônia. Ele queria criar um meio de compreensão que conectasse as pessoas das mais diferentes nações e regiões culturais e, assim, promover a paz no mundo.

Obstáculos políticos

Historiker Ulrich Lins
Historiador Ulrich Lins: esperantistas foram comparados a comunistasFoto: cc-by-sa-Ziko-C

O fato de, após 125 anos, a língua ter apenas algumas centenas de milhares de seguidores, se deve principalmente a obstáculos políticos, afirma o historiador Ulrich Lins, em entrevista à Deutsche Welle. Ele foi durante alguns anos o vice-presidente da Associação Universal de Esperanto. "Principalmente na Alemanha nazista e na União Soviética, a língua foi considerada perigosa, como um meio subversivo contra os respectivos interesses nacionais."

O esperanto era considerado um veículo potencial para se obter ou enviar informações para o exterior – grave crime na Alemanha nacional-socialista e na isolada União Soviética. Por esse motivo, os esperantistas foram perseguidos, explica Lins.

Embora as motivações dos aficionados do esperanto fossem as mais variadas, costumava tratar-se de gente com muito espírito de liberdade, cosmopolitas que se posicionavam contra o nacionalismo exacerbado. "O esperanto era algo para aqueles que queriam praticar um internacionalismo de base." Por isso, muitas vezes foram equiparados a socialistas e comunistas. Além disso, Zamenhof, o criador do esperanto, era judeu.

"Após a Segunda Guerra, o inglês ficou tão forte que o esperanto não teve mais nenhuma chance", acrescenta o historiador. Mas há alguns anos a "língua universal" registra um retorno. Através da internet, atualmente as possibilidades de se comunicar com gente de outras nações são maiores do que nunca. Para Lins, o esperanto seria o meio de superar as barreiras da língua.

Facilidade mundial de viajar

Essa experiência é confirmada por Roland Schnell. Ele é porta-voz da Associação do Esperanto de Berlim. O grupo possui cem membros, mas cerca de mil pessoas falam a língua na região, informa.

Rechte: privat
Roland Schnell desconsidera argumento de que poucos falam a "língua universal"Foto: privat

O desejo de viajar pelo mundo de forma mais barata é mais fácil de realizar com o esperanto, afirma Schnell. "O couchsurfing em esperanto está disponível desde 1974. E é usado com intensidade."

Por couchsurfing entende-se a possibilidade de pernoitar gratuitamente na casa de outras pessoas, através de uma rede internacional de hospitalidade. Muitas vezes, o conceito está aliado a outras coisas, como mostrar a cidade ao viajante. Roland Schnell não sabia falar francês, mas através do esperanto conseguiu rapidamente contatos na França.

Número de falantes não é decisivo

O também presidente da fundação Europaverständigung (entendimento na Europa) considera pouco relevante o argumento de que o esperanto seria falado por bem menos pessoas que, por exemplo, o inglês ou o francês. "A soma não conta. Trata-se de disponibilizar de forma voluntária uma ferramenta de comunicação que todos possam usar."

Kultur- und Kongresszentrum Esperanto in Fulda
Centro cultural e de convenções Esperanto em Fulda, AlemanhaFoto: picture-alliance /dpa

Schnell enfatiza que o esperanto sempre mostrou sua utilidade prática. "Houve publicidade em jornais por parte de comerciantes de vinho, uísque e cigarros." A propaganda em jornais é, hoje, cada vez mais difícil, porque a importância da imprensa escrita diminui na era digital. Mas existem outras possibilidades, ressalta.

Atualmente, a associação berlinense de esperanto planeja colar cartazes em bicicletas, espalhadas pela cidade especialmente para esse fim. Em Varsóvia, não foram necessários cartazes: lá, venceu a proposta de denominar as 1.100 bicicletas de aluguel da cidade com a palavra em esperanto "Venturilo".

O apelo publicitário também se mostra eficaz no caso dos hotéis que utilizam o termo "esperanto" para ressaltar seu caráter internacional. Schnell não sabe dizer se é a esses êxitos que se deve o crescente número de falantes de esperanto: certo é que a língua encontra cada vez mais adeptos.

Autor: Günther Birkenstock (ca)
Revisão: Augusto Valente