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Guerra, cheias e epidemias marcam 30 anos do Médicos Sem Fronteiras em Moçambique

Joyce Copstein/LUSA12 de novembro de 2014

Dificuldades e conquistas testemunhadas pela organização humanitária são retratadas em exposição na Fortaleza de Maputo. MSF avalia que ainda é cedo para deixar o país, onde a Sida está longe de se estabilizar.

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Foto: MSF

Ao completar 30 anos em Moçambique, a organização Médicos Sem Fronteiras(MSF) inaugurou em Maputo nesta terça-feira (11.11) uma exposição fotográfica que relembra alguns dos episódios mais impactantes da história recente do país. Guerra civil, desnutrição, cheias, epidemia da cólera e o avanço do HIV fazem parte do quadro vivenciado pelos voluntários desde 1984, quando a organização não governamental lá desembarcou a pedido do governo.

No início, as equipes e medicamentos eram levados de avião aos locais isolados pelo conflito, onde a população estava fragilizada pela violência. O programa foi batizado de “Médicos Voadores”. Entre milhares de refugiados, diversas doenças precisavam ser tratadas, bem como as graves deficiências nutricionais causadas pela fome.

“O maior desafio era responder às emergências numa situação de isolamento e de difícil acesso para as nossas equipes”, recorda o chefe da missão, Jean-Luc Anglade, em entrevista à agência de notícias Lusa.

Cólera, Sida e Tuberculose

Já nos anos 1990, foi preciso alertar a população para os perigos da cólera, que, embora fácil de tratar, tornou-se uma epidemia regional. Na década seguinte, vieram as cheias e a batalha contra a Sida.

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Anglade lembra que, na altura, ninguém acreditava nos antirretrovirais. Ele classifica a mudança de cenário como uma das vitórias do MSF.

Mas a situação vivida hoje pelos moçambicanos ainda requer a presença da entidade. A ONG é parceira do Ministério da Saúde em um plano de ação contra o HIV, que exige mais recursos do que os existentes em Moçambique:

“O país ainda tem uma prevalência HIV alta, de 11,5%. E o maior desafio para nós é tentar mobilizar os doadores para financiar essas iniciativas, porque o doador pode ter a tendência de pensar que HIV-Sida está a reduzir, o que no caso de Moçambique é o contrário. Moçambique precisa realmente de um apoio exterior para poder superar essas grandes necessidades em termos de HIV-Sida e também tuberculose”, reforça Anglade.

Médicos Sem Fronteiras

A organização foi criada em 1971 na França por médicos e jornalistas que atuaram como voluntários no fim dos anos 1960 em Biafra, na Nigéria.

Hoje, ela possui missões em diversos países e associa ajuda médica e sensibilização do público. Em 1999, a MSF foi reconhecida com o Prémio Nobel da Paz.

Ärzte ohne Grenzen Mosambik HIV Aids
Combate ao HIV-Sida e à tuberculose ainda desafia entidade e governo e demanda financiamento externoFoto: MSF internal publications & fundraising