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Exército da Nigéria sem capacidade de resposta a ameaça terrorista

Stefanie Duckstein27 de agosto de 2014

Multiplicam-se os ataques da organização terrorista islamita Boko Haram, sem que o exército nacional da Nigéria lhe consiga dar uma resposta adequada. Os observadores estão preocupados e os militares prometem a mudança.

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Foto: picture-alliance/AP Photo

Segundo testemunhas no local, os combatentes do grupo extremista islamita Boko Haram, que, na segunda-feira 25 de Agosto, assaltaram, pela manhã, a cidade fronteiriça de Gamboru Ngala, tinham armamento pesado. Segundo as mesmas fontes, os fundamentalistas atacaram uma base militar e um posto da polícia, e milhares de nigerianos atravessaram a fronteira para procurar refúgio na cidade camaronesa de Fotokol. Como sempre, o exército nigeriano não esteve à altura do seu dever de proteger a população.

Um pormenor picante deste ataque é que, entre aqueles que fugiram para os Camarões, se encontravam mais de 500 soldados nigerianos. Estes homens foram instalados provisoriamente numa escola da cidade de Maroua, confirmou um porta-voz do exército camaronês. Por seu lado, o exército nigeriano tentou desdramatizar o acontecimento. Um oficial negou que os soldados tivessem fugido, dizendo que se tratou de uma "manobra tática".

Situação ultrapassa o exército nigeriano

Nigeria Boko Haram Entführung 02.06.2014 Maiduguri
O rapto de mais de duas centenas de meninas pela Boko Haram em 2 deJunho de 2014 indignou o mundoFoto: AFP/Getty Images

Mas Ryan Cummings, especialista em assuntos africanos da consultoria sul-africana d segurança, red.24, diz que a situação ultrapassa completamente o exército nigeriano: "O exército enfrenta vários problemas logísticos nos combates. Os mantimentos escasseiam, provavelmente também há falta de efectivos, e estão a lutar contra uma revolta que não se limita já à Nigéria. Ela chegou aos Camarões e ao Níger, onde o exército nigeriano não tem mandato para agir em operações fronteiriças".

O que é certo é que o exército da Nigéria não consegue ganhar o controlo da situação. Os atentados da organização Boko Haram multiplicam-se, regularmente são raptados alunas e alunos. No fim-de-semana passado, os islamitas proclamaram um Estado de Deus na cidade de Gwoza no nordeste do país. Esta situação é insuportável para a população civil, diz o politólogo nigeriano Jibo Ibrahim: "Encontramo-nos numa situação em que o exército aparentemente não tem a capacidade de lutar e a Boko Haram conquista cidades e aldeias sem qualquer dificuldade. E como não encontram qualquer oposição, ganharam coragem para declarar o califado nas áreas conquistadas".

O exército é muito pequeno e está mal equipado

Anschlag auf ein Hotel in Bauchi Nigeria
Os atentados sucedem-seFoto: picture-alliance/dpa

A Nigéria é a maior potência económica do continente africano. E é também o país mais densamente populado, com 168 milhões de habitantes. As receitas do petróleo garantem um orçamento de Estado considerável. Custa acreditar que um país destes não tenha a força para combater a Boko Haram. O especialista em segurança Cummings diz: "É um dos país como o menor número de pessoal militar em relação à população. E é um país que enfrenta vários riscos de segurança. Neste momento o maior é a Boko Haram. Mas também o Delta do Níger, no sul, a maior região petrolífera, continua a ser muito insegura”. Também no no centro existem vários conflitos étnico-religiosos que dão azo a violência e necessitam de presença militar, diz este observador. Acresce que a Nigéria é um dos países que contribui com o maior número de soldados para missão internacionais de paz.

Declaração de guerra

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E há ainda um outro factor que dificulta o combate contra a ameaça terrorista: a mudança de estratégia do Boko Haram, que deixou de recorrer à táctica de guerrilha, demonstrando ser capaz de conquistar e defender territórios. O Governo da Nigéria quer responder a esta mudança com uma declaração de guerra, diz o major Yahaya Shinkuem entrevista com a DW:"A guerra contra a insurreição vai começar agora. Inicialmente não havia uma declaração neste sentido. Por isso as forças armadas nigerianas não recorreram a todos os meios à disposição no que toca armas e equipamentos. Mas agora penso que as tropas nigerianas estão preparadas para uma guerra convencional".

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