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EUA afirmam que investigação na Fifa "está só no começo"

27 de maio de 2015

Cartolas sob investigação são acusados de cobrar mais de 150 milhões de dólares em subornos. Fraudes envolvem escolha da sede da Copa do Mundo de 2010, realizada na África do Sul, afirma secretária de Justiça.

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Ministra da Justiça dos EUA, Loretta Lynch, fala sobre as acusações contra dirigentes da FifaFoto: Getty Images/S. Platt

Os dirigentes da Fifa presos na Suíça usaram seu poder e influência para corromper o futebol mundial, disse a secretária de Justiça dos EUA, Loretta Lynch, em entrevista à imprensa nesta quarta-feira (27/05), depois da operação policial que resultou na detenção de seis dirigentes da federação e um funcionário da Concafaf.

Os dirigentes – entre eles o ex-presidente da CBF José Maria Marin e o presidente da Concacaf, Jeffrey Webb – são acusados de conspiração para cobrar mais de 150 milhões de dólares em propinas de diretores de marketing de empresas que trabalham com a Fifa. A propina envolvia, por exemplo, a venda de direitos comerciais dos torneios. Se condenados, eles podem pegar até 20 anos de cadeia.

"Eles assumiram o negócio do futebol e o transformaram num negócio criminoso. Eles corromperam o negócio de futebol mundial para servir a seus interesses e enriquecer", afirmou Lynch, afirmando que as acusações de corrupção envolvem também a Copa do Mundo de 2010, na África do Sul.

"Isso foi feito ano após ano, torneio após torneio", disse a secretária de Justiça. "O Departamento de Justiça está determinado a acabar com a corrupção no mundo do futebol e a levar os criminosos à Justiça", acrescentou.

Segundo o chefe de investigações sobre evasão fiscal dos EUA, Richard Weber, dezenas de milhões de dólares foram localizados em contas bancárias em Hong Kong, nas Ilhas Cayman e na Suíça. "Era uma Copa do Mundo da fraude. Hoje estamos mostrando a eles o cartão vermelho", disse. "É um grande dia para a luta global contra a corrupção, lavagem de dinheiro e evasão internacional de divisas."

Na manhã desta quarta-feira, a polícia suíça prendeu em Zurique, a pedido da Justiça dos EUA, sete dirigentes do futebol mundial, entre eles seis diretamente ligados à Fifa. Todos são da Concacaf ou da Conmebol, responsáveis pelo futebol na América Central e do Norte e na América do Sul, respectivamente.

Justiça dos EUA indiciou 14 dirigentes

Lynch anunciou que, ao todo, 14 pessoas são acusadas de crimes como corrupção e lavagem de dinheiro. Nove delas são cartolas e outras cinco, diretores de empresas que têm negócios com a Fifa. A secretária de Justiça evitou se pronunciar sobre o presidente da federação, Joseph Blatter, limitando-se a afirmar que não há acusações contra ele.

Entre os acusados estão mais dois brasileiros, além de Marin. Um deles é José Margulies, de 75 anos, principal controlador das empresas Valente e Somerton. O outro é José Hawilla, de 71 anos, proprietário da Traffic Group. Segundo a Justiça americana, Hawilla se declarou culpado de acusações como fraude e lavagem de dinheiro e concordou em pagar multa de 151 milhões de dólares, dos quais 25 milhões já foram pagos.

Lynch denunciou, entre outros casos envolvidos no escândalo, o processo de escolha da África do Sul para ser a sede da Copa do Mundo de 2010, que, segundo ela, foi corrompido "através de subornos que influenciaram a decisão final". De acordo com o procurador americano Kelly Currie, a investigação está apenas no início. "Quero deixar bem claro: este é só o começo do nosso esforço, não o final", ressaltou.

Paralelamente ao processo judicial nos EUA, o Ministério Público da Suíça anunciou nesta quarta-feira ter aberto uma investigação criminal sobre um possível esquema de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo as escolhas das sedes das Copas do Mundo de 2018 (Rússia) e 2022 (Catar). Embora tenha sido tornada pública apenas agora, a investigação já está em andamento desde o último dia 10 de maio. Os nomes dos investigados não foram divulgados. Documentos e dados armazenados em computadores da Fifa na Suíça foram apreendidos nesta quarta-feira.

A Fifa disse que a eleição para o novo presidente da instituição, marcada para esta sexta-feira, está confirmada, mesmo com as prisões. Blatter é o favorito para conquistar o seu quinto mandato. A entidade máxima do futebol mundial também descartou repetir os processos de escolha das Copas do Mundo de 2018 e 2022.

MD/dpa/efe/rtr