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Estudo reconstrói curva de temperaturas da Terra nos últimos 11 mil anos

Maryan D'Ávila Bartels8 de março de 2013

Climatologistas analisaram dados dos últimos 11,3 anos terrestres e mudanças por todo o caminho de volta ao fim da última era glacial. Período atual foi revelado como mais quente de todos os tempos.

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Foto: eoVision/GeoEye, 2011, distributed by e-GEOS

O planeta está tão quente quanto a fase mais crítica dos últimos 11,3 mil anos. A descoberta é resultado de um estudo inédito publicado nesta sexta-feira (08/03) na revista Science, que reconstruiu as temperaturas no planeta desde o fim da Era do Gelo.

"Nós já sabíamos que, em uma escala global, a Terra está mais quente hoje do que em grande parte nos últimos 2 mil anos," comentou Shaun Marcott, pesquisador Universidade de Oregon que assina o estudo. "Agora sabemos que é mais quente do que a maior parte dos últimos 11,3 mil anos. Isto é de interesse especial porque o [período] Holoceno abrange todo o período da civilização humana."

A viagem no tempo contou com dados de 73 localidades em todo o mundo. A pesquisa alerta ainda para o risco futuro: as projeções para 2100 mostram que a Terra pode atingir um novo recorde de temperatura máxima.

Ritmo assustador

Segundo Marcott, a maioria das reconstruções de temperatura feitas até hoje só foram capazes de reproduzir dados relacionados aos últimos 2 mil anos. O gráfico que ele conseguiu construir, mais preciso, mostra o aumento das temperaturas lentamente após a Idade de Gelo até atingir o pico, há 9,5 mil anos. O aumento total nesse período foi de 0,6 grau.

Esse quadro se manteve estável aproximadamente por 5,5 mil anos, foi então que a temperatura começou a cair até 1850. Essa queda, que foi de 0,7 grau, reverteu a fase de aquecimento anterior. A invenção das máquinas na Revolução Industrial mudou tudo de novo: no final do século 19, o gráfico revelou um aumento nas temperaturas, impulsionado pelas emissões de gases de efeito estufa da humanidade.

Cientistas destacam que a elevação da temperatura desde então não tem qualquer semelhança ao que ocorreu nos últimos 11,3 mil anos. "O último século se destaca pela anormalidade na temperatura global desde o fim da última Era do Gelo", comentou Candace Major, da National Science Foundation, instituição que também participou do estudo.

Aquecimento no Holoceno

Holoceno é o nome dado aos últimos 11,7 mil anos de história da Terra, época que começou com o fim da Era do Gelo. As mudanças graduais registradas no Holoceno se deram por fatores naturais, diz Marcott, como a alteração da distribuição da incidência da luz solar, associada à posição da Terra em relação ao sol.

"Durante o período mais quente do Holoceno, a Terra estava posicionada de tal maneira que o verão no hemisfério norte ficaram mais quentes. Quando a orientação do planeta mudou, o verão nesse hemisfério começou a ficar mais frio. E se tudo tivesse ficado como estava, nós estaríamos agora atingindo o pico negativo desse longo período. Mas é obvio que não estamos", diz Marcott, lembrando que a humanidade mudou essa trajetória com as emissões de gás estufa.

Embora a pesquisa conclua que a Terra está tão quente como a pior fase dos últimos 11 mil anos, alguns climatologistas acreditam que essa marca já tenha sido ultrapassada.