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Estudantes são-tomenses ajudam Portugal a acabar com desertificação humana

João Carlos (Lisboa)25 de março de 2014

Vila de Rei, em Portugal, acolhe um grupo de estudantes da Ilha do Príncipe que está a concluir os estudos. Uma forma que a autarquia encontrou para resolver o problema de desertificação humana.

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Estudantes de São Tomé e Príncipe Biblioteca Municipal da Vila de Rei, PortugalFoto: DW/J. Carlos

Os jovens estudantes de São Tomé e Príncipe estão a concluir os seus estudos secundários e universitários em Vila Rei, distrito de Castelo Branco, em Portugal. Estão no país ao abrigo de um protocolo assinado com o Governo da Região Autónoma do Príncipe.

De acordo com o presidente da Câmara Muncipal da Vila de Rei, Ricardo Reis, este projeto está aberto aos outros países africanos lusófonos, nomeadamente a Cabo Verde, na base de acordos de geminação. A autarquia pretende, desta forma, povoar a região do interior de Portugal, que enfrenta uma grande carência de população jovem.

Leonilda Melo chegou de São Tomé e Príncipe há um ano. "Terminei o nono ano no Príncipe e vim fazer o décimo. As aulas estão a correr bem. Tive um ano para me adaptar", conta.

Dificuldades à parte, o desejo de Leonilda é estudar Línguas e Humanidades. Na Ilha do Príncipe, de onde é natural, não existem condições para prosseguir os estudos universitários.

Diolésio Mendes também está a terminar o ensino secundário e quer entrar para o mesmo curso: "É sempre uma mais valia para nós termos o curso. Temos de estudar, batalhar e pensar no futuro do nosso país."

Amilcar Fernandes faz parte do primeiro grupo, que foi para Vila de Rei em outubro de 2011. Escolheu a área de Ciência e Tecnologia. "No futuro pretendo ainda fazer um estudo ligado à informática e na área em que estou consigo muito bem fazer isso. É o que vou fazer", confessa.

Bom desempenho académico

Dorf Vila de Rei Portugal
Autarquia da Vila de Rei, PortugalFoto: DW/J. Carlos

Ao todo são 16 jovens, hoje mais integrados, que também trouxeram um pouco da cultura são-tomense para partilhar com a população do município de Vila de Rei.

Frequentam o ensino secundário igualmente orientados para o curso profissional de Turismo, uma área muito útil para a Ilha do Príncipe, que carece de recursos humanos qualificados.

Celeste Costa, que faz o acompanhamento educativo, e Rita Almeida, assistente social, seguem estes estudantes com atenção: "Sim, sim, estão a corresponder e isso vê-se nos resultados que têm ao nível dos estudos", relata Rita Almeida.

De acordo com o protocolo assinado com o Governo Regional da ilha são-tomense, esses jovens vão prosseguir os estudos na Universidade Atlântica, em Oeiras, nos arredores de Lisboa.

"Esta cooperação tri-partida que fizemos com a Vila de Rei e Câmara Municipal de Oeiras e o Príncipe é uma experiência que deveríamos dissiminar por todo São Tomé e Príncipe", disse à DW África o presidente do Governo da Região Autónoma, Tozé Cassandra, defensor da criação de um Centro de Formação de alto nível no Príncipe:

Proveitos para São Tomé e Príncipe

Ricardo Reis Bürgermeister von Vila de Rei Portugal
Ricardo Reis, presidente da Câmara Municipal da Vila de ReiFoto: DW/J. Carlos

Tozé Cassandra vê esta cooperação como uma oportunidade de contribuir para o desenvolvimento de São Tomé e Prícnipe: "Penso que esta tem de ser a nova forma de São Tomé e Prínipe formar os seus quadros. Não temos capacidade financeira para criar bolsas para os nossos estudantes, então temos que encontrar parcerias que dêm garantias. O estudante faz a sua formação e depois regressa ao país, porque este é um outro problema."

Na verdade, o regresso ao país é uma das condições importantes, referiu, para que o jovem formado leve de regresso conhecimento e experiências novas visando o desenvolvimento da ilha do Príncipe, classificada pela UNESCO como Reserva Mundial da Biosfera.

Ricardo Reis, presidente da Câmara Muncipal de Vila de Rei, confirmou à DW África que este modelo de cooperação vai continuar e será extensível a outros países lusófonos, podendo Cabo Verde ser o próximo parceiro. "Posso dizer-vos que já tívemos contactos com alguns municípios de Cabo Verde", adiantou.

Quanto aos jovens da Ilha do Príncipe, Ricardo Reis dá nota positiva, sob o ponto de vista de integração e recepção por parte dos habitantes do seu município: "O projeto está a ser bom, visto que os vilharjenses sentiram os meninos do Príncipe como sendo também vilharjenses, e perceberam que eles também são necessários no nosso Concelho."

O presidente da Câmara lembra ainda as consequências da ausência de uma população jovem noutros lugares do seu país: "O interior de Portugal, não é só Vila de Rei, tem cada vez menos jovens e a nossa natalidade cada vez é menor. E para que o ensino secundário não saísse do Conselho estabelecemos um protocolo com a Ilha do Príncipe para que os jovens de lá viessem frequentar o ensino secundário na Vila de Rei."

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