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Estado psicológico do piloto da LAM sob investigação

Nádia Issufo 23 de dezembro de 2013

O acidente aéreo envolvendo a LAM terá sido provocado deliberadamente pelo piloto, segundo dados preliminares. O exame médico indica que o piloto estava em condições, mas informações não oficiais dão conta do contrário.

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Um dos aviões da LAM, Linhas Aéreas de MoçambiqueFoto: picture alliance/landov

Quando o avião caiu, a 29 de novembro passado, especialistas em aviação civil consideraram inexplicável o acidente, do ponto de vista técnico, justificando que o avião Embrarer 190 é muito seguro, que a manutenção estava em dia, que o estado do tempo era bom na altura, e que a equipa que pilotava o avião era experiente e competente.

Mas os primeiros resultados preliminares, apresentandos no sábado (21.12.) pelo Instituto de Aviação Civil de Moçambique, levantam outra hipótese não técnica, de que o comandante do voo, Hermínio dos Santos Fernandes, terá provocado de forma intencional a queda do aparelho.

Por outro lado, notícias que circulam nas redes sociais dão conta de que o piloto em causa estaria perturbado emocionalmente devido a problemas pessoais.

Flughafen Maputo - Mosambik
Aeroporto Internacional de Maputo. A LAM mantém o monopólio nas rotas nacionaisFoto: DW/J. Beck

Na partida, comandante estava psicologicamente bem

Norberto Mucopa pertence ao gabinete de comunicação da LAM, mas recusou-se a dar uma entrevista por hora. Mesmo assim, perguntamos-lhe se o comandante estava em condições psicológicas de fazer o voo, e sem desenvolver muito garantiu: "À partida ele saiu e estava em condições, mas não podemos entrar por aí porque estaríamos no campo de especulações e não podemos ir por aí. Esse é o compromisso que temos, trazermos informações baseadas nos relatórios e nas evidências."

Norberto Mucopa recusou-se a dar mais detalhes, remetendo-nos ao Instituto de Aviação Civil de Moçambique e aconselhou-nos ainda a aguardar por uma conferência de imprensa da LAM sobre esta questão.

O avião fazia o trajeto Maputo-Luanda, quando se despenhou no Parque Nacional de Bwabwata na Namíbia. Todas as 33 pessoas a bordo, 27 passageiros e seis tripulantes, perderam a vida.

Ainda de acordo com o relatório do Instituto de Aviação Civil de Moçambique, as escutas à caixa negra, que regista as comunicações do voo, permitiram perceber que, no momento da queda, o comandante estaria sozinho no interior da cabine a controlar a aeronave.

Motivos da atuação do comandante ainda desconhecidas

Angola Rohstoffe
Uma avenida em Luanda. Para esta cidade regressavam 9 angolanos que também morreramFoto: DW/Renate Krieger

Além dos sons dos diversos alarmes acionados automaticamente pelo avião, o instituto disse que se "ouvem insistentes batidas na porta da cabine", que terão "sido ignoradas" por Hermínio Fernandes. Mas os motivos dessa atitude aindo são desconhecidos.

De lembrar que a licença do piloto foi revalidada em abril de 2012" e que passou por uma inspeção médica em setembro. Por isso Mucopa, apesar de não avançar dados, descarta a possibilidade do piloto não estar bem: "Não é possível que um piloto voe sem estar num estado psicológico bom. Mas não será por esta via que confirmarei isso, é preciso juntar a infomação sobre o teste psicotécnico dele, e outros dados e isso será consubstanciado, e neste momento não tenho essa infomação para poder avançar mais dados."

Depois dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, como medida de segurança, a cabine de pilotagem fica trancada por dentro, para impedir o acesso a terroristas. Essa medida terá impedido a entrada do co-piloto no momento em que o avião caia.

As caixas negras terão também revelado que a altitude do voo foi alterada manualmente três vezes, de 38 mil pés (cerca de 11.500 metros) para 592 pés (cerca de 180 metros), antes do embate do aparelho com o solo.

Num comunicado a LAM disse que vai solicitar o relatório detalhado que evidencia e prova os factos conducentes e as conclusões preliminares e continuará a cooperar inteiramente com as autoridades de investigação.

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