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Chinês ganha Prêmio da Paz do Comércio Livreiro 2012

21 de junho de 2012

O título é uma das principais distinções culturais da Alemanha. Em sua obra, autor que já esteve preso denuncia a repressão do governo chinês e a marginalização social em seu país.

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Foto: picture-alliance/dpa

O autor chinês Liao Yiwu é o ganhador do Prêmio da Paz da Associação Alemã do Comércio Livreiro deste ano. Ao justificar sua escolha, a associação afirmou que o dissidente chinês de 53 anos "empresta uma voz audível às pessoas sem direito de seu país". Liao mora há um ano na Alemanha.

A associação considerou ainda que, em seus livros e poemas, o autor chinês erige um "monumento literário aos marginalizados da sociedade chinesa": "Liao, que sentiu na pele o significado de prisão, tortura e repressão, presta testemunho pelos excluídos da China moderna, como cronista e testemunha pertinaz".

O renomado prêmio no valor de 25 mil euros, só será oficialmente entregue a Liao Yiwu em 14 de outubro, no encerramento da Feira do Livro de Frankfurt 2012. Uma das principais distinções culturais da Alemanha, o Prêmio da Paz é concedido desde 1950 pelo comércio livreiro do país.

Os laureados são personalidades alemãs ou estrangeiras, em geral das áreas de literatura, arte e ciência, que contribuem no sentido da paz. O ganhador de 2011 foi o escritor argelino Boualem Sansal, considerado um "incentivador aos movimentos pró-democracia" no Norte da África.

Enfrentando a repressão

Em 1987, Liao Yiwu foi proibido de continuar escrevendo pelas autoridades chinesas. Durante os protestos de repercussão internacional na Praça da Paz Celestial, em 1989, porém, ele fez o poema Massacre, que gravou em fita cassete e distribuiu clandestinamente. No ano seguinte Liao foi condenado a quatro anos de prisão por "propaganda antirrevolucionária". Na prisão, um outro detento o ensinou a tocar flauta, e ele passou a viver como músico de rua quando foi libertado.

Capa de "Para uma canção e cem canções"
Capa de "Para uma canção e cem canções"

O autor foi proibido de viajar à Alemanha quando a China foi convidada de honra da Feira do Livro de Frankfurt de 2009, e tampouco pôde participar do festival Lit.Cologne, na cidade de Colônia, no ano seguinte. Em 2011, fugiu para a Alemanha pelo Vietnã. Neste ano, o Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD) concedeu-lhe uma bolsa de estudos para o Programa Berlinense de Artistas.

Obras marcantes

No comovente livro Für ein Lied und hundert Lieder. Ein Zeugenbericht aus chinesischen Gefängnissen (Para uma canção e cem canções. Um testemunho das prisões chinesas) onde elabora as lembranças do tempo em que passou preso. Com a obra, Liao recebeu no fim do ano passado o Prêmio Irmãos Scholl.

No segundo semestre deste ano será publicado o livro Die Kugel und das Opium – Leben und Tod am Platz des Himmlischen Friedens (A bala e o ópio – Vida e morte na Praça da Paz Celestial, em português). A obra traz entrevistas realizadas pelo autor com testemunhas e parentes de vítimas do massacre de 1989.

"Escrever é um caminho para se chegar à liberdade", declarou Liao em 2011, logo após sua fuga da China: "Sou um artesão da lembrança humana". Na época, disse partir do princípio que passaria um bom tempo no exterior, mas que gostaria de um dia retornar "definitivamente" à China.

MSB/dpa/dapd
Revisão: Augusto Valente