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Empresas alemãs apostam no petróleo e no gás de Angola

António Cascais (em Hamburgo)9 de abril de 2013

Durante o 7º Fórum Teuto-Africano de Energia em Hamburgo e Hannover, empresas alemãs confirmam interesse na compra de gás angolano. Alemães também querem fatia do mercado moçambicano e vender tecnologia a africanos.

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A primeira unidade angolana de produção de gás natural liquefeito fica no Soyo, norte do país. Fábrica ainda está em fase de testes
A primeira unidade angolana de produção de gás natural liquefeito fica no Soyo, norte do país. Fábrica ainda está em fase de testesFoto: DW/Renate Krieger

Angola é a grande aposta do sétimo Fórum Teuto-Africano de Energia, que este ano reuniu número recorde de 500 participantes na Câmara de Comércio de Hamburgo, no norte da Alemanha. Os empresários alemães que atuam na área das energias descobriram finalmente as potencialidades daquele país de língua portuguesa e os organizadores tudo fizeram para que Angola estivesse representada ao nível mais alto possível.

Angola respondeu: José Maria Botelho de Vasconcelos, ministro angolano do Petróleo, foi o homem mais procurado no Fórum. Depois de uma conferência sobre a produção, transformação e distribuição de petróleo e gás, Botelho de Vasconcelos confirmou o interesse dos alemães em fazer negócios nesse setor, em entrevista exclusiva à DW África.

Segundo o ministro angolano, vários empresários alemães "estão interessados na compra de gás. Portanto, é de fato uma das áreas onde poderemos cooperar no futuro. As oportunidades existem. É preciso encontrar as melhores vias para tornar realidade essa cooperação", afirmou.

A DW África perguntou ainda ao ministro angolano se, com o avanco dos negócios com a China, ainda há espaco para negócios com a Europa e com a Alemanha. "Há de fato um mercado chinês que ocupa, neste momento, um espaço de cerca de 28%", confirmou Botelho de Vasconcelos. Porém, "em 100%, 28% não representa tanto. E os três quartos seguintes – o petróleo é vendido no mercado internacional", acrescentou.

José Maria Botelho de Vasconcelos, ministro angolano do Petróleo, durante Fórum Teuto-Africano de Energia 2013
José Maria Botelho de Vasconcelos, ministro angolano do Petróleo, durante Fórum Teuto-Africano de Energia 2013Foto: DW/A. Cascais

Benefícios para a população?

Sobre a questão recorrente da transmissão dos lucros obtidos com a exploração de recursos naturais em Angola para a população do país – críticas recorrentes apontam para uma minoria que enriquece com esses lucros, em detrimento de uma maioria que continua pobre e a viver com menos de dois dólares diários – o ministro José Maria Botelho de Vasconcelos disse que "os recursos naturais têm beneficiado a população de Angola. Quem conheceu Angola há cerca de dez anos e quem vai para lá hoje fica de fato deslumbrado pelas várias realizações", constatou.

O ministro angolano ainda lembrou que, durante a guerra civil angolana, entre 1975 e 2002, "foram destruídas as várias infraestruturas, como caminhos de ferro, pontes e sistemas d'água. Isto está tudo a ser recuperado. Hoje, em Angola, temos de fato, e constatamos, a olho nu, que os recursos petrolíferos têm vindo a ser bem utilizados e têm contribuído para que, efetivamente, a geração atual beneficie destes recursos. Também estamos a criar condições para que a futura geração – já que o petróleo é um recurso finito – possa beneficiar [dos lucros], porque também foi criado o chamado Fundo Soberano [do Petróleo]", segundo o ministro "mais que uma poupança" que será utilizada em benefício das futuras gerações.

Interesse alemão no petróleo e no gás angolanos: ainda há espaço para investimentos, diz ministro angolano do Petróleo
Interesse alemão no petróleo e no gás angolanos: ainda há espaço para investimentos, diz ministro angolano do PetróleoFoto: AFP/Getty Images

Alemães querem vender equipamento e tecnologia à África

O fórum das energias é organizado pela "Afrika Verein", a associação das empresas alemãs com negócios no continente africano, e conta com o apoio do governo alemão, a cidade-estado de Hamburgo e várias instituições nas áreas empresariais, de ciência e de tecnologia, entre elas a Associação Africana de Produtores de Petróleo (APPA, na sigla em inglês), a Associação Africana de Centrais de Energia (APUA), e a União Árabe de Eletricidade (AUE).

Os empresários alemães estão interessados em vender equipamentos e soluções tecnológicas a empresas africanas que atuam nas áreas da produção de gás, combustíveis e energia elétrica. Segundo Christoph Kannengießer, presidente da Afrika-Verein, os parceiros ideais para as empresas alemãs poderiam ser, por exemplo, agências de programas estatais para o fornecimento de energia elétrica a regiões rurais.

Foco em recursos naturais

Mas existem outras áreas na mira dos empresários alemães, segundo o presidente da associação empresarial que, em entrevista à DW África, salientou que os países lusófonos mais que nunca atraem as atenções dos investidores alemães.

"Os empresários alemães mostram cada vez mais interesse em investir em países como Angola ou Moçambique. Isso tem a ver com a riqueza desses países em recursos naturais", explicou Kannengießer.

Bairro do Cazenga, o mais populoso da capital Luanda: crítica recorrente é a de má distribuição da renda do petróleo em Angola
Bairro do Cazenga, o mais populoso da capital Luanda: crítica recorrente é a de má distribuição da renda do petróleo em AngolaFoto: DW/R. Krieger

O presidente da associação teuto-africana de negócios disse que, no país europeu, o entendimento sobre "como funcionam esses países" está aumentando, já que na Alemanha tem-se contado com parceiros "mais experientes aqui na Europa, por exemplo com bancos e outros empresários portugueses. Estou portanto muito otimista que possamos satisfazer cada vez melhor as necessidades dos mercados de Angola e Mocambique", afirmou Kannengießer.

Todos os países africanos foram convidados a estarem presentes neste fórum que comecou na Câmara de Comércio de Hamburgo, mas terminará na quarta-feira (10.04), na feira industrial de Hannover, também no norte do país. Para além de Angola, fizeram-se representar a nível ministerial os países de maior peso no setor das energias, como a Nigéria, a Argélia, a Guiné Equatorial e também Moçambique.

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