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Em Angola professores primários estão em greve

Moura,António Carlos15 de novembro de 2012

Na província angolana da Lunda-Norte professores primários decretaram greve. Eles reclamam subsídios em atraso e acusam o Director Provincial de Educação e outros funcionários de receberem cerca de 6 salários por mês.

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Já há muito tempo que não se ouvia falar em trabalhadores-fantasmas na função pública em Angola, embora se fale da sua existência. Agora o assunto vem à baila no setor da Educação.

Na província da Lunda-Norte os professores do ensino primário e do 1º ciclo decidiram cruzar os braços devido a não satisfação das suas últimas reivindicações.

Os professores alegam incumprimentos das resoluções saídas das negociações do seu caderno reivindicativo apresentado ao governo provincial em março deste ano.

O secretário do SINPROF, o sindicato dos professores, Rodrigues Muacavula, conta um dos factos que os desagrada: "Alguns professores receberem mais de um salário, e onde consta o nome do diretor provincial, ele por mês recebe seis salários na educação."

Acusado jura inocência

Questionado sobre as acusações em relação aos seis salários fantasmas que recebe mensalmente, o diretor provincial da Educação, André Leonardo, confirmou-as: "Se o dinheiro está naquela folha (de salário) não fui eu que o meti lá, é preciso esclarecer isso. Mas focaram só em nós, há mais gente."

André Leonardo garante que não cometeu nenhum crime: "Estão aborrecidos (os professores), e dizem que o diretor é gatuno, mas eu não roubei a ninguém."

A situação é recorrente e já se arrasta desde o princípio do ano letivo, em fevereiro passado, altura em que as aulas foram paralisadas durante dois meses, por causa da falta de consenso entre o SINPROF e o governo provincial.

Professores exigem justiça

O professor veterano Tamba-Tamba está no setor há mais trinta anos e apela agora à intervenção dos órgão de justiça: "Solicitamos ao ministro da Educação e à Procuradoria Geral da República que intervenham urgentemente neste assunto, para que tudo seja resolvido."

Os professores prometem adiar a realização das provas finais até que a situação seja resolvida com a desativação dos salários fantasmas, pagamento dos subsídios de férias, de exames, de chefia assim como de coordenação de disciplina, turnos, turmas e actividades extra-escolares.

Os trabalhadores-fantasmas, rendem milhares de kwanzas aos responsáveis de setores públicos que lançam para as folhas de salário nomes de pessoas inexistentes.

O Ministério das Finanças e do Trabalho pontualmente vão tomando conta das diversas situações, mas a prática, que já foi maior, continua.

As outras greves

Em agosto passado, também os professores do ensino geral na província da Huíla ameaçaram não divulgar os resultados das avaliações escolares referentes ao presente ano se o governo não respondesse satisfatoriamente às suas exigências. Eles exigiam, entre outras coisas, o pagamento de subsídios.

E em fevereiro último cinco membros do SINPROF foram presos durante uma greve na província do Bengo, quando faziam as mesmas exigências. A falta de condições e de material didático é outra das reclamações dos professores até hoje.

Autor: António Carlos (Luanda)
Edição: Nádia Issufo/António Rocha