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"Estado Islâmico torturava todos os reféns"

Terry Martin (av)21 de agosto de 2014

Fotógrafo sírio Omar Alkhani esteve dois meses nas mãos do "Estado Islâmico", junto com o jornalista americano decapitado. Em entrevista à DW, ele relata o período em que esteve nas mãos dos fundamentalistas.

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Fotórgrafo foi sequestrado em Aleppo, SíriaFoto: ZEIN AL-RIFAI/AFP/Getty Images

Desde que o grupo fundamentalista "Estado Islâmico" (EI) assumiu o controle do norte do Iraque, terror e morte dominam a região e ameaçam se alastrar a outras áreas do Oriente Médio. Os Estados Unidos já intervêm militarmente, apoiando as forças do governo iraquiano, e no fim da última semana a União Europeia aprovou o envio de armas.

Com a decapitação do jornalista americano James Foley pelos terroristas, em declarada represália à intervenção ocidental, a indignação internacional atingiu um novo pico. Foley fora sequestrado em novembro de 2012 na Síria. O presidente dos EUA, Barack Obama prometeu tudo fazer para encontrar os responsáveis pelo assassinato.

A DW entrevistou o fotógrafo Omar Alkhani, que durante dois meses esteve como refém do "Estado Islâmico" na mesma prisão que Foley. Nascido em 1982 em Damasco, Alkhani trabalha como freelancer. Sua esposa, uma americana, continua em mãos dos sequestradores.

Deutsche Welle: Como ocorreu o seu sequestro?

Omar Alkhani: Eu estava em Aleppo, fotografando para documentar a situação humanitária na cidade. Então um grupo de pessoas armadas chegou num automóvel grande e me levou para uma das prisões delas.

Quem mais estava com você na prisão?

Eram membros do Exército Livre Sírio e alguns civis, todos da mesma cidade.

Como você foi tratado?

Nos primeiros dez a 14 dias, fui muito mal tratado. Eles me torturaram. Eles torturavam todo mundo. Eles diziam: "Você é um espião, você trabalha com jornalistas", ou "você fotografa para dizer ao mundo todo como o 'Estado Islâmico' é ruim".

Como foi libertado?

Depois de dois meses, eles me mandaram vendar os olhos com alguma coisa. Aí me colocaram no carro, andaram duas horas e me jogaram na rua.

Você teve contato com James Foley?

Não me encontrei pessoalmente com James Foley, ele estava na cela ao lado. Eu escutei a voz dele, escutei como ele falava com seus amigos todo dia.

Qual foi a última vez que você viu James Foley?

James Foley Journalist Reporter
Jornalista James Foley ficou 21 meses nas mãos dos fundamentalistas antes de ser executadoFoto: picture-alliance/dpa

Foi ano passado, na noite de Natal. Aí eles o levaram para outra prisão.

O que pode contar sobre as condições sob as quais ficou preso?

Eu fiquei dois meses na mesma prisão que James e os amigos dele. Deixe primeiro eu contar um pouco sobre Jim. Ele era uma pessoa muito gentil, com os amigos e até mesmo com os guardas da prisão. Ele ria o tempo todo, fazia sempre piadas que faziam todos rir. Na época não haviam feito nada de ruim com ele nem conosco. Assim eu me lembro do tempo com Jim. Não sei como era em outras prisões, pois ele foi levado para outra prisão, enquanto eu fiquei lá.