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Eleições parlamentares na Gâmbia poderão ser boicotadas

29 de março de 2012

Seis partidos da oposição da Gâmbia pretendem boicotar as eleições parlamentares desta quinta-feira (29.03), acusando o partido no poder de abusar do sistema e manipular o escrutínio.

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Supporters of President Yaya Jammeh gather on the beach in front of his residence to celebrate his reelection, in Banjul, Gambia Saturday, Sept. 23, 2006. Thousands of people turned out to celebrate Jammeh's election to a third term. (AP Photo/Rebecca Blackwell)
Apoiadores do presidente Yaya Jammeh na GâmbiaFoto: AP

A decisão do boicote das eleições parlamentares desta quinta-feira (29/03) na Gâmbia foi tomada porque a Comissão Eleitoral não adiou o escrutínio como pediam partidos da oposição. Devido ao boicote, o partido do governo, Aliança para a Reorientação Patriótica e Construção (na sigla inglesa APRC) acabou por ficar sem concorrentes em parte dos círculos eleitorais.

A votação foi cancelada em 25 dos 48 círculos do país. Um líder da oposição, Hamat Bah, rejeitou o boicote. O seu partido não tem assento parlamentar. A Comissão Eleitoral rejeitou as críticas da oposição e disse que as eleições seriam realizadas conforme o programado.

Ampla maioria


Segundo Ousnam Silleh, editor do jornal Forayya, os partidos da oposição que optaram pelo boicote acham que o poder parece estar a servir-se do aparelho de Estado na campanha eleitoral. No entanto, conforme Silleh, "o contrário deveria acontecer: todos os partidos políticos deveriam concorrer".

O governista APRC detém 47 dos 53 assentos do parlamento. Na Gâmbia, 48 dos assentos parlamentares são preenchidos por concorrência direta nas eleições e cinco são nomeados pelo presidente. O principal partido da oposição, o Partido da União Democrática, tem quatro assentos. A Aliança Nacional para a Democracia e o Desenvolvimento tem um assento. A outra vaga é ocupada por um candidato independente.

“Não se vêem sinais de eleições”

Para o editor Ousnam Silleh o interesse da população não parece ser expressivo, o que poderia causar uma baixa participação. "Não se vê a febre política de uma eleição nem sinais de eleições fora dos meios comuns a esse tipo de processo, como a televisão ou a rádio", diz Silleh,.

Segundo a agência noticiosa France Presse, devido aos altos níveis de analfabetismo na Gâmbia, o sistema de votação no país é único. Os eleitores usam bolas de vidro em vez de boletins de voto. As bolas são colocadas em tambores coloridos que representam cada um dos candidatos. Quando as bolas caem no tambor, atingem um sino e o som serve para evitar o voto múltiplo.

De recordar que, em novembro do ano passado, o presidente Yahya Jammeh venceu o escrutínio presidencial com 72% dos votos. Na altura, a oposição e observadores eleitorais criticaram o uso de meios de comunicação do Estado e recursos do governo na campanha eleitoral. Jammeh chegou ao poder em 1994, após um golpe de estado militar.

Autora: Glória Sousa
Edição: Marta Barroso/Márcio Pessôa